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Glenda Kozlowski atriz? "Rotina louca do esporte não permitiu”

UOL Esporte

16/06/2015 06h00

Ela é a mulher que acorda muita gente no final de semana. O belo sorriso é uma das características principais, o porte de quem sabe o que está fazendo e falando é determinante durante as transmissões das reportagens mais descontraídas até as mais sérias. Apesar de um dia ter sonhado em ser atriz, ela é o jornalismo da Rede Globo nas manhãs de domingo. Muita responsabilidade? Para Glenda Kozlowski, isso é natural. Afinal, responsabilidade e maturidade são coisas recorrentes em sua vida.

Glenda se tornou uma mulher independente ainda jovem, pré-adolescente. Aos 13 anos já ganhava o seu próprio dinheiro como campeã de body-boarding e tinha uma rotina que muitos adultos não aguentariam. Mas ela adorava ser independente antes mesmo de saber o que significava tudo aquilo. Pequenas coisas de uma vida adulta a encantava.

"Eu adorava ter uma conta bancária conjunta com o meu pai! Adorava dar presentes para a mamãe no dia das mães, sem ter que pedir dinheiro para o meu pai. Coisa boba. Eu me lembro dessa sensação gostosa de ir ao shopping e escolher o presente da mamãe. Ir à manicure. Hoje, olhando para os meus 13, 14 anos fico feliz. Essa responsabilidade me ajudou muito nessa caminhada profissional. Fiz tudo muito cedo", recordou a apresentado da Globo ao UOL Esporte.

Na família, "ser mulher" tão cedo era motivo de orgulho, principalmente para a avó. "A minha avó amava. Ela sempre foi a maior defensora da mulher independente, era engraçado. Ela só falava isso pra mim", relembra.

Hoje, aos 40 anos, a vida de Glenda é uma "rotina louca". De tal forma que fez com que não levasse adiante o sonho de ser atriz.

Glenda Koslowski contou um pouco ao UOL Esporte sobre o seu amadurecimento repentino quando ainda era adolescente e sua vida atual como comandante do principal programa esportivo da televisão aberta. Confira a entrevista feita por e-mail com a global:

UOL ESPORTE: Você sempre foi muito independente, ganha o próprio dinheiro desde os 13 anos. Como foi isso? A Glenda amadureceu muito rápido?

Glenda: Talvez tenha amadurecido mais rápido mesmo. Tive que amadurecer, né? Minha rotina era puxada. Escola, treinos, viagens nacionais e internacionais, apresentações, compromisso com os patrocinadores. Tudo muito nova. Pensando bem, na raça, eu tive que aprender a ter responsabilidade muito novinha. E por isso, o amadurecimento rápido. Eu adorava ter uma conta bancária conjunta com o meu pai!!.  Adorava dar presentes para a mamãe no dia das mães, sem ter que pedir dinheiro para o meu pai… Coisa boba. Eu lembro dessa sensação gostosa de ir ao shopping e escolher o presente da mamãe. Ir à manicure. Hoje, olhando para os meus 13, 14 anos fico feliz. Essa responsabilidade me ajudou muito nessa caminhada profissional. Fiz tudo muito cedo. Aos 17 anos, já estava apresentando um programa no SporTV. Aos 20 fui mãe. Ainda bem que amadureci mais rápido. Mas aproveitei muito a adolescência, apesar de tanta responsabilidade.

UOL ESPORTE: O que sua família pensava disso nos anos 80?

Glenda: A minha avó amava. Ela sempre foi a maior defensora da mulher independente, era engraçado. Ela só falava isso pra mim. Mas no fundo, todos gostavam, e me ajudaram muito. Sempre pude contar com os meus pais e meus avós.

UOL ESPORTE: Como foi deixar o esporte, onde você já era conhecida e vencedora, para virar apresentadora?

Glenda: Essa transição foi natural. As oportunidades apareceram. Eu fui tetracampeã mundial de body-boarding em 91. E no ano seguinte, fui convidada pelo SporTV para apresentar um programa chamado 360 graus. Meses depois de ser contratada, já estava apresentando um telejornal, ao lado do Luiz Carlos Jr, que mostrava o resumo das Olimpíadas de Barcelona 92. Ou seja, ali conheci o jornalismo esportivo, foi um jeito gostoso de virar 'ex-atleta', foi menos doloroso já que eu continuava no meio esportivo, em contato com grandes atletas. Escutando histórias incríveis, e mais uma vez muito nova, 17 anos! A passagem do bastão da atleta para a apresentadora foi leve e sem traumas (risos). Sempre fui muito prática e nunca gostei de ficar acomodada. Eu era surfista, né?  Sempre em busca de novas e diferentes ondas. Diferentes lugares. Talvez tenha me acostumado com essa adrenalina de novos desafios, talvez por isso, além de esporte, fiz carnaval, gravei o Hipertensão, Globo Mar e por aí vai, adoro uma novidade, o sabor do novo. A gente rejuvenesce, não importa a idade.

