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Téo José relembra gafe de bordão na Indy e ‘não’ de Pelé quando era mascote

UOL Esporte

31/10/2013 06h00

"Nããão peeerde maaais!". O narrador Téo José caminha por futebol, automobilismo e até o carnaval, mas é com este bordão usado em suas transmissões da Fórmula Indy que ele ganhou fama. E nem sempre a frase deu certo, vide o caso em que ele acabou tendo de voltar atrás e o "Não perde mais" virou um "Perde, perde, perde!", há 14 anos. O locutor da Bandeirantes conta que poderia ter apagado este erro da sua carreira, já que teve a opção de regravar a cena. Mas preferiu ir adiante, no episódio que mais marcou uma jornada no rádio e na TV que começou muitos anos antes, em Goiânia, quando era um simples mascote de clube de futebol.

Ainda garoto, Téo José não era um grande fã da velocidade. Seu sonho era ser jogador de futebol. Baixinho, foi goleiro no seu colégio. Mais grave que isso é que por dois anos ele foi o titular na meta de seu time da oitava série. Ele repetiu de ano de propósito. "Eu tomei pau, errei duas questões bobas numa prova para ficar mais um ano! Não é exemplo para ninguém, eu sei. Eu queria ser jogador de futebol, mas por causa da altura eu não tinha futuro", ri ele, ao relembrar seus causos.

A paixão pelo futebol era tão grande que ele diz que trocava namoradas para acompanhar seu clube de coração, o Goiás. E foi até mascote. "Você entrava com o time, sentava do lado do banco, ouvia o treinador. Era muito diferente de hoje. Na primeira vez que entrei em campo como mascote do Goiás, foi contra o Santos, um empate. E o Pelé me negou um autógrafo", conta.

Téo José chegou a abrir uma torcida organizada: picava papel para a entrada do time, produzia bandeirões e acompanhava o time onde fosse. Foi este mundo de dedicação ao futebol que o levou, indiretamente a ser narrador. Ele primeiro trabalhou em rádios FM, apresentando músicas. Daí, teve a chance de ser repórter esportivo no rádio e, curiosamente, ele foi parar no automobilismo, cobrindo corridas no autódromo de Goiânia, antes do futebol.

"Não perde mais"/"Perde, perde, perde!"

Téo José sabe que ser narrador significa ter suas atuações analisadas atentamente e que uma gafe já repercute instantaneamente. Mas diz que lida bem com isso. Tanto que cita com carinho o mais especial de seus casos, na Fórmula Indy de 1999.

Naquele ano, Massimiliano Papis liderava o GP de Michigan e parecia não ter chance alguma de perder. Então, Téo começou a soltar seu bordão: "Não peee…". Mas um problema no carro de Papis fez Tony Kanaan ultrapassá-lo, e o narrador mudar tudo em instantes. "Perde, perde, perde! Passa Tony, passa Tony!". Foi a primeira vitória do baiano, que ganhou o seu "Não perde mais" na sequência, pela primeira vez.

Uma curiosidade marca a narração. "O interessante dessa história é que o SBT transmitia a Indy com um compacto de uma hora, à noite. Então, eu gravava ao vivo, durante o dia, para ir ao ar depois. Com o ocorrido, a direção falou para eu refazer a narração do final da prova. Mas eu disse: 'Não, não, vamos manter'. Assumi o erro", conta ele, que até hoje ouve dos fãs a estrelas, como até o colega Galvão Bueno, imitações do ocorrido. "O próprio Tony lembra disso, gente da rua vem falar, comentar… Me marcou, essa é uma das coisas mais marcantes que tive."

Bordões fixos e de 'temporada', com direito a Annita

Téo vê importância no uso de bordões pelos narradores. Mais que isso, busca inclusive se renovar e não ficar apenas preso aos antigos. Tem suas frases fixas, que sempre usa, mas também cria algumas novidades temporada a temporada. Principalmente se inspirando com o que ouve no meio musical.

"Eu gosto de bordão, tenho alguns que estão desde o início de carreira e outros que são de temporada. Para esses de temporada, gosto de ouvir rádio e pegar frases de música. Eu falava, por exemplo o 'Agora eu fiquei doce, doce, doce'", afirma ele, sobre a música "Camaro Amarelo".

Outra moda que ele pegou foi a do funk de Annita. "Essa eu vou usar até o verão. Quando tem falta perigosa, eu falo: 'prepara, que agora é hora…'. Mas devo diminuir, até porque ela deve ser contratada da Globo para um programa", explica.

Outros, como o "Não, não é assim", foram mais pensados, já que ele sentia falta de algo para dizer em lances de erros bizarros. "Esporte tem que ter informação – já que é uma narração jornalística – emoção e descontração. E o bordão é a forma de descontrair", completa Téo.

Críticas e o calor da torcida

Ainda sobre gafes, Téo conta que não tem problemas em ser criticado, mas com respeito. Ele diz que até no Twitter precisa filtrar o que vai postar, para evitar causar polêmicas ou ser mal entendido. E procura sentir o calor da torcida antes de narrar seus jogos, como um termômetro para saber sua aceitação.

"Tem as duas situações. Tem quando alguém entra e faz uma colocação, e eu procuro responder tudo o que me mandam. Mas quando as pessoas vêm com falta de educação e respeito, a vontade é baixar o nível, mas me seguro. As pessoas confundem profissionalismo com a emoção. Tem gente que acha absurdo de um narrador falar do time que torce. Mas, antes de ser narrador, eu torcia para um time", defende ele.

"Eu gosto de chegar nos estádios pelo portão, de andar no meio das pessoas. Porque no dia que eu estiver sendo achincalhado por todo mundo, aí é porque não tá legal. Eu gosto de ter esse termômetro", adiciona.

Este termômetro ficará ainda mais quente em 2014, quando ele estará na transmissão da Copa do Mundo. Téo vê a Copa das Confederações deste ano como sua melhor atuação na carreira. Ele recentemente abriu mão do rádio, onde transmitia a Fórmula 1, para se dedicar ainda mais à TV.

"Tivemos algumas dificuldades na Copa das Confederações, por ser aqui no Brasil, já que as coisas não estavam totalmente prontas. Mas com certeza ir para o estádio narrar a Copa no Brasil é uma motivação. Fora que teremos uma resposta muito mais rápida. Tanto positiva, que aumenta a motivação, quanto a negativa, para você se recuperar", explicou.

Goiás: Magro, Walter tem vez na seleção

O lado torcedor de Téo José, com sua adoração ao Goiás, ganhou um novo ídolo recentemente, com o destaque do gordinho Walter, balançando as redes pelo clube.

"Dentro de campo, fazia tempo que o Goiás não tinha um ídolo com tanta carisma quanto ele tem. Ele está acima do peso, sabe que poderia render mais, mas diz que não consegue, porque come bolacha, toma Coca-Cola… Mas é impressionante. Ele é um guerreiro e com a simplicidade dele, é ídolo. Eu já colocaria como um dos principais de todos os tempos do Goiás", analisa ele.

Para Téo, se Walter perder alguns quilinhos, pode entrar na briga por uma vaga na seleção de Luiz Felipe Scolari.

"Acho que ele tem de perder peso, mas vai longe. Hoje, no Brasil, ele é o melhor que está atuando. Olha, vou dizer para você: vendo que o Felipão já que chamou Pato, Fred, Jô, Diego Costa… o Walter joga mais. Acho que não vai acontecer pelo peso. Mas, na bola, ele tem chance, sim", concluiu o narrador.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo


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