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Carsughi ganha votação. E fica feliz com o prêmio

UOL Esporte

22/01/2014 06h00

CarsughiCrédito: Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress

Italiano educado, 82 anos, com fala mansa, pausada, leve sotaque e com ternos chiques e bem alinhado. Voz na qual quase nunca se ouve um grito ou tom mais forte. É esse o comentarista que mais agradou até agora aos internautas do UOL Esporte que acompanham futebol na TV. Trata-se de Claudio Carsughi, da Sportv

Com mais de 70% dos votos, ele é o preferido da enquete feita em dezembro, e que ainda perdura, que questiona qual foi o melhor comentarista da TV no ano de 2013. "Pra mim é uma grande surpresa, fico muito contente", falou o italiano nascido em Arezzo, mas radicado no Brasil desde a infância.

Carsughi diz não saber qual foi o motivo lhe faz ser o preferido, mas diz acreditar que o estilo calmo e ponderado seja o que mais se adequa a quem hoje busca esporte na TV, na contramão do estilo de gritaria e piadas.

"Sinceramente não sei (porque é o preferido). Sempre comentei da mesma forma. Não busco a publicidade fácil ou a manchete sensacionalista, mas acho que você pode apresentar sua ideia e seu pensamento, e cabe ao telespectador ver se ele concorda ou discorda. Nunca tive a pretensão de ser o dono da verdade. Respeito todos, mas quero fugir do sensacionalismo, porque ele dá um publicidade momentânea, mas que a longo prazo é negativo", comentou.

"Gosto de participar de mesas redondas, desde que não seja com gritaria. Quando se grita é porque não há mais argumentos. Eu não tenho como objetivo fazer alguém mudar de ideia, é algo difícil e não ganho nada com isso. Prefiro apenas expressar meu ponto de vista. Acho que (a gritaria) pode ser interessante em um momento, mas depois desgasta o público", continuou.

QUEM É O MELHOR COMENTARISTA DO BRASIL?


Carsughi chegou ao Brasil com 14 anos e começou a carreira como correspondente internacional do tradicional jornal italiano Corriere dello Sport. Desde então passou por vários veículos, como ESPN Brasil e rádio Jovem Pan, onde ainda trabalha atualmente junto com o Sportv. Evita dizer se é mais italiano ou brasileiro. "Sou um cidadão do mundo. Me encontro bem em qualquer lugar que eu vou. Prefiro, claro, estar no Brasil e na Itália. Mas me encontro bem em qualquer lugar.

Apesar de viver do esporte e ser apaixonado por ele, o jornalista não deixa de ter uma visão mais crítica e sem paixões sobre a dimensão que se dá ao assunto no mundo todo, não só no Brasil.

"Se você analisar friamente, esporte é apenas um jogo. Um jogo com interesses financeiros, pessoais, mas que também pesa a sorte. É uma coisa que não pode ser levada como uma questão de vida ou morte. Queria poder mostrar que é apenas uma diversão e não há  razão de tanto acirramento", falou.

"Essa questão do STJD de Fluminense Portuguesa, por exemplo. Eu acho graça daqueles senhores respeitáveis em sua profissão (advogados dos clubes) discutindo de algo, que é apenas um jogo, com a mesma seriedade de como se estivessem procurando como eliminar a fome na África ou questões do aquecimento global", exemplificou.

Com a experiência de aproximadamente 70 anos no jornalismo, Carsughi não reclama e nem desdenha a atual era em que a comunicação está atrelada às redes sociais. Diz que é benvinda e tem que ser adaptar.

"É uma era muito melhor, pois multiplica a sua responsabilidade. Primeiro, porque você precisa estar bem informado a todo momento. E, segundo, porque tem um universo de pessoas te acompanhando e você tem que saber do que fala. Tem que se falar de forma clara, que não deixe dúvidas, sem buscar algo muito rebruscado. Sem um português de Camões, mas algo que todos entendam. É uma grande responsabilidade", finalizou.

José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo

Sobre o Blog

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