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Caio vê futebol moderno "difícil" com Dunga e defende Guardiola na seleção

UOL Esporte

30/10/2015 23h52

caio

Em entrevista nesta sexta ao programa 'Fim de Expediente', comandado por Dan Stulbach na rádio CBN de São Paulo, o ex-jogador comentarista da TV Globo, Caio Ribeiro, disse que se dependesse dele iria ao exterior e bateria na porta de Guardiola para convidá-lo a treinar a seleção brasileira.

"Qual é o melhor futebol do mundo? É o brasileiro. Não é a que mais conquistou e mesmo em baixa ainda tem o respeito do mundo? Então eu acho que o treinador da seleção brasileira tem que ser o melhor treinador do mundo. Eu iria atrás do Guardiola. Eu vou lá na Espanha, em Munique, bato na porta do Guardiola e falo: 'cê tá a fim? Tá a fim de morar no Brasil, conhecer um pouco da nossa cultura? Eu sei que o conhecimento esportivo você tem, mas entender o que é a seleção brasileira pro povo brasileiro, porque a gente precisa de um projeto diferente do que está aí'.

Caio ponderou que respeita quem, diferente dele, defenda que obrigatoriamente tenha que ser um brasileiro a comandar a seleção. O ex-jogador, então, também disse qual o seu preferido: "nesse caso, não tem outro nome que não seja o Tite", sugeriu.

O analista da Globo aproveitou uma pergunta sobre Neymar para falar sobre conceitos modernos de jogo, segundo ele aplicados por ambos os treinadores por ele defendidos, e que gostaria de verem implantados no time brasileiro, o que Caio não vê muita chance de acontecer com o atual técnico do Brasil, Dunga.

"Acontece com as equipes que o Guardiola dirige e com o Corinthians do Tite: tem que criar funções para o jogador sem a bola. Tem que entender que quando o coletivo funciona, aparece a sua qualidade individual. Correr com a bola não adianta mais. Driblar, dois, três caras e fazer o gol vai acontecer uma vez em dez tentativas. Agora, quando tem um sistema de jogo treinado, e isso é colocado na cabeça dos jogadores pelo treinador, o jogador entende que tem funções, e o Neymar também tem que se adequar a elas, aí o individual aparece", analisou.

"Tem alguma chance disso acontecer com o Dunga?", questionou, na lata, Dan Stulbach. "Eu acho que é um pouquinho mais difícil", respondeu Caio, com o seu jeito peculiar de se expressar. "Cê é muito educado", brincou Dan.

Sobre os 7 a 1 que o Brasil levou da Alemanha na Copa, Caio criticou a estratégia utilizada pelo então treinador Luiz Felipe Scolari para aquela partida: "tínhamos que montar um esquema de acordo com as nossas limitações. É a Alemanha, beleza, vamo fechar a casinha lá atrás, botar todo mundo atrás da linha da bola e tentar 1 a 0. Era reconhecidamente superior a seleção alemã, então sabíamos que jogar de peito aberto, de igual para igual não dava pra ganhar, e aí entra o Felipão. Treinador, comissão técnica e jogadores, todos têm a sua parcela de culpa, mas taticamente nós entramos muito expostos. Não imaginava 7 a 1, achei que a gente perderia de uns 2 a 1, 3 a 1", admitiu ele, acrescentando que lamenta ainda mais pela falta de mudanças profundas pós-vexame em nosso futebol.

"Ficaria menos decepcionado se depois dos 7 a 1 houvesse uma mudança geral, se aquilo tivesse servido para…'olha, vamo limpar, começar do zero, aprender com os nossos erros, vamo olhar o que eles tão fazendo bem feito e de acordo com a nossa cultura começar de novo'. Aí valeria pra alguma coisa o 7 a 1", comentou.

"Você vê escândalo na CBF, mais do mesmo, para não citar nomes, o estilo de jogo, também, [da falta] de um resgate. Eu procuro me policiar muito nos meus comentários, em relação à cultura do resultado: ganhou, tá tudo ótimo, perdeu, tá tudo uma porcaria. O esporte é mais do que isso, tem uma questão cultural, de entretenimento. Claro que eu sempre quis ganhar na minha vida, mas, poxa, quero ganhar respeitando a lealdade do esporte, jogando de uma maneira que o brasileiro se acostumou a ver, seleção de 82, com bola no chão, com drible, com alegria, com um futebol mais ofensivo. Isso a gente tem visto pouco hoje em dia", reforçou a crítica.

Treinador bravo no 'Bem, Amigos' por sua crítica

Mesmo com o seu jeitão mais cuidadoso com as palavras durante os comentários na Globo e em programas do Sportv, Caio Ribeiro revelou que já lidou algumas vezes com treinadores bravos com algo que disse na televisão.

"Faz parte da minha profissão pegar um pouquinho mais pesado, mas sempre com educação, nunca vou falar 'esse cara é uma porcaria, não entende nada de futebol'. Eu vou falar: 'olha, eu faria diferente, acho que uma outra alternativa…', sempre para dar um ponto de vista diferente, mas às vezes os caras ficam meio bravos comigo e aí encontro no dia seguinte no 'Bem, Amigos'.", iniciou.

"Graças a Deus nunca tive nenhum arranca-rabo ao vivo. As situações que poderiam caminhar para esse lado a gente resolveu de uma maneira bacana. Por respeito, não vou falar o nome, mas sabia que ele [treinador] tava meio bravo porque eu tinha criticado e aí tenho muito amigo no futebol [que acaba contando]: 'pô, o professor tá bravo com você'. Faz parte. Aí ele chega no programa e tal, cê percebe no abraço. Ele: 'e aí, tudo bom?', aperto de mão frio. E na hora, antes de começar o bloco, ele virou e disse: 'quero ver você falar hoje que eu sou muito retranqueiro. Não fala em retranca, fala em estratégia'. E eu: 'só tá mudando a palavra, o conceito é o mesmo. Retranca e estratégia defensiva é a mesma coisa, mas cê tem razão, obrigado pelo toque, talvez da próxima vez use estratégia defensiva'. Aí no ar ele brincou e foi super light", finalizou.

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