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Sorin fala sobre fim de ciclo na ESPN e conta o que planeja para o futuro

UOL Esporte

30/08/2017 04h00

Juan Pablo Sorin vai seguir o seu caminho após deixar a ESPN. O ex-capitão da seleção argentina não teve o seu contrato renovado após cinco anos atuando como comentarista do canal e anunciou a sua despedida ao vivo no programa Resenha.

Agora, ele começa a planejar o seu futuro e vê 'um universo de possibilidades' em projetos como comunicador e até atrás das câmeras. Em entrevista ao UOL Esporte, ele faz um balanço do seu trabalho na ESPN, fala sobre o fim de um ciclo e o que espera para o futuro.

 

Qual o balanço faz do seu trabalho na ESPN após todos esses anos de casa?

Os cinco anos na ESPN foram anos excelentes, de muito aprendizado, evolução e crescimento profissional. Comentei final de Copa do Mundo, finais de Champions e as Ligas mais importantes do planeta. Unimos forças e assim fiz entrevistas com Messi, Maradona, Neymar, Del Bosque, entre outros grandes do futebol mundial.  Só tenho a agradecer, e em especial, ao público que me acompanha e que é a grande motivação para eu fazer um trabalho cada vez melhor, a cada uma das pessoas da redação desde dos talentos, aos câmeras, editores, produtores, maquiadoras, figurinistas, María do café, estagiários, limpeza e segurança, motoristas, enfim, todos sem exceção! Em particular aos integrantes do Resenha, a cada um dos meus amigos jogadores, todos que fizeram parte dessa história desde o início, e que ajudaram a construir o programa. Através da Elis Produtora, levamos a concepção do programa para a ESPN e eles acreditaram no projeto. Tenho orgulho em ter colocado em pé um programa com uma proposta inovadora de um tema tão relevante para o mundo, especialmente para os brasileiros e argentinos, como é o futebol. Estou feliz pelo que a gente construiu, por ter conseguido implementar um formato onde o jogador tem a sua voz, onde ele consegue se manifestar como é, com suas emoções, suas imperfeições, suas histórias de vida, de superação e alegria.

É difícil um estrangeiro fazer sucesso em uma emissora de televisão de outro país. Existe a barreira do idioma, de linguagem, até de cultura… E você conseguiu superar todas essas dificuldades. A que você atribui a sua carreira bem sucedida como comentarista aqui no Brasil?

Trabalho com paixão e procuro ser autêntico, dedicação e preparação absoluta em tudo o que faço. Eu curto muito! As pessoas percebem isso e sabem que é para eles. Então, para mim, tem valor. Até os comentários a respeito do meu sotaque, para mim sempre são positivos e genuínos. É muito bom rir de mim mesmo. Mas sempre com respeito, não esqueça eu fui capitão da seleção Argentina e tudo o que acontece aqui repercute por lá.

Você ajudou a criar e a desenvolver o Resenha, um programa que faz muito sucesso com o público brasileiro e com os jogadores. Não à toa foi eleito o melhor programa esportivo na televisão em pesquisa feita pelo UOL Esporte com mais de 100 atletas. Por que você acha que deu tão certo? Você acha que mudou os conceitos dos programas esportivos na televisão?

