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EI se explica após críticas por colocar narradora da Champions em 2º canal

UOL Esporte

01/05/2018 19h51

QUE JOGO! É realização de sonhos que fala, né? Parabéns, @NarradoraVivi! #ANarradoraLays pic.twitter.com/iFHFo822ZN

— Esporte Interativo (@Esp_Interativo) 1 de maio de 2018

Depois de vencer o concurso Narradora Lays, Vivi Falconi foi a Madri com o Esporte Interativo para narrar o jogo de volta da semi da Liga dos Campeões, entre Real Madrid e Bayern de Munique, no Santiago Bernabéu. Além de fazer história nesta terça-feira (1), ela mostrou competência, uma dose natural de nervosismo e muita interatividade com o comentarista Mauro Beting, mas a emissora recebeu críticas por tê-la colocado no canal secundário, que não está disponível para todos os assinantes das diferentes operadoras de TV fechada.

O canal principal transmitiu a mesma partida com a voz de André Henning, narrador que já vinha trabalhando em outros jogos da Liga dos Campeões. Em contato com o UOL Esporte, o EI alegou que a decisão foi tomada "na concepção do projeto, por uma questão de compromisso com patrocinadores da Liga dos Campeões e com o fã da competição, que se habituou a acompanhar as partidas com o André Henning".

No texto enviado à reportagem, o Esporte Interativo também reiterou que fará uma proposta para que Vivi permaneça no canal, bem como outras participantes. "Estamos muito orgulhosos", afirmaram.

Embora o EI diga que a decisão de colocá-la no segundo canal foi tomada na concepção do projeto, ficou claro que muitos telespectadores estavam desinformados a respeito deste fato. Muitos foram à internet para reclamar da menor visibilidade dada à primeira mulher brasileira a narrar uma partida da competição europeia in loco – isto é, no estádio.

Assinantes escreveram que acompanharam o reality show desde o início e ligaram a televisão na expectativa pela narração de Vivi, mas que se surpreenderam ao descobrir que não poderiam acompanhá-la.

"A primeira mulher brasileira a narrar a Champions League direto do estádio! Tem que respeitar a Vivi!", escreveu o perfil do Esporte Interativo no Twitter. No entanto, durante o jogo, quase todos os vídeos de lances publicados pela mesma página eram narrados por André Henning. Posteriormente, após o apito final, maiores amostras do trabalho da narradora foram devidamente postados nas redes sociais da emissora (veja no compilado abaixo).

Tem que respeitar muito a @NarradoraVivi! QUE dia HISTÓRICO! pic.twitter.com/G9Usvs0Smh

— Esporte Interativo (@Esp_Interativo) 1 de maio de 2018

Vivi não emplacou bordões, mas emocionou Mauro Beting. "Você está carregando o sonho de muita gente com você", disse o comentarista. Apesar de críticos à decisão da emissora, muitos internautas se empolgaram com a transmissão e parabenizaram o Esporte Interativo pela iniciativa – houve quem dissesse que preferia ouvi-la a escutar André Henning ou mesmo Galvão Bueno, que fazia o jogo na TV Globo. Foi comparada a Luciana Mariano, que, em 1977, foi a primeira mulher a narrar o futebol na TV brasileira.

No entanto, comentários pejorativos e machistas também inundaram as redes: neste caso, a análise dos telespectadores não se restringia à qualidade do trabalho de Vivi Falconi nesta partida, mas sim a uma percepção de que "é estranho demais ver mulher narrando". Não deveria ser estranho: conheça melhor a nova geração de narradoras que tiveram as portas abertas pelo Esporte Interativo.

Em nota enviada ao UOL, o EI também deu destaque aos projetos das emissoras concorrentes, como o Fox Sports, que terá narradoras na Copa do Mundo (também em seu segundo canal), e a ESPN Brasil, que abriu espaços pontuais para a narração feminina.

Vivi Falconi venceu o concurso e a depressão

Nós que agradecemos, @narradoravivi! Voa, garota! #ANarradoraLays pic.twitter.com/j2JXvwsZk1

— Esporte Interativo (@Esp_Interativo) 1 de maio de 2018

Aos 33 anos, a paulistana Vivi realizou um sonho e se consagrou como a vencedora do concurso, que deve lhe render um contrato com a emissora. Ao ouvir seu nome anunciado, ela não se conteve e foi às lágrimas: sabia a importância do momento e que a trajetória não havia sido fácil. Teve de superar uma depressão, o machismo e comentários preconceituosos. Dentre os mais leves, estavam "ah… a gordinha", "grita pra caramba", mulher narrando só fica gritando", "vai cozinhar".

Cerca de cinco anos atrás, Vivi trabalhava como operadora de telemarketing e estava muito infeliz na função. A narradora ainda sonhava em fazer uma faculdade de jornalismo, mas tinha problemas financeiros e não conseguia pagar os estudos. Acabou desenvolvendo uma depressão. Nesta terça-feira, como disse Mauro Beting, teve a chance de realizar seu sonho e abrir as portas para os sonhos de outras.

Confira a nota do Esporte Interativo na íntegra:

Estamos muito felizes com o resultado do projeto A Narradora Lays e satisfeitos com o desempenho da Vivi Falconi nesse grande jogo de semifinal, entre Real Madrid X Bayern. A decisão de exibir a transmissão no Esporte Interativo 2 já tinha sido tomada na concepção do projeto, por uma questão de compromisso com patrocinadores da Liga dos Campeões e com o fã da competição, que se habituou a acompanhar as partidas com o André Henning.
É muito importante que projetos como o nosso, como o da Fox Sports – que terá narradoras na Copa do Mundo, no segundo canal – da ESPN – que abriu espaços pontuais para uma mulher narrar – tenham apoio da opinião pública e da imprensa, para termos uma cobertura esportiva cada vez mais diversa. Um caminho que ainda teve a companhia apropriada do movimento #DeixaElaTrabalhar, apoiado integralmente pelo Esporte Interativo.

O projeto vai muito além da narração desta partida. A Vivi vai continuar no Esporte Interativo e outras participantes receberam propostas para trabalhar com a gente ou em outros veículos. Houve abertura de mercado para uma categoria que não era considerada antes de A Narradora Lays entrar no ar.

Estamos muito orgulhosos de termos sido o primeiro canal a mostrar um jogo de Liga dos Campeões, narrado por uma mulher, direto de um dos mais importantes estádios da Europa.

Ana Carolina Silva e Beatriz Cesarini
Do UOL, em São Paulo

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