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Flávio Canto relembra que quase tomou ippon na Dança dos Famosos

Marcelo Tieppo

22/05/2019 12h00

Apresentador da Globo, Flávio Canto já passou por vários programas desde que trocou o tatame pela TV:  Esporte Espetacular, Corujão do Esporte, Madrugada Sportv, Balada Olímpica, Boletim Paralímpico e Sensei Combate. Preparando-se para voltar ao vídeo para apresentar o Criança Esperança e aguardando um novo projeto relacionado ao Pan, o ex-judoca não tem dúvida sobre qual foi o maior constrangimento nesses seus oito anos de televisão.

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"Nunca fiquei tão constrangido como na Dança dos Famosos, do Faustão, porque eu não sei dançar. Em um dos ensaios, joguei a dançarina mais pro alto do que deveria e na volta ela acertou o cotovelo no meu rosto. Saí dali direto para o hospital. Tomei quatro pontos e voltei a ensaiar depois", relembra Flávio, que participou do quadro em 2015, ao lado da dançarina Ivi Pizzott.

Apesar de quase ter levado um ippon da dançarina, Flávio Canto ainda hoje é elogiado pela participação no programa. "Isso é engraçado. Os mais desavisados acham que eu danço bem. Ali, você aprende a fazer o ABC e olhe lá', brinca o apresentador.

A seguir, o judoca, que nasceu em Oxford, na Inglaterra, e conquistou a medalha de bronze na Olimpíada de Atenas, em 2004, fala sobre a carreira na TV, as palestras motivacionais e sobre o seu maior orgulho: o Instituto Reação, que ensina crianças das favelas cariocas a lutarem judô, e que já rendeu até um ouro olímpico, o de Rafaela Silva, na Olimpíada do Rio de Janeiro.

A morte do atleta

(Créditro: AFP PHOTO / TOSHIFUMI KITAMURA)

Depois de conseguir bons resultados nos tatames, em 2010, Flávio Canto teve um problema muito sério na perna. Ele chegou a ficar 20 dias internado e isso o afastou das competições. "Era uma bactéria muito agressiva, fiquei sete meses parado. Até voltei a competir depois, mas nesse momento surgiu o convite para trabalhar na Globo", relembra o ex-judoca.

Canto foi para a Olimpíada de Londres como comentarista do Sportv e viveu uma situação inusitada. "Naquele momento, eu era o número 22 do ranking e, se acontecesse algo com o Leandro Guilheiro (titular da categoria), eu era o reserva. Vivia brincando para ele tomar o maior cuidado porque eu não treinava há muito tempo."

Ele agradece por ter percebido na hora certa que a sua morte como atleta havia chegado. "O atleta vive na Terra do Nunca, acha que nunca vai envelhecer. Nós temos duas mortes em vida. Felizmente, eu percebi que a minha tinha chegado naquela hora."

O exemplo do judô usado na TV

(Crédito: João Cotta/Globo)

"Comecei muito tarde no judô, com 13, 14 anos. As crianças geralmente começam com seis. Tive que treinar o dobro pra poder me igualar a eles. Também comecei tarde na TV, com 35 anos. Então, corri atrás de tudo o que é jeito. Quando me chamaram para apresentar um programa durante a Copa de 2014, no Sportv, que começava meia-noite e ia até às 7h da manhã, achei ótimo. Me deu muita segurança na apresentação."

"Quando fui apresentar o Esporte Espetacular, em 2016, já estava mais treinado. Tinha apresentado durante três anos o Corujão Esporte. Durou pouco tempo, menos de um ano. Mas fiz coisas legais, como as reportagens na Série Eficientes, com atletas paraolímpicos. Lembro de uma com o Daniel Dias. Ele reencontrou o médico que tratou dele, a professora de natação. Foi muito legal. Depois fiz um reality de judô dentro do programa também. Sou pau pra toda obra."

A medalha de ouro de Rafaela

(Crédito: Danilo Verpa/Nopp)

Em 2000, Flávio Canto decidiu criar o Instituto Reação, que conta aproximadamente com 1.800 alunos e ensina crianças das favelas cariocas a praticar judô. A ideia fez o ex-atleta ter uma das maiores emoções ao ver uma das alunas, Rafaela Silva, criada na Cidade de Deus, ganhar o ouro olímpico justamente no Brasil.

"Foi muito emocionante. O técnico dela era o mesmo que o meu. A ideia lá atrás de aproveitar o potencial de quem não tem oportunidades, isso tudo vinha na lembrança. A gente provou que era possível transformar através do esporte. E eu ainda tive a sorte de estar como comentarista quando a Rafaela ganhou a medalha de ouro na Olimpíada e também o ouro no Mundial, em 2013."

Palestras

Flávio Canto dá uma média de seis palestras por mês, muitas são uma contrapartida para os parceiros que apoiam o Reação. Nelas, o ex-judoca fala da sua experiência na TV, no Instituto e procurar mostrar como o exemplo do esporte pode ser importante para o mundo corporativo.

"Gosto muito de fazer roteiro, de escrever. Tem sempre uma mensagem principal, mas eu vou adaptando as palestras dependendo do público.  É uma das minhas grandes paixões atualmente. Mais do que conquistar, procuro mostrar a importância de deixar um legado. Ora derrubando e ora caindo, no final da jornada, chega mais longe quem tem a determinação de levantar mais vezes."

Os próximos passos

(Crédito: Globo / João Cotta)

"Vou apresentar o Criança Esperança, em agosto. Eu sou um dos mobilizadores e já começo a visitar os projetos no mês que vem. É uma coisa muito legal de se fazer, porque o meu projeto já foi contemplado e hoje sou eu que posso dar a notícia que um dia levaram pra mim. Também deve pintar um programa sobre o Pan, no Sportv. E em breve deve começar o planejamento para a Olimpíada de Tóquio."

"Essa próxima Olimpíada vai ser muito especial porque, além do judô, vai ter a estreia do surfe. São meus dois principais esportes. Adoro surfar, sou um surfista frustrado. Eu nasci na Inglaterra, mas considero o Japão meu segundo país por tudo que aprendi com o judô: a cultura e a essência japonesas. Espero que eu esteja lá em 2020 comentando em uma Olimpíada mais uma vez, como foi em 2012 e 2016."

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