Galvão cobra afeto do Flamengo e questiona: “como precificar uma vida?”
Convidado do programa "Seleção SporTV" de hoje, o narrador Galvão Bueno cobrou mais carinho e afeto do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, com as famílias das vítimas do incêndio no CT Ninho do Urubu.
Em sua avaliação, era necessária a presença do Landim na mediação realizada ontem entre Flamengo e as famílias. As duas partes não chegaram a um acordo e a negociação pela indenização referente à morte de 10 jogadores das categorias de base deve prosseguir na Justiça.
"Nunca falei com o presidente, não o conheço. Mas me incomodou o fato de ele não ter ido (à mediação com as famílias). Poderia até vir para dizer 'não vim discutir dinheiro, vim trazer carinho, representar a grandeza do Flamengo'. É um absurdo se levar para se discutir na Justiça. O que pode se discutir? A única coisa que pode se discutir é saber por que o presidente não foi", disse.
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Segundo Galvão, é preciso separar a instituição Flamengo das pessoas que estão em seu comando. Mas a prioridade deve ser levar carinho e afeto aos familiares.
"Muitas notas e poucos pronunciamento e entrevistas (por parte do Flamengo). Isso me incomodou. Não é por ser Flamengo, poderia ter sido com qualquer clube. A instituição tem que ser afastada. As pessoas passam, mas a instituição vai ficar sempre. Não é uma questão de se discutir o que o Flamengo está fazendo. E sim o que as pessoas e a gente do Flamengo estão fazendo. Precisa tirar o foco da instituição Flamengo da frente, não se pode tratar assim, não se pode ir à Justiça. Não pode deixar de levar o afeto e carinho pela dor por menos competente que seja (para tratar de assuntos jurídicos)", disse.
Galvão, porém, disse que se nega a comentar sobre valores de indenizações. E acrescentou que achou muito cedo para se discutir o assunto.
"O impacto foi muito grande. Me parece que o luto e sentimento durou muito pouco tempo para se discutir uma questão financeira. Foi um golpe muito duro. Ali se perderam vidas de menino. Fiz uma postagem dizendo eram tão jovens, eram tantos sonhos. Eu não tenho como saber se a conta está correta. Como precificar uma vida? Decidir quanto vale uma vida e o futuro daquela família", disse.
Galvão ainda elogiou a postura inicial do Flamengo de amparo as vítimas, mas ressaltou que é preciso manter a postura neste momento, embora reconheça que a pressa para tratar de questões financeiras não tenha sido só do Flamengo, mas também do Ministério Público que intermediou uma mediação.
"Deram amparo, o presidente foi lá (logo após o incêndio). Mas quando chega no dinheiro a coisa complica. É a pressa. Poderia ser mais suave", disse.
Por fim, Galvão se emocionou e pediu equilíbrio para as partes tratarem sobre o assunto. "Que Deus ilumine essas pessoas para que se possa levar uma forma suave e carinhosa de chegar a um acordo e minimizar esse sofrimento. Não tenho mais nada para falar", disse.
Casão concorda
Também presente na bancada, o comentarista Walter Casagrande Jr. defendeu que, neste momento, as famílias precisam ser acolhidas. Para eles, as questões financeiras envolvendo a tragédia deveriam ficar em segundo plano.
"As famílias estão querendo atenção, carinho, amor. Perderam os filhos. Elas deram os filhos para o Flamengo, ou qualquer outro time, com a responsabilidade de dar segurança e estrutura para o garoto tentar chegar a concluir o sonho. Eles não queriam receber o filho de volta num caixão. A dor disso é muito grande. Me doía muito ver os familiares esperando chegar o carro fúnebre com um garoto dentro do caixão", argumentou Casão, que seguiu:
"Isso é muito sério. Não é uma questão de quanto vai pagar. A questão emocional é muito séria. Receber de volta dentro deum caixão é traumatizante para qualquer família. Nesse momento, o que deveria ter acontecido era uma coisa mais carinhosa. Eles precisam ser acolhidos. Eu acho que essa questão de Ministério Público poderia ter esperado".
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