Varredura em cartórios em SP revelou grana extra da Turner ao Palmeiras
Principal motivo de desgaste entre os clubes e o Esporte Interativo, o pagamento de um contrato extra ao Palmeiras além do acordo de transmissão do Campeonato Brasileiro na TV fechada a partir de 2019 foi "desvendado" a partir de uma operação que envolveu a contratação de um escritório de investigação em São Paulo, a "varredura" em cartórios locais e a caça às atas das reuniões do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) alviverde.
Conforme apurado pelo UOL Esporte, foram reunidos documentos do conselho palmeirense que compreendem o período de 2016 a 2018 e revelam os detalhes da divisão dos R$ 100 milhões desembolsados pela emissora aos atuais campeões brasileiros.
Os demais times, no entanto, receberam apenas R$ 40 milhões e pleiteiam o repasse de mais R$ 60 milhões para honrar o que foi discutido inicialmente, segundo eles, para a assinatura do acordo.
Santos, Inter, Bahia, Ceará e Coritiba se juntaram na 'briga' que, caso venha a ser levada às suas últimas instâncias, pode resultar em um processo que superaria a cifra dos R$ 360 milhões nos tribunais.
Essa conta inclui ainda o Atlético-PR, que, neste momento, tem adotado um comportamento um pouco mais distante das conversas por meio do presidente de seu Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, desafeto declarado da concorrente Rede Globo, embora ensaie uma reaproximação dentro do mercado estadual.
Para o sexteto, se a divergência persistir e tiver como desfecho a necessidade de pagamento do montante total, isso poderia inviabilizar a transmissão da Série A por parte do Esporte Interativo.
O Palmeiras, por sua vez, não comenta oficialmente o assunto, mas pessoas ligadas à cúpula alviverde confirmam o recebimento dos R$ 60 milhões a mais em luvas do Esporte Interativo e defendem que o clube fez a sua própria negociação, não tendo qualquer relação com o imbróglio envolvendo os demais.
A iniciativa de reunir as provas nos cartórios paulistas foi tomada pelo Bahia, que atingiu um nível de insatisfação tão grande com a postura do grupo americano a ponto de preferir se ausentar de seu evento de lançamento dos pacotes para o mercado publicitário na semana passada, em São Paulo.
A partir disso, os documentos foram encaminhados aos outros times, que confrontaram o EI e o notificaram extrajudicialmente alegando descumprimento do contrato: o acordo era para que todos recebessem de forma igual, mas o Palmeiras ganhou mais pelas luvas.
Até pouco tempo atrás, o Esporte Interativo, que pertence ao grupo americano Turner, sustentava o discurso que o montante palmeirense se devia a dois contratos diferentes, sendo que um deles supostamente nada teria a ver com as luvas.
Em reuniões recentes com os clubes, de acordo com apuração do UOL Esporte, o Esporte Interativo, enfim, fez uma mea-culpa, assumiu o desgaste pelo benefício ao Palmeiras e acenou com uma compensação financeira para encerrar de uma vez por todas o imbróglio. Ficou combinado que uma proposta será encaminhada às partes até o próximo dia 15. A entrada nos cofres desse dinheiro é tida como fato consumado pelos times.
O EI aproveitou o mesmo encontro que teve com cada clube para reforçar que o seu projeto se encontra mais forte do que nunca e prometeu brigar de frente com a Rede Globo em sua primeira temporada transmitindo o Brasileiro.
A emissora tem sete equipes confirmadas na Série A em 2019: Palmeiras, Inter, Santos, Atlético-PR, Bahia, Fortaleza e Ceará. As outras 13 estão sob contrato com a Globo.
Questionado pela reportagem sobre o acordo com o Palmeiras, o EI afirmou não discutir sua relação com os clubes por meio da imprensa. Ainda negou que haja risco às transmissões de 2019.
"A Turner cumpre integralmente os seus contratos e não tem nenhum receio de rompimento, estamos tranquilos quanto a isso e não precisamos fazer mea-culpa por qualquer razão. Faremos um Brasileirão como o torcedor nunca viu", disse a emissora.
"Vamos fortalecer a liderança e engajamento do Esporte Interativo nas mídias sociais e continuar a conversa permanente com o torcedor, como sempre fizemos, mesmo antes do Brasileirão. O futebol enriqueceu a programação de canais TNT e Space, permitindo a criação destes Superstations, que é a combinação de conteúdos de primeira linha, audiências médias elevadas, maior distribuição e engajamento. Só a Turner oferece isso".
Por Danilo Lavieri, Marcus Alves e Napoleão de Almeida
Do UOL, em Lisboa (POR) e São Paulo (SP)
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