Por fusão no esporte, Disney e Fox criticam posição da Globo no mercado
Disney e Fox, em conjunto, enviaram um ofício ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em relação à fusão das empresas no Brasil. Nele, as empresas criticam o Grupo Globo e sua posição no mercado.
O principal ponto para o Cade questionar a transação é a questão esportiva; para alguns setores do mercado, o negócio cria uma polarização perigosa e atrapalha a livre concorrência.
Para se defender das críticas à fusão, as empresas enviaram um ofício explicando seus pontos de vista. O maior deles é relacionado ao esporte, que ocupa mais da metade do documento.
Na primeira parte dos argumentos, quando falam especificamente de TV paga com foco nos canais de esporte, as empresas criticam a Globo e afirmam que são "concorrentes muito distantes do Grupo Globo, que se torna cada vez mais forte".
Para provar a tese, Disney e Fox mostram os números de audiência e faturamento da Globo, tanto em TV aberta, quanto em TV fechada. O documento também cita a unificação de todo o Grupo, ocorrida no decorrer de 2018, contando que isso tornará a empresa ainda mais competitiva e a colocará em uma posição melhor no mercado.
"Considerando a alta audiência dos canais da Globo, o grupo está em posição privilegiada para competir por receitas de patrocinadores ao poder oferecer pacotes mais amplos de patrocínio", afirmam as empresas. Para Disney e Fox, a Globo impõe uma rivalidade para ESPN e Fox Sports, e defende isso ao falar de direitos de transmissão.
Segundo o ofício, a ESPN não tem nenhum evento de grande interesse do público nacional, enquanto a Fox só tem acesso limitado a alguns deles, e não será a fusão das duas empresas que vai mudar a situação.
"Os eventos esportivos de maior relevância para o público brasileiro são transmitidos pela Globo. Por sua vez, a ESPN, por exemplo, não detém direitos de transmissão de nenhum evento de futebol importante para o público brasileiro e a Fox detém direitos limitados de alguns campeonatos. Isso explica a grande audiência que a Globo e os canais da SporTV têm quando transmitem eventos esportivos e a alta penetração de seus canais. Como é de conhecimento do CADE, os canais de TV aberta da Globo são necessariamente transmitidos pelos operadores de TV por assinatura; eles já estão na mesma plataforma dos canais de esportes, o que aumenta a rivalidade que a Globo impõe à ESPN e ao Fox Sports", diz o ofício.
Além disso, a Disney e a Fox apontam para o aumento da concorrência, com as plataformas on demand entrando de vez no mercado de esporte. Citando nominalmente o Facebook e seus investimentos recentes, as empresas comentam que estes serviços de streaming já são considerados em leilões de eventos, citando as experiências de Libertadores, Liga dos Campeões e NBB (Novo Basquete Brasil) como exemplos.
Por fim, Disney e Fox pedem a aprovação da fusão para o quanto antes e sem nenhuma restrição, dando a entender que ambas querem que a questão seja resolvida no menor tempo possível.
Recentemente, no dia 10 de outubro, executivos das duas empresas, além de mandatários da ESPN Brasil e do Fox Sports, se reuniram pela primeira vez na sede do Cade, em Brasília, para falar da fusão no Brasil.
Por conta das notícias sobre a compra, no último mês de setembro, a diretoria do Fox Sports tentou acalmar os funcionários sobre a fusão com a Disney. O canal prometeu que, nos próximos dois anos, não ocorrerão grandes mudanças. Na ESPN, o assunto ainda está no campo da informalidade e não se fala oficialmente sobre.
A Disney adquiriu os ativos de cinema e parte de televisão da Twenty-First Century Fox por US$ 71,3 bilhões. No acordo, estão os canais pertencentes à Fox na América Latina, como o canal homônimo, o Fox Sports e a NatGeo.
Gabriel Vaquer
Colaboração para o UOL
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