A audiência mais jovem do "Big Brother Brasil" talvez não saiba que Tiago Leifert foi um dos responsáveis pela mudança no estilo da cobertura esportiva da TV Globo. Desde sua estreia, em 2009, o "Globo Esporte" passou a ter o tom bem-humorado e descontraído que resiste no estúdio até hoje.

Leifert não está mais no esporte, mas quase dá para dizer que ele nunca saiu.

Para o bem e para o mal, o apresentador virou símbolo de algo que leva seu nome na internet: o "jornalismo Tiago Leifert". Com mais de 10 mil seguidores no Facebook e quase 6 mil no Twitter, uma página com este nome expõe manchetes esportivas com trocadilhos e brincadeiras – algumas do UOL Esporte, como o recente texto de Juca Kfouri com título "CR7 rejuvenesce a Velha Senhora".

A saída de Leifert para o entretenimento da emissora, em 2015, causou um efeito dominó e ajudou a fortalecer alguns nomes que manteriam a fórmula. Ivan Moré deixou o "Esporte Espetacular" para comandar, em São Paulo, o programa esportivo do horário do almoço. Como consequência, Alex Escobar passou a apresentar a atração aos domingos e levou Fernanda Gentil para o "Globo Esporte" do Rio de Janeiro.

Qualquer um que conheça a personalidade extrovertida da jornalista sabe que ela deu sequência ao estilo descontraído estabelecido por Tiago e o expandiu para a capital carioca antes mesmo de comandar o "Esporte Espetacular". E parece tê-lo feito espontaneamente, se considerarmos o senso de humor que Gentil mostra nas redes sociais. Coincidentemente, ela seguiu a rota de Leifert e hoje está no entretenimento.

Há quem diga que jornalismo esportivo e entretenimento não deveriam se misturar com tanta intensidade; do outro lado, o argumento dos defensores do "jornalismo Tiago Leifert" é de que a audiência de esporte da Globo (e não de canais exclusivamente esportivos, como SporTV) não é formada só por torcedores fanáticos, mas por todo o público da emissora.

Afinal, ninguém assiste aos jogos de seu time do coração apenas para se manter informado: o objetivo principal ainda é se divertir. Com decisões como a extinção do teleprompter no "Globo Esporte", Leifert e seus sucessores trouxeram menos números e estatísticas, e mais destaque ao lado lúdico e emocionante do esporte. Um formato menos "quadrado".

Em janeiro deste ano, o SporTV estreou o programa "Fala Muito", de Lucas Gutierrez. A atração tem uma série de quadros divertidos com a presença de personalidades do mundo do esporte. Anteontem (15), o apresentador recriou uma famosa cena do filme "Titanic" com Lucas Strabko, o "Cartolouco".

Outros canais fizeram movimentos parecidos. Alê Oliveira, por exemplo, se tornou um "hit" na ESPN Brasil com seus "decretos" e manteve postura parecida no Esporte Interativo. Mas nem tudo tem boa recepção: ele foi criticado durante o jogo entre Bayern de Munique e Liverpool por dizer que o frio alemão o fazia sentir falta da antiga casa do jogador Breno, que foi incendiada.

A trajetória de Tiago Leifert

Desde que anunciou sua saída do departamento de esporte da Globo, em julho de 2015, Leifert passou por diversos produtos da emissora, como o "É de casa", o reality musical "The Voice Brasil" (e sua versão infantil, o "The Voice Kids"), e o "Big Brother Brasil".

O apresentador já falou publicamente sobre o quanto brigou para incluir games e eSports (campeonatos competitivos de videogame) na emissora carioca. Embora ainda não haja muito espaço para isso na programação esportiva da Globo, Leifert comemora muito por ter ajudado a criar o "Zero1", programa focado em jogos eletrônicos e cultura geek de modo geral. A mesma descontração que levou ao esporte.

"Entrei no Grupo Globo há 11 anos e batalhei muito para abrir espaço aos games e eSports. Encontrei vários colegas com a mesma missão. O GESP [Globo Esporte de São Paulo] falava de games. O Zero1 foi um passo gigante", exaltou ele no Twitter.