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Juarez Soares ataca ex-boleiros "malandros" da Globo e Band na TV

UOL Esporte

22/03/2013 06h00

Crédito: arquivo pessoal

Com estilo crítico e popularmente conhecido como "bocudo", o ex-narrador e comentarista Juarez Soares marcou época na TV nas décadas de 80 e 90. Atualmente ele está na cobertura esportiva da rádio Transamérica, onde participa de um programa diário das 11h às 13h e comenta jogos.

Juarez, conhecido como "China", tem atualmente 71 anos, sendo 52 na imprensa esportiva. Cobriu as Copas de 1978 e 1982 pela Globo e as de 86, 90 e 94 pela Band. Passou depois disso por Record, SBT e outras rádios.

Diz estar feliz em seu atual emprego por ter a liberdade de expor seu tom crítico sem ser repreendido por interesses da empresa. "Estou muito feliz. Lá se prioriza discussão com ponto de vista, um estilo para eu falar o que quero e como quero", falou ao UOL Esporte.

Voltar para a TV? Não faz parte dos planos. "As pessoas hoje dão mais importância para a TV do que para o rádio. Todo mundo que me encontra pergunta se não vou voltar para a TV. Eles acham que ela é mais importante, mais popular. Pra alguns profissionais pesa isso, mas pra mim a dose de vaidade já foi preenchida na TV. Dou pouco valor a isso, o que eu quero é o que tenho hoje."

Veja vídeo: Juarez Soares comenta título da Alemanha em 90

China diz que hoje prefere assistir à TV paga do que a aberta por lá existirem melhores profissionais do jornalismo esportivo. Critica as coberturas feitas nas emissoras não pagas que transmitem as principais competições esportivas ao vivo. Sobrou para a Globo e a Band.

"A TV aberta hoje é comprometida com direitos de transmissão, ninguém tem opinião nenhuma pelo pouco que vejo. Na Globo não existe opinião, é só pra defender interesses. Aqueles comentaristas sabem que não podem falar e não falam. Ninguém na Globo questiona se o cara está mal e tem que sair do time, se o Felipão e o Parreira estão ultrapassados para a seleção. A Globo era mais romântica. Hoje ela mudou o estilo pelos direitos", desabafou.

"E a Band virou um balaio de caranguejo. Como alguém que faz humor grosseiro e palhaçada de repente vem querer falar sério sobre CBF? Uma coisa é ser popular, e outra é ter prestígio pelo que se fala. Ninguém leva a sério que se diz na Band. Os caras são patéticos", continuou.

Dentro desse contexto, Juarez ataca os ex-jogadores que viraram comentaristas. Reclama que eles fazem o jogo das emissoras com uma postura profissional cômoda de atender os direitos comerciais e não fazerem críticas. Segundo China, isso não é bom para o público pela falta de questionamento. "Os ex-jogadores malandros são ricos e ocupam lugar de jornalistas sem ter noção do que é ser um jornalista. São mais malandros ainda porque dão opinião como a empresa quer, sem contestar nada", falou.

"Olha a água de salsicha do Caio [ Ribeiro] que falar ou não falar não dá em nada. Uma coisa é ter popularidade, que o Neto tem, por exemplo, por ser um ex-jogador do Corinthians. Outra é sua opinião valer de alguma coisa."

Zagallo

Juarez ficou conhecido por uma discussão com Zagallo, então coordenador técnico da seleção brasileira, antes da Copa do Mundo de 1994. Relembrou polêmico episódio de que o ex-jogador e técnico teria convocado Dadá Maravilha para a Copa de 1970 a pedido do regime militar.

Sempre foi um crítico do "Velho Lobo", que chegou a declarar em uma entrevista, anos depois, que a frase "vocês vão ter que me engolir", proferida após a conquista da Copa América de 1997, tinha Juarez como um dos destinatários.

"Ele falou que nunca aceitou interferência em convocaçõe e eu disse : ´com exceção do Dario, né?´. E falei que o Médici [presidente na época] tinha mandado. Pensei que ele ia ter um infarto. Os caras da mesa ficavam olhando. Eu não falava nenhuma novidade, isso era de domínio público. E falei que o Dario colocou isso até na biografia dele. A partir daquele momento, houve um desdobramento de anos a respeito disso", lembrou.

"Ele falou que o ´vocês tem que me engolir´ era destinado a mim. Estou pouco me lixando se foi pra mim. Mas o Zagallo mentia muito. Ele falava que ele quem colocou Tostão pra jogar com o Pelé. E não foi. Foi João Saldanha", finalizou.

JOSÉ RICARDO LEITE
Do UOL, em São Paulo

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