Linha de Passe completa 20 anos sem ceder à gritaria

A atual bancada do programa "Linha de Passe". Crédito da foto: Divulgação
Não é fácil se manter no ar por 20 anos em tempos de proliferação de mesas-redondas nos canais esportivos e concorrência acirrada por audiência. Por isso, o mês de agosto é de festa para o "Linha de Passe", que comemora duas décadas na grade de programação da ESPN Brasil e vai levar ao ar nesta sexta-feira (31), às 21h, uma edição especial sobre a trajetória da atração, uma das referências em debate na TV por assinatura.
Desde a exibição do primeiro programa, em 10 de agosto de 1998, o "Linha de Passe" contou com nomes de peso em sua bancada, como Tostão, José Trajano, Juca Kfouri, Claudio Carsughi, Paulo Vinicius Coelho, Paulo Cesar Vasconcellos, Paulo Soares e Milton Leite, entre outros.
Qualificar o debate sobre futebol virou bandeira, mas por ironia foi um desentendimento que acabou marcando a história do "Linha de Passe" perante os telespectadores. Em 2006, o apresentador e narrador Paulo Soares se irritou ao ser interrompido e abandonou o programa ao vivo. A atitude de levantar-se da bancada assustou a José Trajano, que na época era diretor da ESPN Brasil. Na mesma semana, os dois gravaram um vídeo para apaziguar a polêmica.
"O episódio com o Paulo Soares marcou fundamentalmente o programa", admitiu João Palomino, vice-presidente de Jornalismo e Produção da ESPN, ao UOL Esporte. Coincidentemente, ele assumiu a apresentação do "Linha de Passe" após o fato. "Muita gente o associa a uma briga com o Trajano, mas a bronca (de Soares) era com o PVC e o Juca, e por isso ele ficou irritado. Mas ficou emblemático entre Trajano e Amigão", explicou.
Os comentários do programa são combativos, há discordâncias recorrentes entre os participantes, mas sem o hábito da histeria. Mesmo quando o clima esquenta na bancada, Palomino destaca a genuinidade da discussão como uma das razões do sucesso do "Linha de Passe" nesses 20 anos, diferentemente de boa parte de seus concorrentes de canais por assinatura, em que a gritaria se sobressai à opinião.
"A discussão tem de ser autêntica. A pessoa que gosta de futebol é muito questionadora. A pessoa não é burra, então a mesa-redonda tem de ser autêntica", defendeu o executivo, que fez uma analogia com o futebol para destacar essa característica da atração.
"Nenhum dos comentaristas ouviu de mim, e tenho certeza de que não ouviu do Trajano (quando era diretor da ESPN), o veto a alguma posição. Acredito muito na equipe e na responsabilidade de cada um. Evidentemente que opiniões dissonantes levam a um embate, mas isso nunca foi levado para o pessoal. Como se fosse o vestiário de um time, as questões se resolvem ali, colocou a camisa e um abraço", exemplificou.

Vice de Jornalismo e Produção da ESPN, João Palomino foi apresentador do "Linha de Passe". Crédito da foto: Divulgação
Boa audiência na Copa e mais edições durante a semana
Antes limitado a uma edição por semana, às segundas-feiras, o "Linha de Passe" ganhou mais espaço na programação da ESPN Brasil nos últimos anos. Atualmente são cinco programas, nas noites de segunda a sexta, às 22h ou após os jogos do dia.
Um dos motivos para aumentar a periodicidade da atração foram os bons números registrados durante a Copa do Mundo da Rússia, entre junho e julho. Mesmo sem ter direito de transmissão das partidas, a ESPN Brasil foi vice-líder de audiência entre os canais esportivos por assinatura na faixa de horário do "Linha de Passe", com crescimento de 42% no período.
"Tem relação com o sucesso na Copa, mas também atende ao desejo das pessoas. O 'Linha de Passe' sendo colocado em momentos relevantes da rodada é uma saída quer entendemos como natural e é baseada no apreço que as pessoas têm pelo programa", ponderou Palomino.
A "escalação" mais recorrente da bancada tem Paulo Andrade como apresentador, acompanhado dos comentaristas Arnaldo Ribeiro, Gian Oddi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira, mas com revezamento com outros destaques da casa, como Paulo Calçade, Leonardo Bertozzi, Eduardo Tironi e William Tavares. A ideia da ESPN para o programas após 20 anos no ar é adotar formações diferentes para cada dia da semana, e fazer com o que telespectador se acostume com ela.
"Queremos dar mais personalidade a cada edição, com um grupo mais frequente às segundas, às quartas, às sextas, para que as pessoas se identifiquem com o que estão assistindo", completou Palomino.
Thiago Rocha
Do UOL, em São Paulo
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