Shaq reinventa quadros clássicos do jornalismo unindo autocrítica, comentários ácidos e humor
Ricardo Zanei, em São Paulo
Foto: Reprodução de TV
A linha que separa o humor e o escracho é tênue. Quando o assunto é esporte, que mexe com as paixões e os ânimos, a tal linha é ainda mais delicada. Quem diria que um cara como Shaquille O'Neal se tornaria um exemplo de como tratar o tema com humor, sendo informativo e sem cair no ridículo.
Inside The NBA – Shaqtin A Fool – Vol 10Deixando de lado os 2,16 m e os 150 kg, o comentarista Shaq é uma espécie de criança bem comportada, daquelas que brinca na hora de brincar e estuda na hora de estudar. Ele ainda tem carisma e, em quadra, foi um dos pivôs mais dominantes da história. Pronto, está feita a receita de sucesso.
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O "Shaqtin' A Fool" é uma espécie de "Bola Murcha", aquele quadro do Fantástico que tira sarro das patacoadas que os amadores aprontam pelo país. A diferença já começa na abertura, mostrando o próprio Shaq "agindo como um idiota". O objeto de estudo, digamos, é ainda mais divertido: ao invés de amadores, são os profissionais os alvos dos comentários ácidos e bem-humorados.
Curioso é ver que como Shaq faz até uma autocrítica para ironizar as piores jogadas da semana. Por exemplo, no quarto episódio da série, ele brinca com a desastrosa jogada de DeSagana Diop: "É o pior cobrador de lances livres da história. E você ouviu isso de mim", numa clara alusão à sua total falta de habilidade nos lances livres.
"Shaqtin' A Fool" – Volume 4
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Outro ponto de destaque é o fato de que nenhuma estrela é poupada das alfinetadas de Shaq. A sétima edição é totalmente dedicada ao "All-Star Weekend", o fim de semana das estrelas. No programa seguinte, sobrou até para Kobe Bryant e sua indiscreta passada de mão no bumbum de Damien Wilkins.
"Shaqtin' A Fool" – Volume 8
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Já o "Shaq Diesel" traz os melhores momentos da semana da NBA. Destaque para as enterradas e o "bird man" ("homem pássaro"), repetido algumas vezes, com direito a imitação de pterodátilo.
"Shaq Diesel"
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Claro, Shaq já pagou apostas andando de cueca pelos estúdios da TNT, bem como invadiu o talk show "Late Night with Jimmy Fallon" praticamente de terno e uma nada discreta sunga pink, com direito a enchimento. É o lado mais criança, o humor pastelão. Mas esse tipo de coisa não se mistura com o jornalismo, o falar sério. Lembra do papo de brincar e estudar?
Desde o ano passado, o humor – e, principalmente, seus limites – virou tema de discussão no Brasil, dentro e fora do esporte. Unir o lado engraçado e curioso com o papo sério é um dos desafios do jornalismo pelo mundo, inclusive o brasileiro. Existem iniciativas, como "Globo Esporte" e "Os Donos da Bola", mas ainda rudimentares perto do que é feito por Shaq. Quem diria que o gigante daria lições de jornalismo, hein? É um caso a se pensar.
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