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Após ameaça a Juninho, Galvão desabafa: intolerância está acabando com tudo

UOL Esporte

20/02/2018 08h41

Reprodução/SporTV

O narrador Galvão Bueno desabafou, durante o programa "Bem, Amigos" (SporTV) na última segunda-feira,  contra a "intolerância" no futebol e no Brasil depois que o comentarista do "Grupo Globo", Juninho Pernambucano, foi ameaçado nas redes sociais.

Galvão não citou o nome de Juninho, mas na noite do último sábado o ex-jogador analista foi às redes sociais para revelar ofensas que havia recebido de torcedores flamenguistas, incomodados com as críticas por ele feitas à comemoração com o gesto do chororô do atacante rubro-negro Vinicius Júnior. Na oportunidade, Juninho disse que procuraria a justiça e informou que pediu à TV Globo para não comentar a decisão da Taça Guanabara entre Flamengo e Boavista.

"A intolerância é que está acabando com tudo, não é só o futebol. É um comentarista fazer um comentário e receber ameaça de morte, é o jogador dançar aqui e ser agredido, é intolerância. Eu também acho que nesse mundo de hoje [é bom evitar], mas a questão é essa intolerância", condenou Galvão, após o comentarista Caio Ribeiro ter argumentado que a dança do créu, comemoração de Vinicius, jogador do Bahia, perto da torcida rival, deveria ter sido evitada.

"O Vinicius não tem que… 'Ah, é a dança que ele sempre faz, é o créu, faz nas redes sociais'. Faz na sua torcida, não vai fazer na torcida dos outros, porque desencadeia tudo isso", afirmou Caio, no que o narrador discordou dele: "Mas não devia era desencadear, Caio."

Em seu comentário, Galvão disse que a violência nas disputas futebolísticas não deve ser dissociada de outras violências envolvendo os diversos segmentos do país. "São os maus exemplos que vêm de cima, essa imundice que é jogada na nossa cara todos os dias. Nós temos que parar de ser bonzinhos, porque é uma imundice jogada em cima da gente que vem das mais altas esferas do país, na parte política, empresarial, naquele que suborna, naquele que é subornado, naquele que faz a intermediação. E aí vai para a violência. O Rio vive, sim, um momento de…", desabafou.

"O Brasil tem cinco títulos mundiais, que é bom dizer que é pentacampeão mundial, não é? O Brasil é bicampeão mundial de basquete, não é bacana? E quantas medalhas olímpicas, e quantos campeões? O Brasil é o país de maior consumo de crack no mundo. O Brasil é o país por onde passa a maior quantidade de droga do mundo. E o Brasil se não me engano é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo. Isso é título para ter? O que isso tem a ver com esporte? Tá tudo dentro do mesmo pacote, tá tudo dentro da mesma panela, com a mesma pressão existindo por ali", complementou.

E deu novo recado no programa do SporTV: "Não é possível que as pessoas sejam tão intolerantes? Não é possível que não se possa ter uma opinião, que não se possa festejar um gol. Não é possível ser possível o que está acontecendo. Vamos esperar, pensar de forma positiva é bom, mas é preciso que aqueles tenham algum poder realmente de tocar a opinião pública façam a sua parte. Ajuda, cada um fazendo a sua parte e deixando claro que não pode é continuar do jeito que está. Não estou aqui discutindo decisões políticas ou administrativas, porque não me cabe isso e não seria nem ético, a minha função é emitir, sim, opiniões e conceitos de valores na parte esportiva. Para isso eu estou aqui, mas estamos vivendo um momento muito difícil", finalizou.

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