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Estreante na ESPN diz: É preciso parar de ver mulher no esporte como 'novo'

UOL Esporte

27/10/2017 04h00

Crédito: Arquivo Pessoal

A ESPN terá uma estreante no esporte e na TV em sua programação nesta sexta-feira (27). Será a primeira vez que Alana Ambrósio entrará no ar como comentarista fixa do canal no ESPN League. A emissora anunciou a chegada da jornalista e de Paula Ivoglo à equipe fixa na última quarta (25). Acostumada a acompanhar a NBA por lazer, ela virou uma especialista no assunto, passou por cima de comentários machistas nas redes sociais e até driblou a rotina completamente diferente como repórter da rádio CBN pelo esporte.

"Na rádio eu faço de tudo. O horário depende do dia. Hoje, por exemplo, eu entrei às 6h da manhã e como tenho a tarde livre, acompanho as reprises dos jogos da NBA com o League Pass. Eu gosto de ver as reprises e vejo as dos jogos de 0h30, porque acordo muito cedo. Eu sempre procuro ter um tempo pra voltar pra casa e acompanhar o mercado, sites de notícias. Como é uma paixão pra mim, nem parece trabalho", disse Alana em entrevista ao UOL Esporte.

Como especialista, Alana opina bastante sobre a NBA principalmente no Twitter, onde já passou por situações constrangedoras por "entender demais".

"Algumas situações chatas já aconteceram. Um dia eu estava falando de um jogo e aí alguém comentou: 'que legal. Uma mulher que sabe de basquete. Meu sonho, casa comigo'. Também comentam que sou bonita e ainda falo de basquete. Mas eu quero ser valorizada em termos profissionais. Não houve algo mais agressivo, mas isso é desgastante. Perdeu a oportunidade de ficar quieto", relembrou.

Alana Ambrósio ao lado de Everaldo Marques, Rômulo Mendonça e José Renato Ambrosio no ESPN League (ESPN)

Essa será a primeira vez que Alana sairá oficialmente da rotina de repórter de cidades e outros assuntos da rádio para falar apenas de esporte. Ela sabe pelas amigas jornalistas esportivas o que acontece com mulheres em um meio dominado pelos homens.

"Diversas vezes eu sofri assédio, não voltado necessariamente ao esporte. Essa é a primeira vez que trabalho no jornalismo esportivo. É importante ter mulher ocupando esse espaço. Tenho muitas amigas no esporte e é cada xingamento que elas recebem no estádio. A diferença é que a mulher vai ser sempre avaliada pelo gênero dela. Se fizer um comentário que não concorda, é comum que seja atacada por ser mulher e não por ser uma pessoa que faz o comentário. É interessante ter mais mulheres pra gente parar de encarar como coisa nova", relatou.

Ainda antes de ser jornalista, aos 17 anos, a paixão pela NBA surgiu. Foi através do pai, na sala de casa. "Era um jogo dos (Chicago) Bulls e Boston (Celtics) e teve 3 overtimes (prorrogações) e fiquei alucinada com o jogo, não estava entendendo nada e pensei: vou começar a assistir. Eu comecei a acompanhar bastante na temporada seguinte".

Acostumada com o improviso da rádio, Alana diz que "gosta mesmo é de matraquear", mas confessou o nervosismo de encarar as câmeras pela primeira vez de forma fixa.

"Dá muito frio na barriga. Eu estou acostumada a falar no improviso. Isso de câmera vai ser bem novo pra mim. Eu trabalhei com produção, mas na frente nunca. Eu espero que eu consiga agregar fazendo percepções e falando sobre o jogo. Não ficar falando de estatísticas de números, analisar o momento, analisar a conjuntura dos times, dos resultados. Tudo que acontece fora das quadras. Tem vários jogadores da NBA e técnicos expressivos", analisou.

Karla Torralba
Do UOL, em São Paulo

 

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