Topo

Saiba como a “Feiticeira” ajudou o UFC a acertar com a Globo

UOL Esporte

03/12/2014 06h00

Belfort_Esssa
"A Joana é meu porto seguro. Eu digo que o homem que não tem uma mulher, não tem uma estrutura".  A frase de Vitor Belfort simboliza muito do que sua mulher representa. Conselheira, assistente, manager…Joana Prado vai bem além da relação familiar. Tanto é que uma ajuda da companheira foi fundamental para concretizar o projeto do lutador em levar o UFC para a tv aberta brasileira.

Joana é uma das principais incentivadoras de Vitor a nunca se limitar a ser apenas um lutador. Várias de suas ideias como empreendedor nasceram ou foram adubadas com a ajuda da mulher. E uma de suas sacadas de maior êxito se apoiou no começo da carreira de Joana na TV e no personagem que a deixou conhecida nacionalmente antes da relação com Belfort.

Desde o fim da década de 1990, o lutador se engajava em tentar levar as lutas de vale-tudo para a TV aberta. Mesmo com algumas "portadas na cara", jamais desistia. Pôs como grande objetivo ver uma luta de MMA um dia na TV Globo e ouviu muitas respostas negativas. Mas não se abalava com a falta de êxito. "O 'não' pra mim sempre foi uma vitamina. E é importante você saber aceitá-lo. Mas tem certos 'nãos' que você não pode se conformar. É um 'não' hoje? Está bom, mas não vai ser um 'não' amanhã. Eu queria saber o que eu tinha que fazer pro UFC estar na maior plataforma de TV do Brasil", lembrou Vitor, em entrevista ao UOL Esporte.


À medida que a marca americana ampliava seu sucesso no Brasil, a vontade em fazer do "não" um "sim" aumentava no lutador, que sempre teve uma relação próxima com a cúpula organizadora do UFC. Eis então que Vitor teve uma ideia ao lembrar da relação profissional de Joana com Luciano Huck nos tempos em que ela interpretava a personagem "Feiticeira" na Band, no Programa H, sob a apresentação do hoje global, .

Vitor então pediu à mulher o contato de Huck, galgado na boa relação de amizade que a dupla manteve durante anos, mesmo com a distância. Apostava nessa via como porta de entrada com os homens fortes da emissora carioca. A iniciativa acabou por ser o diferencial que levou o UFC à Globo, segundo o lutador. O apresentador do Caldeirão conversou com Vitor e fez uma ponte para apresentar a ideia dos americanos à Globo e intermediou um jantar que acabaria por sacramentar as transmissões da maior organização de MMA na TV aberta.

"O UFC tentou durante anos e anos. A Joana trabalhou muitos anos com o Luciano Huck, eu peguei o telefone do Luciano e falei: 'Preciso marcar um encontro entre o dono do UFC e o dono da Globo. Vamos marcar?' Aí ele falou: 'vamos jantar'. Fomos a um restaurante japonês, sentamos na mesa e dali em diante  deu tudo certo. Eu não aceitaria o UFC na TV aberta sem estar na Globo", lembrou.

"Era questão de tempo (UFC ir para a Globo) e foi graças ao Robertinho Marinho, ele que acreditou, ele é o futuro da Globo. Apostou nisso e está dando super certo.Estiveram no jantar eu, Luciano, Robertinho e todos do UFC, o Lorenzo (Fertitta, dono do evento), e outras pessoas da companhia", relembrou. "Fui eu que levei o UFC pra Globo. Fui eu."

Visões empresariais e apoio de Joana

A mais recente aventura empreendedora de Belfort é o lançamento da OTB Fight, empresa que tem Joana como uma das sócias, junto de outros empresários, e que planeja organizar grandes eventos de lutas no Brasil nos próximos anos. A dupla também lançará em breve um aplicativo de smartphone em que ensina técnicas de artes marciais.

Vitor ressalta que se um lutador se limitar somente a querer vencer seus combates no octógono, não ampliará seus horizontes profissionais. "Eu sou uma companhia. O UFC é a plataforma e o MMA é uma indústria. Se você não se ver assim, sua carreira é curta. Eu sou uma companhia e sou o CEO da minha empresa. Hoje tenho várias pessoas que compram ações da minha empresa", explicou.

"O Davi (seu filho) agora mesmo falou pra Joana, quando a luta (com Chris Weidman) foi marcada em fevereiro, ele virou e falou 'poxa, não vou ter aniversário'. Ele faz parte dessa companhia, ele sabe que é o mês da minha luta, e se o aniversário dele é dia 5 de fevereiro, é o mês da minha luta e vai estar todo mundo focado", continuou.

O ex-campeão do UFC ressalta o papel importante da mulher em tudo isso. "O negócio mais valioso do mundo se chama família. E hoje ela está escassa na sociedade. Meu hobby é lutar e minha paixão é business. Eu sou um cara de muita visão, vejo as coisas acontecerem daqui a 30 anos. Isso é bom. A Joana tem um escritório e põe isso em prática. Eu já estou no ano de 2030 e eles têm que organizar meus pensamentos."

José Ricardo Leite
Do UOL, em Las Vegas (EUA)

Sobre o Blog

A TV exibe e debate o esporte. Aqui, o UOL Esporte discute a TV: programas esportivos, transmissões, mesas-redondas, narradores, apresentadores e comentaristas são o assunto.