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Sorín comenta em outra língua e você entende: "Portunhol é minha marca"

UOL Esporte

19/06/2014 10h00

SORÍN:

Sorín olha para a sua direita e vê Loco Abreu. Dá uma espiada no monitor do estúdio e recebe um sorriso de Zamorano. Vai ao Rio e vê seus compatriotas invadindo o Maracanã para exaltar Messi. Entrevista Diego Maradona. Cruza com levas e mais levas de chilenos e colombianos pelos aeroportos do país. E aí o ex-jogador argentino e atual comentarista da ESPN Brasil conclui que não poderia estar mais feliz com a Copa do Mundo no país que adotou como lar desde que parou de jogar, em 2009.

"Os latinos estão se impondo na Copa", constata Juan Pablo Sorín, de 38 anos. Ex-capitão da seleção argentina em 2006 (depois de já ter defendido a equipe, como titular, em 2002), o ex-lateral esquerdo que começou a carreira no Argentinos Juniors, em 1994, sabe bem o que é o espírito latino de jogar e torcer.

"Um latino é capaz de cruzar montanhas. Ele vem como pode, não sabe se vai ter lugar para dormir. Isso é o futebol. E vivemos o futebol intensamente", disse Sorín, ídolo do Cruzeiro que também passou por River Plate na sua passagem pelo futebol sul-americano, antes de ir à Europa jogar por Juventus, Paris Saint Germain, Barcelona, Villarreal e Hamburgo, de onde parou encerrar a trajetória no Cruzeiro, em 2009.

Falando um portunhol bastante compreensível e com comentários taticamente bem-elaborados, Sorín é um dos principais nomes do time de famosos ex-jogadores que a ESPN reuniu para comentar a Copa de 2014. O esquadrão inclui os colombianos Rincón e Valderrama, o americano Lalas e o alemão Ballack, além do uruguaio Loco Abreu e do chileno Zamorano.

Compartilhar novamente a companhia de ex-colegas de profissão empolga Sorín, mais experiente que os colegas por já ter atuado como comentarista na TV Globo de Minas Gerais e por já ter comandado um programa na TV Alterosa, além de também atuar como colunista de jornal – nesta Copa, por exemplo, ele colabora com o argentino "La Nación" e com o espanhol "El Mundo".

"Estou muito feliz em compartilhar este momento incrível com esses grandes jogadores da história do futebol. É um grande prazer esta convivência, agora como comentaristas", afirmou o argentino, que vê certa semelhança na forma de como jogava, de maneira muito ofensiva, e de como comenta, muito preciso.

"Sou um apaixonado. E jogador de futebol e comentarista podem ser coisas bem diferentes, mas são profissões que exigem paixão", comparou Sorín.

Para abordar os detalhes da Copa do Mundo e, principalmente da seleção argentina, Sorín tem de falar e pensar em dois idiomas: espanhol e português. Daí, surgiu um portunhol que virou sua marca registrada.

"Vou incorporando o idioma. Desde que comecei a trabalhar na TV eu sei que vou ter de me aperfeiçoar sempre. Nunca vou estar completo. Mas o sotaque é a minha característica, não vou perdê-la. É ele que me faz ter uma recepção legal dos torcedores, que lembram que fui da seleção argentina. Isso faz com que eu sempre esteja interagindo com os torcedores".

Ex-adversários e atuais colegas de trabalho, Sorín não esconde que a rivalidade Argentina e Uruguai é latente quando está ao lado de Loco Abreu nos estúdios da emissora. "Há brincadeiras, mas é preciso ter muito respeito. É preciso ter muito cuidado com o que vai se falar".

O cuidado na forma de lidar com a rivalidade é algo que saltou aos olhos de Sorín no último domingo, quando a Argentina jogou com um Maracanã lotado de seus torcedores, que trocaram provocações com os brasileiros durante todo o tempo. Alguns focos de briga foram registrados.

"Achei ótimo o que aconteceu no Maracanã, com o duelo de torcidas, as provocações dos cânticos. Este espírito é legal, e não significa ofender o outro. Brincadeiras são legais, mas há limite para tudo".

Danilo Valentini

Do UOL, em São Paulo

Crédito da imagem: EFE

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