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"Líder máximo" levou bolo e pediu pesquisa em último dia de trabalho

UOL Esporte

17/04/2018 04h00

A morte do jornalista esportivo Ricardo Vidarte pegou a todos de surpresa e causou comoção nacional nesta segunda-feira, como um dos assuntos mais comentados e lamentados na internet. Aos 58 anos, ele foi vítima de uma parada cardíaca enquanto preparava a edição do dia do SBT Esporte, programa que conduzia no SBT do Rio Grande do Sul, onde trabalha desde 2007. Vidarte tinha 33 anos de profissão e carregava o bordão "líder máximo do futebol brasileiro", com o qual se referia aos colegas e entrevistados. O último dia de vida do "líder máximo" refletiu dois assuntos que várias pessoas ouvidas pelo UOL Esporte dizem quando o assunto é ele: profissionalismo e companheirismo.

De acordo com Débora de Oliveira, que dividia a apresentação do SBT Esporte com Vidarte, o colega levou à redação da emissora um bolo de banana para dividir com os outros jornalistas na manhã de segunda-feira. A cobertura do bolo não havia ficado muito boa por um erro na execução da receita, mas a iguaria foi apreciada pelo pessoal do esporte do SBT. Além disso, o jornalista estava conduzindo uma pesquisa e pediu ajuda dos colegas com a missão: relembrar quando foi a última vez em que Grêmio e Internacional venceram na primeira rodada do Campeonato Brasileiro.

A pesquisa que Vidarte nunca apresentou ao lado de Débora dá conta de que isto aconteceu em 2008, quando o tricolor gaúcho superou o São Paulo e o Colorado bateu o Vasco. Desde então, um ou outro grande gaúcho vacilou na abertura do Brasileirão.

O ano de 2008 foi o segundo de Ricardo Vidarte no SBT-RS. Antes disso ele havia passado por TV Record, Rádio Guaíba e Rede Pampa (rádio e TV), como apresentador, repórter, comentarista e também blogueiro, com atuação forte na parte de relacionamento e também marketing esportivo. Na profissão desde 1985, ele participou da cobertura de quatro edições da Copa do Mundo, além de Libertadores e Mundiais que tiveram a presença de times gaúchos. Sua última cobertura foi a vitória colorada sobre o Bahia, por 2 a 0, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro.

Um dos últimos entrevistados de Vidarte foi justamente um ex-técnico do Internacional, Lisca: "Um dia muito triste para todos nós esportistas aqui do Rio Grande do Sul, que gostamos do futebol e da imprensa. O Vidarte era um cara multi-funções na nossa imprensa, muito conhecido. Eu o conheci em 1990 e ele acompanhou toda minha carreira, sempre me chamando para os espaços dele, dando abertura a jovens treinadores. Quando recebi a notícia estava ouvindo rádio e realmente fiquei muito mexido. Tu começa a pensar uma série de situações na sua vida. Semana passada estive com ele, tinha um jantar marcado com ele para amanhã. É uma perda muito grande, um cara de muita informação e opinião forte. Não tinha muro com o Vidarte", reflete o treinador, que esteve no SBT Esporte no dia 5 de abril.

Algumas das definições sobre Ricardo Vidarte evidenciam o modo como ele era visto no trabalho e por colegas de profissão: espirituoso, maluco do bem, excelente profissional, rei dos bordões, leve, apaixonado pela profissão e querido amigo. Em contato com a reportagem, a ACEG (Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos) resumiu bem o assunto: "A lista certamente é enorme de quem poderia contar as histórias do nosso 'líder máximo"'.

Na manhã desta segunda, o jornalista sofreu um mal súbito por volta de 9h30 na redação do SBT. Ele foi socorrido por uma ambulância, mas já chegou ao Hospital Mãe de Deus sem vida em razão da parada cardíaca. Ele foi velado durante noite e madrugada e o enterro está marcado para as 10h30 desta terça.

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