UOL ESPORTE: Você queria ser atriz no início. Por que não foi adiante?

Glenda: Porque não era pra ser. Encaro a vida assim. Se não foi, não era pra ter sido. Naqueles anos, a correnteza me levou para o jornalismo, acho que acertei! (Risos). Mas não quer dizer que um dia, não possa voltar a fazer teatro. Por que não? Outro detalhe importante: não tive mais tempo para as aulas de teatro. O esporte me ensinou disciplina e treinamento. Uma combinação infalível. O esporte tomou conta dos meus horários. E a carreira de atriz exige muito estudo, muita leitura. Muito laboratório, eu imagino. Não sei fazer nada pela metade. Tive que tomar uma decisão. Optei pelo jornalismo.

UOL ESPORTE: Hoje em dia há preconceito dos profissionais de imprensa quanto à presença de ex-atletas no comando de conteúdos jornalísticos sobre esporte. Você é apresentadora há anos, chegou a sofrer algum tipo de preconceito?

Glenda: Não. Nunca sofri preconceito. Pelo contrário, sempre fui muito bem recebida por todos, direção, colegas, atletas e telespectadores.  E fico muito feliz por abrir um espaço para os atletas que se interessam pelo jornalismo. Tenho certeza que a participação de atletas no jornalismo esportivo traz conhecimento, traz credibilidade. Pra quem quer trazer seriedade e a sua experiência, acho muito válido.

UOL ESPORTE: Como é a sua rotina (apresentadora, ex-atleta, mãe)? Quais esportes você pratica?

Glenda: Rotina louca, porém organizada. Só dá certo porque é organizado. Tinha sorte de ter pessoas maravilhosas ao meu lado, ajudando. Minha irmã está sempre na retaguarda, ela é minha grande amiga de vida. Durmo menos que normal né?  Filho de 19 anos. Filho de 9 anos. Horários loucos, viagens e trabalho todos os finais de semana. A gente não tem feriado, aniversário. Como muitas mulheres, a gente vai dando conta. (Risos). Esportes? Faço atividade física. Corrida, pilates, musculação, e surfar né? Estou com vontade de praticar kitesurfe, deve ser uma delícia, mas falta tempo. E se vou para o mar, vou de body-boarding!!!

UOL ESPORTE: Qual é o episódio mais marcante de sua carreira como apresentadora e jornalista?

Glenda: Cobrir a Olimpíada. Isso é uma experiência única. Pra quem ama esporte, é estar na Disney! A cobertura do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, foi uma tristeza sem fim. Nunca mais vou esquecer aquele domingo; surfar a Pororoca, reportagem linda ao lado do repórter Regis Rosing também é inesquecível. Foram 27 minutos de matéria. Um especial lindo sobre esse fenômeno quando ninguém falava sobre isso na TV brasileira. Sou privilegiada. Nesses 23 anos de profissão, vi muitas histórias, conquistas, derrotas, conheci muita gente. Um privilégio mesmo. Difícil separar um momento, uma imagem.

A prisão do Saddam Hussein foi num domingo de manhã. Tino Marcos e eu tivemos que falar sobre isso. Lembro de ficar escutando a CNN para entender o que estava acontecendo! E por aí vai. O Carnaval também foi um momento muito especial pra mim, adorava as pesquisas, os bastidores das escolas de samba, a adrenalina nos dois dias de transmissão, os amigos que ganhei. Sou apaixonada pela minha profissão. Não é só o esporte. É a comunicação, é conhecer gente, contar histórias. Isso é fantástico.

UOL ESPORTE: A Fernanda Gentil conta muito uma história de que antes dela entrar na Globo, entregou um CV pra você. Você se lembra disso? Como é a sua relação com ela agora?​

Glenda: Fernandinha, muito querida. Talentosa. Carismática. Lembro bem. Estava comemorando o aniversário do meu filho mais velho. De repente, ela apareceu! Eufórica, descabelada. Atropelando as palavras, ela disse: – Adoro o seu trabalho Glenda! Sou sua fã! Quero fazer o que você faz!! Uma figura. Linda! Sei lá o que deu em mim, pensei… essa aí vai longe. Nossa relação é excelente. Sempre torci pelas meninas que querem fazer jornalismo esportivo. Ela é engraçada. Divertida. Comunicativa. Acho o máximo. Linda de viver!

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

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