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Antes de sucesso na Globo, Bruno Gissoni foi jogador e treinou com Hernanes

UOL Esporte

21/06/2019 11h00

"Ainda tenho esse laço com o futebol. A prova disso que eu estou com pé torcido de jogar pelada. Prova mais raiz não existe".

A declaração acima poderia ter sido dada por um ex-jogador de futebol – e foi. No entanto, não é nos gramados que Bruno Gissoni comemora o sucesso alcançado na carreira.

Aos 32 anos, o hoje ator se tornou conhecido do grande público graças a seus trabalhos em novelas como Malhação (2010) e Avenida Brasil (2012). Na novela escrita por João Emanuel Carneiro, Gissoni interpretou Iran, um jogador com fama de mulherengo que atuava pelo Divino Futebol Clube – o time de futebol em torno do qual se passava parte da trama.

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O futebol, no entanto, surgiu na vida de Gissoni muito antes disso. Ainda na adolescência, quando morava em Los Angeles, jogava no time da Venice High School, escola que fornecia jogadores regularmente para times da Major League Soccer. Em especial ao Los Angeles Galaxy e ao hoje extinto Chivas USA. "Eles terceirizam praticamente o campeonato todo (de base)", explicou Gissoni, em entrevista por telefone ao UOL Esporte "A gente chegou a ser campeão estadual três vezes seguidas."

Aos 18 anos, veio a chance de voltar ao Brasil para uma breve passagem pelas categorias de base do São Paulo. Na época, conviveu com jogadores como Denílson (que depois passaria por clubes como Arsenal, Cruzeiro e Botafogo-SP) e Hernanes.

"Foi uma experiência de intercâmbio que estavam oferecendo. Fizeram uns testes em Los Angeles, onde eu morava, aí fiz um intercâmbio no São Paulo. Fiquei uns quatro meses, mais ou menos", contou, lembrando o pouco contato que teve com nomes de mais destaque. "Quando estava começando a entrosar, voltei a Los Angeles", explicou.

Em 2007, Bruno Gissoni teve uma chance no Nova Iguaçu, equipe que então disputava a primeira divisão do Campeonato Carioca. Depois de seis meses na equipe, foi para o Castelo Branco, time que disputava a terceira divisão do estado. Uma oportunidade que, de certa forma, não surpreendeu.

Laços de família

O Clube Atlético Castelo Branco, clube no qual Bruno Gissoni teve destacada passagem, disputou a terceira divisão do Campeonato Carioca entre 2007 e 2010. A equipe surgiu como uma iniciativa experimental da Universidade Castelo Branco, que tem Marcelo Gissoni – pai de Bruno – como diretor executivo.

"A ideia do projeto do clube era fazer com que a gente tivesse uma experiência. Não a gente, donos da universidade, mas que nossos amigos dos cursos de enfermagem, fisioterapia, educação física, direito, marketing, tivessem uma experiência no mundo do futebol. Toda a nossa ideia como universidade é fazer com que os alunos tivessem a mão na massa", explica Marcelo, que tinha planos ousados para o time.

"Nossa ideia era fazer com que o time subisse à primeira divisão do Carioca. A gente tinha essa ambição, mas infelizmente o futebol é uma caixinha preta, né? Com isso nós teríamos também a oportunidade de ter a cota televisa, estar na mídia, obter o retorno do investimento feito pela universidade", completou.

A partir da chegada à equipe em 2007, Bruno Gissoni ainda tentou a carreira como jogador durante duas temporadas – segundo ele, "porque tinha faculdade, conciliando com os estudos". Ao mesmo tempo, porém, foram aparecendo as primeiras oportunidades no teatro e na TV. Foi justamente quando a vida do então jogador foi tomando outros rumos.

"Eu sempre fui fissurado por cinema. Eram duas grandes paixões de infância. Eu não cogitava atuar até os 26 anos", explicou Gissoni. "Como hobby, atuava paralelamente em peças de teatro. As coisas foram se encaminhando. Fiz um teste de oficina para a Record, e paralelamente, era diretor de futebol da Castelo. Aí entrei em Malhação."

