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Cigano diz que torce mesmo e não vai mudar estilo de comentar na TV

UOL Esporte

18/02/2014 06h00

 Cigano_Cleber

Na falta de um especialista de renome dentro da emissora, a Globo apostou em lutadores da atualidade para comentar as transmissões de combates do UFC, que desde 2011 começaram a figurar na tela nas madrugadas. Dentre os vários testados, um deles se destacou: o ex-campeão dos pesados Junior Cigano.

O lutador de 29 anos se mostrou à vontade nas diversas transmissões que fez em parcerias com Galvão Bueno, Cléber Machado e Sérgio Maurício. Diz ter se encontrado na função "paralela" à sua carreira e está aberto a novos convites da emissora.

"Nunca tive a oportunidade de estudar para ser comentarista de TV, mas é algo que tenho gostado muito. Tenho adorado fazer, é muito legal e ouço muitos elogios.  O Cléber, o Galvão e o Sérgio me ajudam muito a sentir à vontade,  dão algumas dicas", falou em entrevista ao UOL Esporte.

Sobre estilo, ele diz não copiar ninguém. Fala que admira Casagrande no futebol, mas nem por isso procura ser parecido com o ex-corintiano. Não vê muita relação das transmissões dos gramados com o que tem que fazer.

"Não sigo a linha de ninguém. O futebol tem grandes comentaristas, como o Casagrande, mas não sigo essa linha. Nosso esporte é diferente, é um tipo de público diferente e eles esperam ouvir outra coisa, ver outra coisa. Tento ser eu mesmo e dar a opinião sem querer dizer o que um atleta tem que fazer ou não. Tenho que falar o que se passa e ser imparcial o máximo possível", explicou.

Mas apesar de ter a receita na ponta da língua, ele admite que não deixar transparecer a  torcida é a sua maior dificuldade. Isso ficou evidente em um combate em 2013 entre seu mentor, Rodrigo Minotauro, e Fabrício Werdum, na final da TUF 2, em Fortaleza. Apesar do duelo brasileiro, transpareceu sua torcida pelo primeiro.

"Ah, é verdade. Essa parte eu ainda não consegui fazer bem. Eu torço mesmo, quando um brasileiro e amigo está lutando eu torço de verdade. Na vez que comentei a luta do Minotauro, falaram bastante sobre isso; a torcida era clara. Não tinha como esconder, não tenho vergonha disso não, sempre torço e vou continuar torcendo", explicou.

Apesar do dia em que passou da dose na torcida pelo amigo, Cigano teve participações elogiadas, como no UFC Rio 4, quando não teve medo de criticar o compatriota Lyoto Machida na derrota para Phil Davis.

Dosando bem os elogios e críticas, Cigano surpreendeu ao criticar a postura de Machida ao longo do combate, atitude poucas vezes vistas entre lutadores e comentaristas, que valorizam mais os elogios. Em um determinado momento, o convidado da Globo questionou a tática utilizada pelo compatriota.

"Ele está andando demais para trás e isso não é bom para ele. Lyoto é o primeiro do ranking. Ele deveria estar mostrando um pouco mais de trabalho, até para convencer e brigar pelo cinturão novamente", disse.

Também analisou com sobriedade a primeira derrota do amigo Anderson Silva para Chris Weidman em julho, no polêmico episódio de baixar a guarda. "Parece que ele esbanjou um pouco da confiança. Pagou o preço por lutar com a guarda baixa", disse no dia.

José Ricardo Leite e Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo

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