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Chico Silva: Globo teve quatro "funcionários do mês" durante Copas

Chico Silva

11/07/2019 12h00

A ideia nasceu na maior rede de lanchonetes fast food do mundo e foi copiada por várias empresas planeta afora. O colaborador mais bem avaliado do período tem sua foto pendurada na parede com o título de "funcionário do mês". Nos últimos 30 dias, o Grupo Globo transmitiu Mundial Feminino e Copa América quase com exclusividade (dividiu com a Band os jogos do torneio das mulheres). Nesse intervalo, um quarteto global merecia ter seu quadro exibido nos estúdios dos canais no Jardim Botânico e Barra da Tijuca: Marcelo Adnet, Ana Thaís Mattos, Gustavo Villani e Júlia Guimarães. Eles foram os destaques nas transmissões e programas sobre os dois principais eventos futebolísticos do ano.

(Reprodução/SporTV)

Soy Louco por ti, Adnet

Não é de hoje que Marcelo Adnet brilha na tela da Globo. Desde que chegou, vindo da MTV Brasil, o humorista se tornou um dos principais nomes do entretenimento da emissora. A consagração mesmo veio com o "Tá no Ar", atração que estreou em 2014 e reinventou o jeito de fazer humor na Globo. Com direção de Maurício Farias e redação final de Marcius Melhem e do próprio Adnet, o programa fugiu da fórmula fácil e desgastada de fazer rir com piadas machistas, racistas, homofóbicas e gordofóbicas.

Adnet e equipe nem tiveram tempo de lamentar a última temporada do "Tá no Ar", o episódio derradeiro foi às telas em abril. Logo na sequência surgiu a ideia do "Soy Loco por Copa América". Com o torneio de seleções do continente como pano de fundo, o comediante imitou as principais estrelas do esporte da Globo e se saiu muito bem.

Ninguém escapou das brincadeiras daquele que é hoje a grande estrela do humor da casa. Sobrou até para o presidente Jair Bolsonaro, que foi "homenageado" com uma narração com "viés ideológico" dos melhores momentos do empate entre Brasil e Venezuela, país que é alvo de críticas do presidente e seus aliados por ser governado por um presidente de esquerda, Nicolás Maduro.

De todas as imitações, a mais hilária foi a de Luiz Carlos Jr, famoso por seus hábitos e manias como fotografar estádios e colegas de transmissão com seu inseparável pau de selfie. Até colegas do locutor não resistiram e caíram na gargalhada com a impagável imitação de Adnet. Outra que merece menção foi a do juiz bombado Anderson Daronco, que ganhou uma paródia com o histórico quadro "Qual é a Música" dos programas do Sílvio Santos dos anos 80 e 90.

(Crédito: Ricardo Borges/UOL)

A voz do presente

Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre o talento e capacidade de Gustavo Villani, a Copa América e o Mundial Feminino acabaram de vez com qualquer uma delas. Foram os primeiros grandes eventos narrados in loco pelo narrador, a grande aposta da Globo para ser o "novo" Galvão Bueno. Villani saiu dos dois torneios ainda maior do que entrou.

Avalizado pela maior estrela da casa, que indicou sua contratação, o autor de bordões como "joga a luva, goleirão" e "camisa que entorta varal" trabalhou em jogos grandes dos dois torneios. Em um mesmo final de semana, narrou, no Sportv, a goleada por 5 x 0 do Brasil sobre o Peru, na última partida da primeira fase da Copa América, e a dramática eliminação do time de Marta, Cristiane e Formiga para a França na prorrogação na Copa do Mundo feminina.

O desempenho, bastante elogiado nas redes sociais, fez com que a Globo até cogitasse escalá-lo para a final do tradicional torneio de seleções no Sportv. Mas, na última hora, a experiência e precisão de Luiz Carlos Jr. acabaram prevalecendo. Nem o pequeno "deslize" de chamar o estádio do Corinthians de Arena São Paulo, nome oficial adotado pela Conmebol para a instalação, na disputa de terceiro lugar entre Argentina x Chile, o que gerou uma pequena guerra entre são-paulinos e corintianos nas redes sociais, arranhou a moldura do seu quadro de "funcionário do mês" da Globo.

(Crédito: Globo/João Cotta)

A comentarista que fez história

O dia 9 de junho entrou para a história da televisão brasileira. Às 10h18min daquele domingo, pela primeira vez uma mulher iria comentar uma partida de futebol na principal emissora do país. A façanha coube a Ana Thaís Mattos, jornalista que havia estreado na função meses antes nas transmissões do Sportv no Campeonato Paulista. E seu debut foi logo ao lado do maior nome da casa.

Galvão Bueno narrou a vitória por 3 x 0 do Brasil sobre a Jamaica na estreia brasileira na Copa do Mundo Feminina. Prova do seu bom trabalho no Mundial é que ela foi escalada para a final, disputada entre Estados Unidos e Holanda e vencida pelas americanas. Ana Thaís foi a estrela mais visível da constelação feminina da Globo no evento francês. Foi a maior cobertura da história da emissora que teve sua primeira edição disputada na China, em 1991.

Além de Ana Thaís na Globo, o Sportv teve nos comentários de Milene Domingues, a "Rainha das Embaixadinhas" e ex-mulher de Ronaldo Fenômeno, e Nadja Mauad, repórter da Globo Curitiba que foi deslocada para o Rio de Janeiro especialmente para o Mundial. A Globo enviou para a França uma equipe com dez profissionais. Entre elas estavam as três mulheres que acompanharam chute a chute as meninas do Brasil em solo francês: Carol Barcelos, a repórter de campo dos jogos do Brasil na Globo, Amanda Kestelman e Lizandra Trindade.

O trio se revezou nas transmissões do Sportv e na produção de conteúdo para as plataformas do grupo. A Globo estuda incorporar Ana Thaís ao elenco principal de comentaristas da emissora. Caso isso se confirme, será a única que não calçou chuteiras num time formado por Roger, Caio, Casagrande e Júnior.

"Levanta sacode a poeira e dá a volta por cima"

A cena foi constrangedora. A repórter Júlia Guimarães não disfarçava o incômodo de entregar a Sidão o troféu de "melhor" jogador da partida entre Santos x Vasco pelo Campeonato Brasileiro. O prêmio foi uma clara ironia e deboche dos internautas. O goleiro vascaíno havia falhado clamorosamente em um gol e não conseguido defender um chute relativamente fácil em outro. Seus erros foram decisivos para a derrota vascaína à equipe paulista por 3 x 0 no Pacaembu.

A saia justa levou a repórter às lágrimas nos vestiários. Colegas de emissora, como Casagrande e Luís Roberto, saíram em sua defesa. Mas a imagem da repórter não foi arranhada e dias depois veio a recompensa: foi escalada para cobrir a Seleção Brasileira na Copa América. Júlia Guimarães fez parte de um time formado por estrelas como Tino Marcos, que completou 30 anos de sua primeira cobertura de Seleção Brasileira, Eric Faria, Bárbara Coelho e André Galindo, que, com a suspensão de Mauro Naves, motivada por sua participação no caso Neymar, foi incorporado à equipe.

Júlia mostrou segurança e competência. Como prêmio foi escalada para acompanhar o Peru na final contra o Brasil no Maracanã. Júlia não sentiu o peso da responsabilidade e provou que está pronta para o trabalho nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e na Copa do Catar 2022, os próximos megaeventos no radar da emissora.

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