O pai atesta a versão. "Após essa experiência do futebol, ele entrou no curso de educação física, fez dois períodos, e disse para mim: 'Eu vou fazer uma oficina (de atores)'. Não lembro se na Band ou na Record. E foi assim que começou a carreira artística dele", explicou Marcelo Gissoni.

Começar de novo

Antes de se dedicar apenas à carreira como ator, porém, Bruno Gissoni teve mais uma experiência no futebol. Desta vez, não como jogador, mas como dirigente. No próprio Castelo Branco, o agora ex-jogador virou assumiu funções na diretoria de futebol.

"Eu tinha uma grande paixão, um grande sonho de trabalhar como futebol – diretor, algo assim. E como a gente era um time de terceira divisão, o diretor de futebol era o olheiro, era tudo. Dividia as tarefas nessa época", explicou Bruno, que trabalhou na época com o lateral Bruno Cortez, hoje no Grêmio. "Ele sempre foi muito diferenciado", elogia

Segundo o pai, o filho tinha, entre outras atribuições, a função de encontrar jogadores para o time. "Ele tinha um olho bom em relação a atleta. Ele meio que fazia as escolhas. Mas foi um período curto. Foi uma pequena experiência que ele teve nessa área", explicou Marcelo à reportagem. "Ele trabalhava junto com a direção. Ele tinha um olho bom", reforçou.

Mas não que Bruno tivesse moleza – pelo contrário. Como jogador ou dirigente, Marcelo garante que o filho estava sujeito às mesmas exigências.

"Profissional é profissional. Tem que ter hora para chegar, sair, treinar. Não pode ser diferente por ser meu filho. Quem decidia se ele ia jogar era a condição física, a técnica dele. E o próprio técnico, que fazia sua estratégia de jogo a cada jogo. Eu não posso interferir na escolha", explica. "Até porque, se eu fizesse algo diferente, eu não estaria dando o exemplo necessário para cobrar", justifica.

Na Série C do Carioca de 2009, o clube chegou às semifinais, caindo diante do Sampaio Corrêa. E embora o futebol fosse o carro-chefe do Castelo Branco, como afirma Marcelo Gissoni, o clube também dava espaço para outras modalidades, como vôlei, basquete e handebol.

"Ele passou a ser um clube com múltiplas modalidades. O futebol era o carro-chefe, digamos. Mas infelizmente a gente batia na trave (na terceira divisão do Carioca). É um mundo muito diferente do qual a gente está acostumado", explicou.

No Castelo Branco, os atletas estudavam enquanto pertenciam aos times das diversas modalidades. Inclusive Bruno – isso, é claro, até que surgisse a intenção de mudar de ares.

"Era uma relação bem diferente mesmo. De uma forma quase que única, tinha um projeto quase familiar. A universidade tinha um projeto muito bonito, de forma muito profissional. Infelizmente, chegou uma hora que não deu mais certo", disse Bruno, lamentando o fim da trajetória da equipe nos gramados do Rio de Janeiro em 2010.

Hoje, com o Castelo Branco afastado dos gramados, Marcelo Gissoni não pensa em retomar o projeto. "Só se a gente conseguir mudar – (mas) não é a Castelo mudar", desabafa. "Basta você entender a Federação, a Confederação, e você sabe o que eu estou falando. Se fosse coisa efetivamente clara, limpa, transparente, acho que nossos alunos teriam uma grande experiência dentro dessa possibilidade. Mas como não é claro, transparente, prefiro ficar ao largo", diz o pai de Bruno.

O ator, enquanto isso, joga apenas por diversão. "Jogo hoje pelo menos uma vez por semana. Antes era todo dia", diz, recuperando-se do pé torcido.

Beatriz Cesarini e Emanuel Colombari
Do UOL, em São Paulo

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