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Sem oba-oba: a um ano dos Jogos, programa do SporTV ataca 'feridas' do Rio

UOL Esporte

05/08/2015 12h40

André Rizek, apresentador do Redação SporTV (Crédito: Reprodução)

A manhã desta quarta-feira, que marcou um ano para a Olimpíada do Rio de Janeiro, não teve só celebração, mas um tom bastante crítico. Foi o que se viu no Redação SporTV, que atacou também colocou o dedo nas feridas dos Jogos. O programa apresentou depoimentos de correspondentes internacionais sobre a visão dos estrangeiros sobre o evento e um relato de violência da cidade do próprio apresentador André Rizek.

"O que o seu veículo quer saber de você, correspondente, sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016?" Essa foi a pergunta da atração esportiva. Seguem as respostas:

Eric Frosio, correspondente do jornal L'Equipe (França)

"A cidade do Rio tem coisas muito positivas e coisas muito negativas. Tem ainda aquela visão de ser uma cidade um pouco perigosa, violência, favela, tráfico etc., e ao mesmo tempo tem o lado do mar, da beleza, da qualidade de vida incrível. Essa mistura faz do Rio de Janeiro uma cidade muito interessante para os franceses. Querem saber como funciona essa cidade. Os cariocas estão um pouco cansados desses investimentos que para eles não deram nada. Legado da Copa do Mundo não teve nada e o que as Olimpíadas irão deixar é difícil de enxergar. Os cariocas estão um pouco de saco cheio de tudo isso."

Eric Frosio, correspondente do jornal francês L'Equipe (Crédito: Reprodução)

João Pacheco, correspondente da emissora RTP (Portugal)

"Hoje em dia tá muito em evidência esses escândalos todos de corrupção e se isso terá reflexo nas obras que estão sendo feitas para os Jogos Olímpicos."

"A grande dúvida é quanto aos prazos, que tudo seja feito com segurança. Como no Mundial, pontualmente durante a Olimpíada o Rio de Janeiro vai estar mais seguro, vai ser o período que as pessoas vão sentir menos medo. A dúvida é o que vai acontecer depois dessa operação concreta e pontual. Os estrangeiros têm em relação ao Rio essa dúvida, esse receio."

João Pacheco, correspondente da emissora portuguesa RTP (Crédito: Reprodução)

Tim Vickery, correspondente da BBC (Inglaterra)

"Cheguei a Londres três semanas antes dos Jogos [de 2012] e tudo, tudo era negativo. Parecia que o evento não pertencia ao povo, todo mundo reclamando do COI (Comitê Olímpico Internacional), um clima muito negativo."

"Começou a mudar com a passagem da tocha olímpica pelos vários bairros da cidade, porque era uma coisa inclusiva. E com a Cerimônia de Abertura ficou quase impossível criticar, porque ela foi feita para nós, para o público inglês, britânico. Tanto que tiveram narradores brasileiros que não entenderam muita coisa, mas é que não era feito para eles, era feito para nós. E o povo adorou tanto isso que ficou duas semanas num estado de graça, foi extraordinário viver esse clima."

"Pode debater sobre gastos valeram a pena ou não, se todos os objetivos foram alcançados, mas ninguém discute que aquelas duas semanas foram boas demais. E eu espero o mesmo clima aqui no Rio de Janeiro daqui a um ano."

Karin Duarte, correspondente do SporTV em Nova York, nos EUA

"Quando a gente fala que é brasileiro e fala-se de Olimpíada a primeira pergunta é: o Rio está pronto? Tá preparado a um ano dos Jogos? Vai dar tudo certo? A cidade tem condições de receber um evento como esse? Depois do sucesso de organização da Copa do Mundo, não só no Rio, mas em todo o Brasil, essa preocupação dos estrangeiros diminuiu um pouco e muita gente confia que o Rio de Janeiro vai conseguir fazer bons Jogos."

"A questão da segurança é muito importante. Um jornalista de uma TV do Texas que já está no Brasil é acompanhado o tempo todo por um produtor brasileiro justamente por questões de segurança para que tudo ocorra bem. E a CNN fala de um relatório da Anistia Internacional que fala que a Polícia Militar teria cometido 16% dos homicídios na cidade do Rio nos últimos cinco anos e que mais de 1,5 mil pessoas morreram pelas mãos da polícia, de acordo com a organização dos direitos humanos."

Prédio blindado da Globosat

As respostas dos correspondentes dos veículos francês e português, falando de violência e corrupção, mereceu o seguinte desabafo de André Rizek no programa que comanda: "a vergonha que eu tenho vendo esses depoimentos, e sei que você aí em casa tem essa mesma vergonha, é que parece impossível para o estrangeiro falar do Brasil sem citar corrupção e violência."

E Rizek aproveitou na mesma atração para expor uma situação prática do problema da violência que os cidadãos cariocas têm de conviver no dia-a-dia, incluindo funcionários da TV.

"Nós, da Globosat, estamos na Barra da Tijuca, que é um bairro nobre do Rio de Janeiro, relativamente próximos aos locais de competição e saindo do trabalho eu conto mais de dez funcionários da casa que já foram assaltados em qualquer hora do dia. E no local onde era a Globosat até 2010, o prédio tinha vidros blindados, porque era perto de uma comunidade e de vez em quando uma bala perdida respingava no prédio da Globosat."

O Redação SporTV ainda repercutiu declaração do biólogo brasileiro Mario Moscatelli, referência quando o assunto é poluição, ao jornal El País. À publicação espanhola, ele garante em reportagem publicada nesta semana não haver interesse por parte das autoridades na limpeza da Baía de Guanabara, local de competições náuticas nos Jogos do Rio.

"A recuperação da Baía não correu porque os políticos se beneficiam de sua degradação: a cada certo período de tempo recebem recursos milionários para sua limpeza, mas não gastam com responsabilidade. A Baía de Guanabara degradada é uma mina de ouro para gestores acostumados à impunidade", afirmou o profissional.

Rogerio Jovaneli
Do UOL, em São Paulo

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