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Antes e depois: Do Valle narrou golaços e já chamou Band de Globo

UOL Esporte

22/11/2013 06h00

Luciano do Valle é referência quando se fala em narração esportiva. Não é à toa que em 2013 completou 50 anos de carreira ainda na ativa e se prepara para liderar os microfones em mais uma Copa do Mundo na TV Bandeirantes. E durante todo este tempo em que foi locutor da Globo e depois da Bandeirantes, ele colecionou atuações emocionadas, teve a chance de narrar golaços, mas também cometeu suas gafes e polêmicas.

Da voz ao estilo, Do Valle se transformou com o passar dos anos e soube se adequar aos novos tempos. O narrador nunca foi de criar muitos bordões, mas seus gritos de gol sempre foram facilmente reconhecíveis.

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Numa comparação entre três narrações – um jogo da Copa de 1982, um gol de Palmeiras x Vasco em 2000 e o golaço de Ronaldo em 2009 (veja o vídeo acima) -, fica fácil notar as diferenças. Luciano do Valle soube principalmente deixar o tom mais sisudo de épocas mais antigas e se aproximar da fala mais natural.

A fonoaudióloga Claudia Cotes analisou e comparou as fases. "Na primeira, era tudo bem enfatizado e a velocidade de fala era muito rápida, um padrão bem longe da fala espontânea. Na narração de 2000, ele já fala como num bate papo. No grito de gol, o grito é mais forte, mas o Luciano faz bom uso da voz. E na última ele mostra toda a liberdade de interpretação, com os gritos de golaço."

Entre seus golaços, uma narração recente ficou famosa na voz do veterano. Ele esteve na transmissão do Santos x Corinthians em que Ronaldo fez um gol de placa, por cobertura, na final do Paulistão de 2009. Os gritos de "golaço-aço" foram repetidos à exaustão na Bandeirantes. Lances de Zico, como o gol pela seleção brasileira contra a Iugoslávia em 1986, e de Marta na Copa feminina de 2007, são outros exemplos.

E Luciano também teve suas gafes e seus momentos de descontrole no ar. Um caso famoso foi quando em um jogo de 2010 ele acabou trocando o nome da Band pelo da Globo. Era um LDU x Fluminense: "começa o segundo tempo desta primeira partida da final da Copa Sul-Americana, que você acompanha com exclusividade aqui na Globo… Aqui na Bandeirantes, né? A Globo não está fazendo para São Paulo, é bom que você saiba", anunciou ele, para se corrigir como pôde.

Um caso mais polêmico aconteceu em 2008. Antes de uma partida entre Corinthians e Sport pela Copa do Brasil, ele criticou abertamente nomes como Milton Neves, Neto, Oscar Roberto de Godói e Flavio Prado e os profissionais sem diploma na TV. Chegou a dizer que transmitiria a partida porque era "obrigado". Mas o caso não teve grandes consequências e ele voltou atrás.

A carreira

Em 1963, com apenas 16 anos, ele começou sua carreira como locutor da Rádio Brasil, de Campinas (SP). Quatro anos depois, foi para São Paulo e passou a trabalhar na Rádio Gazeta e ela foi o trampolim para a TV, em 1971. Luciano passou 11 anos na Globo e narrou não só futebol como boa parte das conquistas de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1 – mais tarde o acompanharia na Fórmula Indy, com a Band.

Ele esteve na cobertura dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, acompanhou do Rio a Copa da Alemanha, em 1974 e em seguida, com a saída de Geraldo José, tornou-se o principal locutor da Globo, numa época pré-Galvão Bueno.

Após sair da Globo em 1982, teve passagem pela Record e depois foi para a Bandeirantes, sendo também o responsável pela criação do "Show do Esporte", programa que durava até 11h no autointitulado "canal do esporte".

Luciano não teve sua importância apenas na narração. Ele também era um investidor. Ele foi um incentivador da Fórmula Indy, esteve nos bastidores do crescimento de Maguila como ícone do boxe e organizou o jogo de vôlei entre Brasil e União Soviética no Macaranã, em 1983.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo

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