"Fake oficial", perfil de Mauro Beting no Twitter tem crise de identidade e brinca com jornalistas
UOL Esporte
19/12/2012 06h00
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O patrocinador dele faliu há anos, a foto que o representa muda de acordo com a época e o humor e o texto do perfil tira sarro da imprensa na internet. O Mauro Beting do Twitter é falso às vezes, oficial em outras e vive uma enorme crise de identidade em meio aos vários posts curiosos e engraçados que fazem sucesso na internet.
"Sou um fake oficial utilizado pelo próprio. Sou verdadeiro como os fios de cabelos do Mauro. Como temos vários jornalistas falsos, nada mais justo que ter um falso jornalista", resume o dono do perfil, que conversou com o UOL Esporte.
Na verdade, a brincadeira envolve três pessoas, além do próprio Mauro Beting, inicialmente homenageado por dois jornalistas e um professor de história que seguem atualizando a conta. De presente, o jornalista recebeu a senha do Twitter e o direito de acessá-lo para postar quando quisesse.
"Ele [Mauro Beting] tenta ser polivalente, e ai alguém tem de ser o representante dele nas redes sociais. E eu tenho coragem de falar a verdade que aquele dissimulado não consegue. Tenho certeza que sou mais preciso em 140 toques do que ele em 140 empregos", diz o fake aos risos sobre o jornalista, que divide seu tempo real em empregos na Band, no diário Lance! e na TV Esporte Interativo, entre alguns outros.
Hoje, o "Mesbla Mauro Beting" tem mais de 80 mil seguidores e cerca de 22 mil mensagens postadas. A "patrocinadora" no nome do perfil surgiu quando ele resolveu aderir à moda de Ronaldo e Ganso, alguns dos jogadores que vendem suas @'s no Twitter.
"Como jornalista que se preza tenho de vender meu peixe e minha credibilidade. Várias marcas me procuraram querendo o naming right do meu Twitter. Uma delas, o Bamerindus, fez uma proposta em cruzeiros e aí não deu pra fechar", citando o banco que, assim como a loja de departamentos que ganhou a "concorrência", faliu nos anos 1990.
"Eu cheguei a negociar com a Lada, mas o Flavio Gomes [jornalista da ESPN que é aficionado pela marca de carros russa] ameaçou me atropelar com um Niva. Conhecendo o Flavio Gomes e o carro em questão, achei que ele podia explodir e era meio perigoso", se diverte o fake.
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As brincadeiras com os colegas de profissão são constantes no perfil, mas não superam as piadas com ele mesmo. Tirar sarro do cabelo, dos mil empregos ou de qualquer outra característica do comentarista é das características mais marcantes da conta, que não perdoa o "avatar", como o Mauro Beting original é tratado.
"O humor autodepreciativo é a principal virtude, se é que existe alguma. Você desarma os espíritos. Quem se leva muito a sério não pode ser levado a sério", resume ele, que não bloqueia nenhum seguidor.
"Esse é um pedido que o Mauro fez lá no começo. Inclusive isso causou estranheza no Mauro Cezar [Pereira, comentarista da ESPN que tem como política excluir seguidores indesejados]. Quando alguém passa dos limites a gente passa a seguir a pessoa e ela fica apoplética, porque não espera que isso aconteça", conta ele.
A maior parte das manifestações, no entanto, é positiva. A reação dos seguidores após a morte de Joelmir Beting, pai de Mauro, por exemplo, emocionou o jornalista. "Maravilhoso. Aí sim o fake passa a ser menos fake. A gente pode ver o carinho que as pessoas têm. Gente que nem o conhecia, como o Ronaldo", referindo-se ao ex-jogador, que prestou condolências pelo Twitter.
Foi, também, um "retiro" do fake, que voltou algum tempo depois para aproveitar a repercussão de São Paulo x Tigre, final da Sul-Americana que foi cancelada com 45 minutos de jogo, após uma confusão até agora ainda obscura. "Implacável, Conmebol pune Tigre não abastecendo mais nos postos Shell", escreveu o perfil com bom humor.
A convite da reportagem, o fake avaliou outros jornalistas que também atuam, cada um à sua maneira, na rede social.
Milton Neves, apresentador e colega na Band:
"Entre os planetas do universo, realmente é o maior de todos. Uma usina de compostagem de ideias e o maior proliferador de coliformes orais"
Neto, comentarista e colega na Band:
"Uma baita jogadorrr [os "erres" em excesso são por conta do próprio fake], baita comentarista, baita amigo, mas convoca mais gente para a seleção que o exército para o serviço militar"
Silvio Luiz, colega de narração no jogo de videogame "PES":
"Um dos maiores nomes da comunicação brasileira, mas merecia um companheiro como Caio Ribeiro"
Tiago Leifert, apresentador e narrador do jogo de videogame "Fifa 13":
"Muito melhor que o Lulu Santos, Carlinhos Brown, Daniel, Milton Neves e que eu em tudo. Menos para vender videogame. O PES é muito melhor"
Mauro Cezar, comentarista da ESPN Brasil:
"O segundo melhor Mauro que eu conheço no jornalismo esportivo. Só não é o melhor porque eu sou mais modesto"
PVC, comentarista da ESPN Brasil:
"Tubo e conexão que não foge de Tigre, embora mais plastificado que meus cabelos"
Reportagem: Gustavo Franceschini
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