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Galvão detona preconceito com idade e manifesta apoio a Antonio Lopes

UOL Esporte

11/12/2017 23h12

Foto: Reprodução/SporTV

No programa Bem, Amigos! da noite desta segunda-feira (11), o narrador Galvão Bueno manifestou apoio a Antonio Lopes, gerente de futebol do Botafogo, que fez um desabafo, por meio da publicação de uma carta aberta, pelas críticas que vem recebendo na função, creditando-as a um preconceito em relação à idade (76 anos).

"Só falam que sou velho e que já tenho de estar em casa cuidando dos meus netos, com grande dose de ironia. Em um país que se combate tanto o preconceito em relação a raça, cor, opção sexual, pouco se discute o preconceito em relação a idade", queixou-se o profissional.

Lendo trechos da carta, Galvão falou o que pensa sobre o assunto:

"Nós temos aqui [no estúdio] pessoas com idade trabalhando e tendo competência naquilo que trabalha. Antonio Lopes, que foi campeão brasileiro com Corinthians, com Vasco, foi campeão do mundo trabalhando com o Felipão [na Copa de 2002]. Gente, o trabalho que ele fez recentemente no Atlético-PR. Tem torcedores que chegam para desacatar, e não têm respeito, chegam para agredir, que chamam pejorativamente de velho: 'Vai para casa, velho'. O que é isso, que mundo é esse? Onde nós estamos? Onde está a educação, onde está a cidadania, a formação dessa parte de torcedores de futebol? Há de se respeitar as pessoas, independentemente da idade que elas têm. Há de se respeitar ainda mais, pela idade e capacidade de trabalho", cobrou o narrador do Grupo Globo.

Em seguida, o apresentador da atração do SporTV mencionou experientes profissionais de sucesso no mundo do esporte, casos de Jupp Heynckes, que abandonou a aposentadoria e voltou a ser treinador do Bayern de Munique aos 72 anos; Bill Belichick, 64 anos, técnico do New England Patriots, tendo vencido o seu quinto Super Bowl neste ano; Vicente del Bosque, que aos 61 anos levou a Espanha à conquista da Eurocopa de 2012; Anna Botha, 74 anos, treinadora do sul-africano Wayde Van Niekerk, recordista mundial dos 400m nos Jogos Olímpicos Rio-2016; o lendário técnico escocês Alex Ferguson, que se aposentou aos 71 anos após vencer com o Manchester United a Liga Inglesa pela 13ª vez; e de Mario Jorge Lobo Zagallo, ex-jogador, técnico e coordenador, vice-campeão da Copa de 1988 com a seleção aos 66 anos.

"Esses são os exemplos, é a resposta que o Bem, Amigos! dá a essa falta de respeito que passa a existir. Há um preconceito e uma falta de respeito, discriminação profunda", disparou Galvão, inconformado com os ataques a Antonio Lopes.

Um dos convidados do programa de Galvão, o agora ex-jogador Zé Roberto, de 43 anos, novo assessor técnico do Palmeiras, contou ter sofrido preconceito pela idade em sua chegada ao Santos, logo após disputar a Copa do Mundo de 2006 na Alemanha e ter sido um dos destaques daquele Mundial.

"No meu caso, eu, a partir do 32 anos, fui questionado a respeito da idade. Quando terminei o meu contrato jogando pelo Bayern de Munique, disputando uma Copa do Mundo com 32 anos, entrando para a seleção dos 23 melhores jogadores, ganhando como o melhor jogador em dois jogos daquela competição, eu fui contratado pelo Santos e quando cheguei, com 32 para 33 anos, eu fui questionado pela idade: 'Mas como que o Santos pode contratar um jogador com 33 anos, em fim de carreira?"', recordou.

"Eu recebi aquilo como uma afronta e me trouxe um novo desafio, porque para muitos eu estava voltando ao Brasil para encerrar a carreira, para passar um tempo no clube, mas para recebi como um desafio. De provar para os críticos de que eu tinha muita lenha para queimar", enfatizou.

"Foram mais dez anos muito produtivos para a minha vida, para a minha carreira e que me fizeram crescer. Então, do Santos, jogando dez meses, fui contratado pelo Bayern de Munique aos 35 anos. Fazendo uma grande temporada, no Hamburgo me ofereceram um contrato de dois anos, joguei lá até os 37, depois joguei um ano no Qatar, com 38 anos, voltei ao Brasil para jogar no Grêmio, até os 40, do Grêmio vim para o Palmeiras para jogar um ano e joguei três anos, e com 41, 42 anos fui tricampeão da Copa do Brasil, com 42 anos campeão brasileiro. Poderia ir mais uns dois, três anos, mas decidi parar", contou sobre a trajetória.

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