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Narrador da Fox Sports recebeu notícia de maior glória por bilhete no bolso

UOL Esporte

01/06/2015 06h00


Ele chegou ao Fox Sports em 2013 e já mereceu uma escala na final da Copa do Mundo do Brasil, no ano seguinte: "quase caí para trás". E a maneira como recebeu a notícia foi inusitada. Um dos principais narradores do canal esportivo, Gustavo Villani celebra o bom momento profissional e acaba de renovar contrato até agosto de 2018, após o Mundial da Rússia. Além disso, tem uma felicidade a mais, na vida pessoal: "em agosto, nasce meu primeiro filho, Luca. Tô em êxtase com a vinda do moleque."

Nesta entrevista ao UOL Esporte, o narrador fala da carreira, sobre quais são suas referências na narração (Galvão Bueno é uma delas) e explica o porquê do seu choro, no ar, durante a transmissão de partida que marcou a despedida do ídolo do Liverpool, Steven Gerrard, do estádio Anfield Road. Comenta também os cânticos dele durante jogos do Racing, o dia que o colega Paulo Vinicius Coelho passou mal ao vivo a seu lado e relembra 2012, quando já teve a oportunidade de trocar a ESPN Brasil, sua antiga casa, pela Fox, mas o "seguraram" por lá.

UOL Esporte: Como começou sua trajetória na narração?
Gustavo Villani:
É um orgulho ter nascido numa cidade (Marília) que revelou tantos narradores, como Doalcey Bueno de Camargo, Osmar Santos, Eder Luiz, Oswaldo Maciel, Dirceu Maravilha, entre outros. Comecei cedo, em brincadeiras de garoto, mas quem me ensinou técnicas e me lançou de verdade foi Oscar Ulisses, na Rádio Globo.

Do rádio para a TV, como foi a adaptação ao novo veículo e quais as suas maiores referências em ambos?
Até 2012, eu trabalhava no rádio e na televisão, na ESPN. Quando vim para o FoxSports, em 2013, deixei o rádio. Ou seja, pude fazer uma transição gradual. Existem adaptações de linguagem, ritmo, mas comigo foi aos poucos, tranquilo. Tem muita gente que admiro na profissão, mas cito alguns fundamentais para mim: Eder Luiz, que me deu o primeiro emprego, na Rádio Transamérica, há 14 anos. Oscar Ulisses, que me ensinou a narrar. Galvão Bueno e Luciano do Valle são únicos, sem igual.

Até quando vai o seu contrato com o Fox Sports?
Acabamos de renovar até depois da Copa da Rússia, agosto/2018.

Momento bom profissionalmente, mas e na vida pessoal? Está feliz, já adaptado ao Rio de Janeiro?
Eu vivo bem no Rio, em agosto nasce meu primeiro filho, Luca. Estou em êxtase com a vinda do moleque. A Fox Sports cresce a cada ano e me dá condições de ser feliz. Sou grato por tudo que acontece na minha vida.

Você costuma cantar músicas das torcidas durante as transmissões. Quer deixar isso como sua marca como narrador?
Não. Acompanhei o Racing no último título argentino, fiz alguns jogos do time e decorei alguns cânticos da torcida. E que torcida! Certo dia, cantarolei um pequeno trecho, foi espontâneo e pontual. Até hoje recebo mensagem de torcedores argentinos, foi divertido. Sou um péssimo cantor, nenhuma chance!

E bordões na narração, o que você pensa a respeito?
Eu gosto de alguns bordões de alguns narradores. Particularmente, evito o uso de bordão. Eles tendem a se desgastar com o tempo. Se for algo que surja espontaneamente na transmissão, ok. Mas não me preocupo com os bordões, o mais importante é narrar o jogo.

Recentemente, você se emocionou no ar, na partida que marcou a despedida de Gerrard de Anfield Road.O que achou da reação dos telespectadores nas redes sociais?
Acompanhei toda a carreira do Gerrard e tive a chance de entrevistá-lo para a Placar, em 2007, numa viagem a Paris. O último encontro dele com o torcedor no Anfield foi emocionante. Eu e Mauro Beting ficamos "vendidos" durante a música You'll Never Walk Alone, cantada por 40 mil pessoas, antes de a bola rolar. Chorei mesmo, e não me envergonho. Gerrard chegou ao Liverpool aos 7 anos e estava se despedindo da torcida, aos 34 anos. Não é bonito? Vivo o esporte todo dia e gente como ele significa muito para o futebol.

Você é torcedor do Liverpool, por isso a emoção com o adeus do ídolo dos Reds a sua casa?
Não tenho time preferido. Muito menos fora do Brasil, apesar de gostar muito de futebol internacional.

Com as redes sociais, telespectadores tão bem informados, atualizados sobre futebol internacional, aumentou a responsabilidade? Como lida com a crítica?
É verdade que o público tem mais acesso à informação, e vejo isso como combustível para eu me preparar mais paras as transmissões. Quanto às críticas, são sempre bem vindas desde que me ajudem a crescer. Ofensa não é crítica, por exemplo.

O Galvão Bueno, por exemplo, é amado e ao mesmo tempo odiado por muita gente. Por que você acha que isso acontece?
Porque lidar com esporte é assim mesmo, normal. O limite entre o razoável e o exagero é tênue. O Galvão é gênio, transmite com muita paixão há décadas.

Qual a diferença que sente entre trabalhar com um jornalista analista ou um ex-jogador comentarista ao seu lado?
Os jornalistas costumam ter mais acesso às informações e estatísticas. Já os ex-atletas leem o jogo, se atém mais aos detalhes técnicos da partida. Eu não tenho preferência entre jornalistas e ex-atletas, desde que o profissional escalado acrescente qualidade à transmissão.

Você chegou já numa fase melhor da emissora, com os canais do grupo em todas as operadoras. Isso pesou para que decidisse trocar a ESPN Brasil pelo Fox Sports?
Também. E porque o José Trajano me "segurou" na ESPN, em 2012.

Todo mundo viu a cena do PVC passando mal ao vivo e caindo, você inclusive contou como tudo aconteceu ao UOL Esporte vê TV. Foi a situação mais difícil que teve de lidar no ar na sua carreira na televisão?
Foi, sem dúvida. Na hora, achei que ele estava tendo um AVC. Fui acudi-lo e imediatamente me lembrei que estava debilitado, devido à virose. Ficamos até o início da madrugada no hospital. Foi um grande susto, mas passou.

Foi surpresa ter sido escolhido para narrar a final da Copa do Mundo do Brasil pela Fox? Como se sentiu trabalhando naquela decisão de Mundial?
Eu me sentia pronto para narrar a final, mas quase caí para trás pelo jeito como tudo aconteceu. Narrei a semifinal, em São Paulo, Holanda x Argentina, com o Mauro Beting e com o vice-presidente Eduardo Zebini presente. Já na reta final da transmissão, o Zebini colocou um bilhete no meu bolso e pediu que eu lesse só depois de deixar o estádio. Dizia: "parabéns, você vai narrar a final". Guardo o bilhete até hoje, claro.

Ter comandado a transmissão numa final de Copa no Brasil foi o ponto mais alto na sua carreira? Acha que narrar Olimpíada do Rio de Janeiro, no ano que vem, supera?
A Copa foi sensacional, como será a Olimpíada. São momentos de plenitude do esporte. Procuro aproveitar as oportunidades que o FoxSports me proporciona. Estou feliz, aqui. Aos 34 anos, espero fazer muita coisa ainda.

Rogério Jovaneli
Do UOL, em São Paulo

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