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Voz do Esporte Interativo há 10 anos, André Henning relembra começo difícil

UOL Esporte

20/01/2017 04h00

André Henning é o nome mais conhecido do Esporte Interativo. Com estilo de narração marcante, o locutor está no canal desde a primeira transmissão. Foi com ele que o canal se arriscou pela primeira vez, há dez anos, a televisionar uma partida.

Mas, quem vê um canal consolidado com direitos de transmissão de campeonatos como a Liga dos Campeões e com presença nas principais operadoras de TV do país pode não imaginar as dificuldades que a emissora enfrentou para chegar até aqui. Em entrevista ao UOL Esporte, o locutor relembrou a primeira vez em que o canal foi ao ar, com o jogo entre Liverpool e Chelsea, em 2007.

"Lembro de tudo, foi uma semana complicada. A gente passou a semana toda como se tivesse no ar. Narramos jogos, testamos apresentadora, narrador, comentarista. Toda parte operacional. Foi uma semana no ar, tiramos horas para respirar apenas na última noite. A estreia foi no sábado. Me lembro de ser expulso da produtora de madrugada. Eu precisava descansar, mas queria ficar ajudando. Me botaram para correr porque tinha um jogo para narrar, me mandaram dormir. Voltei cedo", falou.

"Não tinha nada além de colocar a TV no ar. Não tinha objetivo, pelo menos na nossa cabeça. Queria só colocar primeira transmissão no ar. Lembro de detalhes, teve uma falha de sinal na abertura da vinheta, falha vinda do sinal da Inglaterra. Mas foi sensacional. As pessoas choraram, se emocionaram. Começaram a falar que estavam vendo, mandando mensagem pelo Orkut ainda. Nessa hora, caiu a ficha, as pessoas começaram a se emocionar, chorar", complementou.

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Mas não foi apenas a primeira transmissão que foi difícil. O narrador ainda revelou que uma vez o sinal do jogo de basquete que transmitia foi cortado e entrou uma partida de tênis.

"Estava narrando jogo da NBA e cortou sinal para jogo de tênis. O que aconteceu? Na hora que reserva satélite, jogo tem 3 horas, a gente reservou 4 horas, já tem margem segurança. Só que teve prorrogação e o jogo durou 4h30. Em um momento cortou o sinal e passou jogo de tênis, demorou 2 minutos para voltar. Ainda teve jogos que a gente não recebia sinal. Então, a gente passou grandes sustos, mas superando", disse.

Quando fala do momento mais especial no comando de uma transmissão nos dez anos da emissora, não é o futebol que marcou sua passagem pelo Esporte Interativo.

"O título do handebol (Mundial de 2013). É curioso. Escolho um momento de esporte que vive à margem, feminino, que é outro preconceito enorme que existe, escolho momento desse, momento que eu, infelizmente não vou conseguir igualar, jamais vou narrar título inédito para o Brasil, sozinho, de novo. Não vai existir. Passei por muitos momentos, final de Liga, volta do Brasil no basquete pra Olimpíada, Copa do Nordeste. Tudo isso foi muito emocionante, muito marcante. Mas que nem aquele título de handebol, não teve", completou.

O estilo do principal narrador do Esporte Interativo é o que mais chama atenção. A vontade com que ele narra uma partida sempre ganha destaque nas redes sociais. Segundo André Henning, ele sempre foi assim e seguirá, pois não é forçado, é o seu jeito de transmitir emoção.

"Sempre fui assim. Eu não grito, falo em tom diferente, gritar é que os críticos gostam de falar. Eu talvez exagere, acho o termo mais adequado. Eu não exagero por algo que estou vendo, exagero por algo que estou sentindo. Não vejo acontecer e começo a gritar, exagerar. Sinto algo que está acontecendo e passo aquilo para fora. Não minto, passo o que estou sentindo naquele momento. Sempre foi assim, ao longo do tempo, até pela dimensão dos jogos que transmite, foi transformando. A primeira transmissão foi campeonato inglês, meio de temporada, não posso comparar com final de Liga dos Campeões ou final de handebol. Sei que críticos adoram falar que grito a todo momento. Não vejo dessa forma, tem momentos e momentos, como todos narradores. Provavelmente, o jeito se transformou nesse dez anos, mas a gente tem receptividade do público, que adora o jeito que a gente faz", afirmou.

"Nunca tive atenção chamada. Óbvio que tiveram momentos que falaram 'você se empolgou'. Mas, realmente, nunca falaram: vamos mudar teu jeito. Quando alguém falar: 'vamos mudar seu estilo', é na verdade, você está demitido, porque esse sou eu", finalizou.

Leandro Carneiro
Do UOL, em São Paulo

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