O racismo cometido contra Daniel Alves no jogo entre Barcelona e Villarreal no dia 27 de abril foi tema de uma reportagem do Fantástico no último domingo (1º de maio). Seguindo a nova linha do programa, de explicar a origem das matérias exibidas, a atração mostrou a reunião de pauta que determinou o mote pelo qual o assunto seria abordado. E o programa da TV Globo optou por mostrar de que maneira o gesto de Dani Alves, que comeu uma banana em campo atirada por um torcedor, e de Neymar, responsável pela campanha #somostodosmacacos, rapidamente ganharam o apoio popular pelas redes sociais.

Na semana passada, um dia após o episódio, descobriu-se que a hashtag criada pelo atacante do Barcelona já havia sido elaborada havia mais tempo, por uma agência de publicidade, a Loducca. Para muitos, o fato de a campanha não ter sido totalmente espontânea apagou o brilho da ideia e colocou Neymar mais uma vez em xeque: afinal, o craque é artificial? 

O Fantástico preferiu ficar ao lado do principal jogador da próxima Copa do Mundo. A matéria conduzida pelo repórter Felipe Santana revelou que outras campanhas aparentemente espontâneas e igualmente solidárias também foram previamente pensadas.

Marcelo Galvão, diretor do filme "Colegas", admitiu ao dominical que a campanha #vemseanpenn tinha, como segunda intenção, promover o longa. A princípio, só se sabia que a hashtag queria comover o ator norte-americano Sean Penn a vir ao Brasil conhecer o ator Ariel Gondemberg, um dos protagonistas do filme.

O programa da Globo também usou depoimentos de artistas e celebridades para corroborar que uma campanha como a de Neymar, mesmo projetada previamente, merece apoio. "Se eles tiveram ou não ajuda para esta reação, a mim não incomoda nem um pouco. A gente vê o mundo inteiro discutindo isso", comentou Fátima Bernardes, jornalista e apresentadora da emissora

No único momento em que a reportagem colocou em dúvida a validade das campanhas virtuais, um entrevistado, Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade, fez um alerta. "Desconfie das coisas que você vê na internet, porque muito o que tá ali é planejado, é uma mensagem que tem por interesse ser persuasiva com relação ao cidadão, ao eleitor".

No sábado anterior, em entrevista ao Altas Horas, também da Globo, Daniel Alves revelou não ter gostado da hashtag desenvolvida por Neymar e a agência Loducca.

"Eu não gosto muito do #somostodosmacacos, porque acho que a gente é a evolução disso. Somos humanos e todos iguais. Acho que é isso que devemos defender", explicou o lateral. "Marcas me procuraram, mas eu não quero ganhar com isso, não quero popularidade. Não quero ganhar nada a não ser a luta contra o racismo", completou.