Fabiola Andrade "não se cala" e posta texto sobre homem morto por militares

(foto: reprodução/Instagram)

A repórter Fabiola Andrade, do SporTV e da TV Globo, não conseguiu "se calar" sobre o homem morto por militares ontem (7), no Rio de Janeiro, no bairro de Guadalupe. Segundo a Polícia Civil, mais de 80 disparos foram realizados contra o veículo dirigido pelo músico Evaldo Rosa dos Santos.

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"Esse texto não é meu, mas é exatamente o que penso. Hoje não poderia me calar. Desculpe. Dói muito", escreveu Fabiola no Instagram, compartilhando a mensagem que pode ser lida abaixo – a própria repórter ressaltou que o texto não é de sua autoria, mas o autor não foi mencionado.

"80 tiros.
Foi o que o exército disparou.
Vou repetir: 80 tiros.
Contra uma família. Inocente.
E ainda debocharam deles depois do massacre.
O perfil das vítimas a gente já sabe, né?
A gente sempre soube e nunca faltou aviso.
Negros. Pobres. Da periferia/subúrbio.
Você pode ficar de luto, abatido, consternado, desolado e sem esperança.
Mas você não pode ficar surpreso. Nem perplexo.
Porque todo mundo sabia que isso iria acontecer.
E não foi por falta de aviso.
Foram OITENTA TIROS.
Numa família que seguia para um chá de bebê."

Dez militares foram presos em flagrante, na manhã de hoje (8), pelo assassinato de Evaldo Rosa dos Santos, que estava com a família (sua mulher, o filho de sete anos, o sogro e uma amiga) e dirigia a caminho de um chá de bebê quando o automóvel foi abordado.

Com base em uma lei de 2017 sancionada pelo então presidente Michel Temer (MDB), o Exército brasileiro assumiu as investigações sobre o caso. Os laudos já feitos pela Polícia Civil do Rio serão fornecidos à Justiça Militar da União.

O delegado responsável pela delegacia de homicídios do Rio de Janeiro disse, à TV Globo, que os militares teriam confundido o carro com um veículo de assaltantes e ressaltou a posição da família de Evaldo: a vítima não tinha envolvimento com atividades criminosas.

"Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma (no carro). Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares", afirmou o delegado Leonardo Salgado.