Boris Casoy revela passado como goleiro e juiz e diz que ainda hoje vai ao estádio, mas disfarçado
UOL Esporte
28/03/2012 06h00
Ricardo Zanei, em São Paulo
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Foto: Boris Casoy no "Jornal da Noite" da Band – Reprodução de TV
A voz é calma, mas firme. As opiniões, contundentes. Quem vê Boris Casoy na TV não imagina que ele tem uma longa relação com o futebol. O consagrado e bem-humorado jornalista começou na profissão justamente por causa da bola. Foi um "bom goleiro", chegou a apitar partidas na várzea e admitiu que já usou disfarce para acompanhar um joguinho no estádio.
Casoy e a irmã foram operados nos EUA aos 9 anos. Pouco depois de voltar ao Brasil, já com o movimento da perna recuperado, foi levado por um cunhado palmeirense para assistir a um jogo do time alviverde no Pacaembu. Começava, ali, outra história de amor, agora com o futebol. "Eu me apaixonei por futebol. Tinha acabado de operar e comecei a jogar na rua, coisa que eu não fazia antes."
"Eu era o goleiro da escola, jogava sábado de manhã, sábado à tarde, domingo de manhã, domingo à tarde, tudo em times diferentes. Fui um goleiro regular, mas as pessoas diziam que eu era bom", disse Casoy.
Já a carreira promissora do jovem goleiro foi interrompida por causa da miopia. "Tentei até jogar de óculos, mas, no primeiro jogo, me espatifaram as lentes. Eu tinha uns 19 anos, aí resolvi ser juiz de futebol."
Casoy passou, então, a apitar jogos na várzea. A trajetória do árbitro terminou, literalmente, em uma fuga. "O pessoal me conhecia porque eu sempre apitava jogos no estádio do Ibirapuera. Ali, teve um campeonato de congregações vicentinas da igreja católica, e eu fui chamado para apitar. Tinha torcida, e as coisas começaram a engrossar. Os dois capitães disseram que iam me bater, fui ameaçado pelos dois times, e fui adiando o fim do jogo. Aí, os dois times começaram a brigar, eu aproveitei e saí correndo, peguei um táxi e fui embora para casa. Falei que nunca mais ia apitar um jogo", revelou. Como "souvenir", o jornalista levou o apito, que havia sido dado pelos organizadores.
Se a trajetória como juiz terminou aos 20 anos, a carreira no jornalismo esportivo durou um pouco mais e foi até os 23. "Nessa época, eu era muito apaixonado por futebol. Sabia tudo, conhecia todos os jogadores. Saí do esporte com 22, 23 anos. Comecei a me interessar por política, isso acompanhou o tipo de evolução que eu adotei na minha vida pessoal e intelectual. Não que o esporte seja atrasado, mas fui vendo que eu gostava de outras coisas além do esporte", afirmou Casoy.
"Às vezes, vou ao estádio, mas vou meio disfarçado, de chapeuzinho e tal. Já fui ao Pacaembu e ao Parque Antarctica também. Esse ambiente da torcida é muito gostoso", disse. "Minha grande distração é o futebol, junto com teatro e leitura. São coisas que me abstraem do mundo. Sou palmeirense, mas se tiver um bom jogo que não seja o do Palmeiras, eu prefiro o bom jogo."
Mesmo com o passado jornalista esportivo, Casoy descarta comentar um jogo. "Perdi um lapso de tempo muito grande. O futebol mudou muito. Qualquer brasileiro fala de futebol, mas eu não passo disso. Vejo os comentaristas, e isso não é mais pra mim, fui ultrapassado pelo futebol moderno. Se eu fosse comentar, eu estaria enganando o telespectador", disse. "Antes, o cara pegava na bola e eu sabia a biografia dele. Hoje, o cara saca o notebook e sabe tudo. Não sei se eu seria capaz de transmitir."
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