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Galvão foi comentarista e narrou jogo errado. Veja histórias dele em Copas

UOL Esporte

29/05/2014 06h00

Já são 40 anos cobrindo Copas do Mundo. De 1974, quando narrou suas primeiras partidas pela TV Gazeta, ainda iniciante, ao veterano que enfim participará de um Mundial no Brasil, Galvão Bueno teve diversos papéis no evento, mas nunca esteve distante dele.

O UOL Esporte Vê TV selecionou os principais fatos de Galvão Bueno, Copa a Copa. E, se quisesse, o narrador hoje da TV Globo teria histórias para escrever um livro só com estas participações.

E olha que as coisas não começaram tão bem. Na Copa de 1974, ele trocou os times de uma transmissão. Chamou duas seleções que não estavam em campo e teve de mudar tudo no meio do jogo, na maior cara de pau.

Depois o que se sucedeu foi a franca ascensão do que acabaria se tornando o maior locutor da TV brasileira. Foi comentarista, número 2 de Luciano do Valle e Osmar Santos, assumiu o papel de protagonista na Globo e gerou tanto amor e ódio que, em 2010, virou sensação no Twitter com a hashtag com o termo "Cala boca, Galvão". Vamos aos fatos:

Copa de 1974: A grande gafe
Galvão narrou sua primeira Copa, a da Alemanha, numa parceria das TVs Gazeta, Record e Bandeirantes, quando era locutor de rádio e foi chamado para dar voz a alguns videoteipes. Ele foi escalado para apresentar do estúdio, em São Paulo, Bulgária x Suécia. Ao ver as equipes em campo, uma de branco e a outra de amarelo, não pestanejou e narrou normalmente. Mas, em dado momento, a câmera apontou para o placar do estádio: Alemanha Oriental 0 x 0 Austrália. Precisando consertar o erro, Galvão deu uma de "joão sem braço" e a partir dali passou a mencionar as seleções corretas, sem avisar à audiência.

Copa de 1978: Galvão comentarista
Se na primeira transmissão e nas seguintes Galvão era o líder dos microfones nas transmissões, em 1978, na Copa realizada na Argentina, seu papel era outro. Na época, ele era um contratado da TV Record e fez o papel de comentarista. Foi a primeira vez que ele cobriu o Mundial in loco.

Copa de 1982: Número 2 de Luciano
Ainda um narrador em desenvolvimento – mas já com experiência no futebol e na Fórmula 1 -, Galvão chegou à Globo em 1981, vindo da Bandeirantes, e participou de todas as Copas pelo canal daí em diante. Mas à época quem tinha moral mesmo era Luciano do Valle, então Galvão era o número 2 da emissora na transmissão dos jogos realizados na Espanha.

Copa de 1986: Número 2 de Osmar, com 'privilégios'
Quatro anos depois, na Copa realizada no México, Galvão ainda não tinha ascendido ao posto de "líder" dos microfones globais. Desta vez o principal locutor era Osmar Santos, e mais uma vez Galvão marcava presença, mas com as partidas de menor importância. Menor em termos, já que foi assim que ele teve a chance de narrar a participação memorável de Maradona pela Argentina e alguns dos gols históricos daquele Mundial.

Copa de 1990: Discurso contra seleção 'incompetente'
Em 1990, Brasil e Argentina colocaram cinco títulos mundiais em campo para a disputa das oitavas de final da Copa. "Haja coração", já dizia ele, com um bordão que sobrevive até hoje. E a derrota trouxe à tona um Galvão extremamente crítico. Ao fim do jogo, ainda no calor do momento, ele emendou um longo discurso. "Nunca se despediu tão cedo a seleção brasileira… (…) Em 1990 volta de forma lamentável a estar apenas entre os 16 primeiro, sei lá em que posição – e a essa altura não me interessa. Perdeu tantos gols, e quem perde tantos gols assim, para mim tem apenas um nome, Fausto Silva, incompetência", disse ele, já chamando o programa do Faustão.

Copa de 1994: Galvão x Pelé
Além de seu descontrolado "É tetra! É tetra" – do qual Galvão diz se arrepender hoje em dia -, Galvão ficou marcado pelos problemas de relacionamento com Pelé durante a Copa dos Estados Unidos. O narrador gravava um VT para o Jornal Nacional, cujas imagens acabaram vazando. Nelas, Galvão reclama das intromissões de Pelé na transmissão, dizendo que o ex-jogador chegava a pegar o microfone e falar sem permissão. "Eu vou dar com a marreta na cabeça dele, pô", chegou a dizer o locutor, que fechava o microfone de Pelé para barrar suas participações.

Copa de 1998: O choque com "Ronaldinho"
Todos os brasileiros ficaram espantados com a divulgação de uma primeira escalação para a final da Copa de 1998, em que Ronaldo não estava relacionado como titular contra a França. Mas poucos devem ter se assustado tanto como Galvão, responsável por dar essa notícia. Ainda sem informações, ele não escondeu o choque no ar. "E acabei de receber um papel aqui. E o frio na barriga aumentou. Vai ter Edmundo, com a número 21. Ronaldinho está fora!". Foi um corre-corre para checar as informações, até se ter a notícia da convulsão do atacante e da mudança na escalação, com sua confirmação em campo.

Copa de 2002: Mundial do Povo
A Copa de 2002 marcou uma tentativa de falar mais ao "povo", a classes menos favorecidas e que a Globo sentia precisar se direcionar, ainda mais num momento em que a seleção atrai tanto a atenção. Foi nesse cenário que uma participação especial começou a ter espaço cativo nos jogos de Copa: o Olodum. A bateria tradicional de Salvador virou presença constante, mesmo que este Mundial tenha sido um pouco maldoso com os percussionistas devido aos seus horários, já que as partidas foram disputas na Coreia do Sul e no Japão – boa parte deles na madrugada brasileira.

Copa de 2006: A culpa é de Roberto Carlos
Galvão Bueno e o comentarista Renato Maurício Prado pegaram pesado na eliminação brasileira da Copa da Alemanha. Eles acabaram crucificando Roberto Carlos abertamente, dizendo que ele é quem deveria ter marcado Thierry Henry, que fez o gol vencedor da França. O lateral ajeitava seu meião na hora do ocorrido. O caso foi tão longe, que anos depois Roberto Carlos ainda criticava a dupla, culpando-os por deixar a seleção brasileira depois daquela Copa. "Foi uma história criada por dois jornalistas que não são profissionais."

Copa de 2010: Cala boca, Galvão!
Em meio à explosão do Twitter, o global virou o alvo da grande piada da Copa. A hashtag com a expressão "cala boca, Galvão" se tornou uma das mais propagadas, a ponto de estrangeiros tentarem entender o que era aquilo. As piadas bombaram, assim como explicações estapafúrdias para ludibriar os gringos – do tipo dizer que Galvão é um raro pássaro ameaçado de extinção. Além disso, Galvão quase realmente teve de silenciar. Na transmissão de Brasil x Holanda, o narrador teve muitos problemas na voz e a Globo chegou a deixar Cleber Machado de prontidão. Depois ele descobriu que tinha fungos nas pregas vocais.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo

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