Audiência da decisão da Copinha dá mais força contra as cotas iguais na TV
Mauricio Stycer
Crítico do UOL
Os números consolidados do Ibope da final da Copa São Paulo de juniores, divulgados nesta terça-feira (26), confirmam a audiência extraordinária registrada pela Globo com a transmissão de Corinthians e Flamengo.
Em São Paulo, a emissora marcou 15 pontos, um crescimento de 8 pontos (ou 114%) em relação à média no horário nas últimas quatro segundas-feiras. No Rio, o jogo deu 14 pontos, um aumento de 4 pontos (ou 40%) em relação à audiência do horário ("Bem Estar", "Encontro com Fátima Bernardes" e parte do noticiário local).
O fato de a partida envolver os times com maior torcida no país certamente contribuiu para esta audiência. Em 2014, exibindo Corinthians x Santos, a Globo registrou média de 11 pontos em São Paulo. No ano seguinte, com Corinthians x Botafogo (SP), a audiência foi de 12 pontos.
A audiência da final da Copinha coloca mais lenha numa fogueira polêmica: a divisão dos direitos de transmissão pagos pela Globo aos clubes. No momento em que vários deles reivindicam uma distribuição mais equitativa, Corinthians e Flamengo encontram no Ibope de segunda-feira um argumento em defesa da ideia de que os times que têm maior torcida e dão mais audiência merecem ganhar mais.
Desde a implosão do Clube dos 13, em 2011, a Globo passou a negociar com cada clube individualmente, e não mais em bloco, como ocorria. Esse procedimento beneficiou justamente Corinthians e Flamengo, aumentando a distância da cota que recebem dos valores dos demais.
Os contratos individuais levam em conta a audiência que os clubes proporcionam e a venda de pacotes de "pay per view" (ao adquiri-lo, o cliente revela para que time torce).
O modelo inglês é sempre citado nestas discussões. Na Premier League, a distribuição de direitos obedece a três critérios: 50% do total é igual para todos os clubes, 25% segue a colocação da equipe na temporada anterior e 25% é de acordo com a audiência.
Para diminuir a diferença que os separa de Flamengo e Corinthians, os outros clubes falam da necessidade, primeiro, de a Globo exibir as partidas de forma mais equilibrada. O blog do Rodrigo Mattos mostrou no UOL Esporte que o Palmeiras, em 2015, foi o grande clube paulista que menos teve jogos transmitidos pela Globo apesar de ter se classificado para duas finais do Paulista e da Copa do Brasil.
Se a Globo expõe menos um determinado clube, é natural que ele tenha menos audiência que outro visto com maior frequência. Por outro lado, a emissora tem números para mostrar que alguns times produzem resultados no Ibope melhores do que outros. Foi o que aconteceu, mais uma vez, na final da Copinha.
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