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Mylena Ciribelli fala em coragem para trocar Globo pela Record por sonho

Karla Torralba

28/03/2019 12h00

Mylena Ciribelli na Olimpíada de Londres, em 2012

A voz é inconfundível e Mylena Ciribelli demonstra a mesma empolgação que transmite no ar em seu Esporte Fantástico da Record durante a conversa com o UOL. Na entrevista, a apresentadora fala de toda sua carreira, desde os tempos da menina do rádio falando de rock, como ela mesma diz. Aquela menina virou o rosto feminino do esporte da Globo nos anos 90 e foi chamada de corajosa quando decidiu sair para a Record, em 2009.

"O que mais ouvi quando saí da Globo nas ruas era 'nossa, que coragem você teve'. Aí que me dei conta que, para a maioria das pessoas, o que eu fiz foi algo muito fora dos padrões. O sonho de todo mundo é ir para a maior empresa. Eu realmente amei trabalhar na Globo, tive muito aprendizado, amizade, crescimento pessoal e profissional, mas eu tinha um sonho, como os atletas tem, de ir para a Olimpíada representar o pais. O meu sonho era ir para a Olimpíada cobrir como jornalista in loco", contou.

"Era o que eu mais queria, mas nunca ia. Quando entrei na Globo, falavam: 'você acabou de chegar'. Era aquela coisa de fazer bacana no estúdio. Sempre falavam: 'você segura no estúdio'. Então, eu acaba sempre ficando no estúdio", explicou.

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Em 1998, Mylena foi mandada para a França por 50 dias para cobrir a Copa do Mundo pela Globo e sentiu o gosto de uma grande cobertura. "Foi maravilhoso. Até aprendi um pouco de francês. Eu tinha pensado que a Copa era a realização do sonho, cobrir um grande evento esportivo fora do Brasil. Mas meu pai é atleta, do atletismo, amigo do Adhemar Ferreira da Silva e me criou no esporte. Quando a Record me convidou para ser âncora, eu pensei: 'É o meu sonho'. Falaram de dinheiro, mas eu fui atrás do meu sonho", ressaltou.

Na Record, Mylena deixou de ser a garota do estúdio para ser a mulher viajante. O sonho foi realizado com a cobertura da Olimpíada de Londres, em 2012. Cobriu Jogos Pan-Americanos, Olimpíadas (2012 e 2016), Olimpíadas de Inverno, Jogos da Juventude. Com 30 anos de televisão, Mylena tem muita história pra contar:

O espaço feminino no jornalismo esportivo (e no rock)

Acho muito importante essa união (das mulheres). Mostramos onde estamos e para que viemos. A gente está lá para trabalhar e quer ser encarada de forma séria. Por mais que eu seja brincalhona, eu trabalho sério. Na hora de trabalhar, me deixa trabalhar também!  

Eu fui pioneira na TV Manchete. Comecei em uma época em que praticamente só tinha homem em rádio. Fui chamada na rádio Fluminense pra fazer rock. As bandas do "Rock Brasil" (Paralamas, Legião Urbana, etc) foram apresentadas na rádio Fluminense. Foi um marco. Eu já fui pioneira em um reduto masculino. As pessoas chegavam e falavam 'você é tão novinha e entende de rock?' Todo mundo já ficava na expectativa. Quando fui para a TV, já estava acostumada em ser pioneira. E fui pioneira de novo no esporte, que era um reduto masculino.

Cantada de jogadores

Eu estava começando no esporte e mandavam recado: 'Oh, fulano disse que vai fazer o gol para você'. Eu falava :'Valeu, brigada'. Eu não posso falar quem porque é muito conhecido…. Mas acontecia esse tipo de coisa: 'Pergunta pra Mylena se ela tem namorado'. Eu achava engraçado. O colega dava recado e eu ria. Eu não era setorista e não estava sempre com essas pessoas. Às vezes, ia fazer matéria especial e encontrava com os jogadores. Mandavam tchauzinho, aquela coisa. Ainda mais nessa época em que não tinha quase mulher no esporte. Todos assistiam ao programa. Falavam que viam todo dia. Eu falava 'que legal'.

O amigo Léo Batista

Léo Batista é um querido que eu amo, me recebeu na Globo de braços abertos. Ele falava que me via na Manchete e falava: 'olha essa menina'. Queriam contratar um apresentador e ele falava que eu era descontraída e alegre. A primeira coisa que me disse na Globo foi que ele falou bem de mim. Ficou meu amigo. Eu amo de paixão.

Mylena nos tempos de rádio Fluminense

Mylena é poetisa e quer fazer livro

Meu livro deveria ter sido feito para meus 30 anos, mas eu não fico prestando atenção no tempo. As pessoas acham que estou bem e conservada, mas eu não paro muito para pensar muito. Resolvi relaxar e fazer aos poucos. Quando for fazer o livro, vai ser uma comemoração da minha carreira. Como eu não ligo para data, não precisamos ter um cronograma tão certo.

Agora, vou incrementar meu lado poetisa. As pessoas não sabem que eu escrevo, mas tenho histórias para contar. Escrevo muito à noite. Escrevo desde os 13 anos. Era meu momento de liberdade. Acho que, agora, estou num momento mais maduro em que tenho mais coragem para mostrar esse trabalho. Fui num sarau e pela primeira vez eu li minha poesia para as pessoas ouvirem. Quero fazer mais isso. Falaram que gostaram e fiquei mais animada.

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