Acho que construímos um formato que agrada ao público, onde ele pode conhecer os jogadores de verdade, suas opiniões, suas histórias. De um jeito descontraído, sem trairagem. Com uma linguagem democrática e sem filtros. A diversidade faz bem, como no meu último programa que convidei a Sole Jaimes e pedi pessoalmente para Neymar mandar uma mensagem para ela. Foi muito emocionante! Um dos melhores do mundo mandando um vídeo para uma jogadora argentina batalhando um espaço como todas elas, através do programa. Brasil e Argentina juntos sempre foi um objetivo na minha construção como comunicador. E assim foi cada domingo durante três anos. Ainda lembro quando com a Sol, Ruben e eu da Elis Produtora, sonhamos com o programa, estudamos a grade e percebemos que faltava um programa "dos jogadores", apresentamos o projeto e eles aceitaram. Agradecemos muito a eles por terem confiado e colocado a estrutura para desenvolver. Agradecimento especial para o Rodrigo Rodrigues, meu parceiro apresentador, que foi importante para o sucesso do programa. Eu adoro trabalhar em equipe! Algumas coisas que sonhamos em 2014, quando idealizamos o formato, por exemplo, era não ter mesa, e colocar um gramado artificial, para que o jogador se sentisse à vontade e pudesse fazer as #Simulações, outra das nossas criações. É um dos nossos valores como produtora, propor sempre 'Movimento". Assim como desejamos ter um olho móvel, uma câmera ágil, se mexendo, como um olhar, ao nosso lado. É uma marca registrada da Elis. O #Simulações já existia  na Tv Alterosa (SBT de Minas Gerais) onde eu trabalhei antes da Espn e no "Capitanes", programa que conduzi na Argentina com a colaboração da Elis também. Lá acrescentamos o movimento com os atletas de outros esportes coletivos que me "ensinavam" gestos técnicos das suas modalidades e foi muito legal! Mesma coisa nas redes, com nosso programa, com futebol e música:  #SeJogaEmCasa  ( 1a Temporada foi no Facebook Live Facebook.com/jpsorinoficial )  sempre procuramos uma linguagem bacana, com opinião, bem natural e com 'Movimento" na minha própria casa ou na casa do convidado. No programa Criolo e Caetano Veloso, por exemplo, já bateram bola comigo na sala, Roman Laurito, do Tihuana, que me ensinou Jiu-Jitsu, e temos o #DesafíoPebolim que até o próprio Gilberto Gil jogou! Gil e todos cantaram e tocaram em casa…um grande privilegio! Todos os programas citados foram premiados. Aliás, o Resenha não foi o único, porém tem maior valor agregado já que foi escolhido pelos próprios colegas, que sem dúvida é o mais difícil. Isso não tem preço! O reconhecimento em todo Brasil foi incrível e será inesquecível.  Por isso quero agradecer a cada um dos jogadores e treinadores que aceitaram o convite em fazer parte do programa, assim como aos assessores que sempre foram muito abertos e a todos do futebol que mandaram seus vídeos também. O público do Resenha gosta de ouvir a informação direto da "fonte". E para os jogadores ter esse espaço é sempre uma grande chance para derrubar mitos e boatos sobre a sua personalidade ou o jeito de ser.  E assim a galera conhece eles como são no dia a dia.

A ESPN anunciou que o Resenha vai continuar na ESPN. Você tem algum direito sobre o formato ou pensa em produzi-lo para outro lugar? Existe uma disputa entre a sua produtora e a ESPN pelos direitos do Resenha? 

Não há disputa de direitos porque ficou muito claro desde o início. E, sim, de fato sinto que chegou a hora de construir algo novoSempre agradecendo a Espn pela confiança.

Por que você saiu da ESPN? Como foi a saída?

É um fim de ciclo. Simplesmente terminou o contrato. Saí com um muito orgulho do que construímos e vou sentir saudades das pessoas com quem convivi. Aprendi muito nesses cinco anos, cresci profissionalmente, acertei, errei, mas o mais importante é que consegui ficar perto das pessoas. Sempre penso em quem está do outro lado. E o bom astral das pessoas nas ruas é espetacular, seja pelos comentários, pelas entrevistas, quadros e principalmente por levar para elas um programa de qualidade. Agora quero colocar em prática novos projetos e me renovar.

A ESPN informou que houve um desgaste ao falar sobre sua saída. Isso de fato aconteceu? Você teve problemas de relacionamento dentro da emissora?

Todas as nossas conversas sempre foram no sentido de melhorar o nosso trabalho e entregar o melhor formato para o público. Acho que pontos de vista diferentes são naturais, faz parte. Respeito a ESPN e sou grato por tudo o que construímos, pelo espaço que tive nesses cinco anos. Joguei em muitos times grandes, e sempre fui exigente comigo e com meus colegas para ganhar e conquistar títulos como também fui exigido. Tenho essa mentalidade e personalidade, e sou um cara positivo que tenta somar onde estou. Eu visto a camisa com orgulho e tudo mundo sabe muito bem disso.

Quais são seus planos profissionais a partir de agora? O que você pensa para a sua carreira?

Tenho alguns projetos interessantes. Agora se abre um universo de possibilidades. Como comunicador e até nas criações que estamos trabalhando com a Produtora! Também acho interessante estar atrás das câmeras e poder criar para outros. Nas redes sociais, estamos lançando a segunda temporada de #SeJogaEmCasa com muitas novidades, e convidadas/os surpresa! Além dos artistas que falei antes, estiveram também fenômenos como o Seu Jorge, Marcelo D2, João Gordo, os meninos de Haikaiss, a galera de CPM22 e Andreas Kisser, do Sepultura, que foi massa! As pessoas também interagem, mandam mensagens de todas as partes do mundo e a participação deles é incrível! Para a Tv, rádio e outras mídias, virão, seguramente, coisas boas pela frente. Eu não paro, e sempre continuo a escrever…desde criança que adoro escrever.  O mais importante é que sigo com a mesma paixão por tudo o que me proponho a fazer, e ano de Copa do Mundo fico muito mais inspirado ainda!!

Luiza Oliveira
Do UOL Esporte

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