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Repórter de MMA é faixa-preta, poliglota e já vendeu até portões na TV

UOL Esporte

29/04/2014 06h00

Na frente das câmeras, Laís Lacerda é séria, compenetrada e não deixa a beleza se sobressair às notícias que tem de passar. Por trás delas, mostra que tem muito mais facetas que andam paralelamente às de sua primeira ocupação, como repórter. "Ainda sou meio moleca", diz a carioca. Aos 23 anos, a "moleca" já soma experiências de uma vida toda que a levaram a ser o novo reforço nas transmissões do canal Combate.

Da garota que curte skate e surfe à poliglota que arranha cinco línguas, ela também estudou na França, trabalhou em um programa de televendas, comercializando no improviso mercadorias que iam de portões a máquinas de costura, e é faixa-preta em caratê – experiência que só ajudou para ela entrar no mundo do MMA, como agora.

Laís Lacerda - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A repórter do canal Combate Laís Lacerda foi a Abu Dhabi cobrir um evento de jiu-jítsu. Nos tempos de descanso, foi visitar locais turísticos e não se esquivou de vestir burka quando a vestimenta era obrigatória
Imagem: Arquivo Pessoal

Laís admite que quando entrou no jornalismo esportivo não imaginava que iria parar no MMA. Mas uma experiência atrás da outra – inclusive no trabalho em televendas – e seu passado no caratê acabaram fazendo deste caminho até natural.

"O trabalho como apresentadora de um programa de vendas foi minha primeira experiência em frente às câmeras. Um dos meus melhores amigos, Rômulo Medeiros, é videografista e me indicou para o teste. O chefe gostou de mim e comecei no mesmo dia. Era legal por ser tudo improvisado, não tinha texto pra decorar. Vendia serviços em salão de beleza, empreendimentos de construtoras, portões e até máquinas de costura – mesmo não entendendo muito sobre o assunto. Aprendi muito", conta ela, que tinha de se virar no ar para falar de assuntos tão diversos.

"Achei o máximo [ser contratada pelo Combate]. Nunca imaginei conseguir uma oportunidade de trabalhar com MMA. Por praticar caratê e amar artes marciais, acompanhava os eventos que conseguia. Hoje, estar inserida nesse meio e em contato direto com grandes nomes do esporte, é maravilhoso", diz ela.

Suas primeiras experiências foram no UFC de Natal, nos bastidores do evento em que Dan Henderson venceu Maurício Shogun, e em Abu Dhabi, para acompanhar um evento de jiu-jítsu. A viagem aos Emirados Árabes renderam histórias e recordações envolvendo camelos e burkas.

"Foi impressionante. É um lugar de cultura muito rica e costumes ainda muito respeitados. O primeiro lugar que visitei foi a Grand Mosque, a maior mesquita dos Emirados. Lugar magnífico e de tirar o fôlego. Outro dia fomos fazer um passeio no deserto e encontramos camelos e dromedários. Achei eles tão fofinhos! Apesar de serem muito grandes, são muito quietos e não se assustaram quando o grupo foi se aproximando. Fiz carinho, brinquei com eles e depois não queria ir embora", riu ela, que documentou em fotos a "amizade" com os bichos.

Para algumas atrações locais, as mulheres precisam seguir o padrão de vestimenta local. Isto é: cobrir cabelos e se vestir de acordo com o que a religião local prega. "Achei (a burka) bem quente para o clima de lá, 40 e poucos graus. Achei que ia levar um tombo, porque pisava no tecido que sobrava embaixo dos meus pés toda hora (risos). Para entrar na Grand Mosque, as mulheres não podem usar qualquer roupa e os cabelos devem estar escondidos, então, enfrentei uma fila enorme para conseguir pegar a minha Abaya (como é chamada a famosa burka). Foi maravilhoso entrar naquele lugar tão lindo e vestida daquela maneira. Éramos todas iguais: turistas ou nativas. Estava respeitando e experimentando os costumes de uma cultura incrível; essa experiência foi única."

Meio jornalista, meio esportista

O amor pelo jornalismo e pelos esportes se manifestou cedo. "Minha mãe conta que desde meus 6, 7 anos, eu ficava assistindo aos telejornais e programas esportivos e imitando as apresentadoras, repetindo o que elas falavam. Com uns 12, eu já queria ser jornalista", diz Laís, também uma esportista nata. "Ainda bebê comecei a fazer natação, só parei aos 15. Paralelamente, fazia futsal, basquete, vôlei, ginástica rítmica, artística e até nado sincronizado. Treinar era comigo mesmo."

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Uma das experiências foi no judô, "mas era muito magrinha, não me dei bem". Ela se achou em outra arte marcial. "Com 17 anos comecei a praticar caratê e me apaixonei. Treinava três vezes por semana e no ano passado conquistei minha tão sonhada faixa preta", conta a repórter-lutadora, que também já treinou muay thai e jiu-jítsu.

Laís chegou a competir no caratê e foi campeã em torneio menores, antes de partir para o jornalismo e abandonar seu lado sério como esportista. "Sempre fui muito competitiva e o fato de praticar esportes ajudou muito a controlar esse lado. Participei de torneio de tudo quanto é esporte, tenho muitas medalhas, mas também coleciono muitas derrotas. Rs. Mas desenvolvi um problema nos ligamentos depois de deslocar muitas vezes o ombro esquerdo e tive que fazer uma cirurgia. Ainda não me sinto segura pra voltar a competir, é um esporte de muito contato."

Sem competir, ela não abandona o gosto por modalidades mais aventureiras. Nas redes sociais ela posta fotos das práticas radicais. "Eu curto experimentar esportes que nunca pratiquei, como o surfe, o stand up paddle e até andar de skate, que também tem sido muito bacana", concluiu a moleca-repórter do canal Combate.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo

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