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Kyra Gracie faz fono, estuda para melhorar análises e suaviza agressividade do MMA na TV

UOL Esporte

30/01/2013 06h00

José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo

De um mês pra cá, a carreira de Kyra Gracie ganhou mais um caminho paralelo ao mundo das lutas. Consagrada pelo sobrenome da família e carreira vitoriosa no jiu-jitsu, a bela morena ganhou as telas como comentarista do Sportv e canal Combate em transmissões do UFC.

A primeira transmissão em que sua voz foi ouvida nos microfones foi na derrota de Júnior Cigano para Cain Velásquez, pelo cinturão dos pesos pesados, no dia 29 de dezembro. No último sábado, participou do UFC on FOX, que teve a vitória de Glover Teixeira sobre Rampage Jackson.

Voltará aos microfones em aproximadamente um mês. Diz estar contente com a nova vertente e sente que se aprimorou da primeira para sua segunda participação e tem feito, inclusive, aulas com fonoaudiólogo para estar ainda melhor.

"Estou gostando muito, foi o segundo evento que fiz. Tenho que melhorar em vários aspectos, mas melhorei bastante do primeiro para o segundo evento. Estou fazendo fono para poder me expressar melhor e falar com mais clareza. Procurei depois que pintou o convite. Não tinha problemas com a fala, mas ajuda mais em vários aspectos", falou ao UOL Esporte.

Uma das tarefas que mais tem feito é pesquisa sobre os lutadores que estarão no card, como assistir suas últimas lutas e outros números para que possa traçar um perfil detalhado do competidor e falar com ainda mais propriedade. "É difícil armazenar todas as informações, saber [de cabeça] quem lutou contra quem, por exemplo, e ter que analisar a luta ao mesmo tempo."

"Tenho visto cada vez mais lutas, estudado mais os lutadores, pegando termos mais técnicos. Recebo elogios e críticas. Mas na televisão ainda sou faixa branca", brincou, bem humorada.

Kyra assumiu a função sem nunca ter feito uma luta de MMA na carreira. Especialista em jiu-jitsu, modalidade na qual é pentacampeã mundial, tem feito tem aulas de boxe e de outras modalidades em pé para completar seu jogo.

Isso tem ajudado a dar suporte para os comentários de MMA. Mas, segundo a própria lutadora, a falta de uma experiência profissional na parte em pé ainda faz com que se sinta bem mais à vontade quando a luta ocorre no chão. Em alguns de seus comentários nas transmissões, chegou até a dizer que torce para que luta vá para baixo.

Admite até torcer para que os atletas oriundos da arte marcial que ama e que a família ajudou a propagar e popularizar pelo mundo vençam os combates. Mas ressalta que isso é algo interno e que não extravasa para o telespectador.

"A maior dificuldade é por não ter lutado e vivenciado um combate em pé. Mas tento tirar isso aprendendo com pessoas próximas a mim que já lutaram. Já fui córner de lutadores e participei de treinamentos, mas é claro que ainda não se compara", falou.

"Eu tenho que ser imparcial nos meus comentários, mas claro que quando [alguém] é do jiu-jitsu eu estou torcendo dentro de mim. Mas na hora do combate sou imparcial. Me sinto mais confortável de comentar quando a luta está no chão e estou torcendo pra ir, porque ali eu sei de tudo o que acontece. Estou acostumada a fazer, já sei os nomes de todos os golpes", falou.

Entre seus principais objetivos estão mostrar o lado feminino do MMA e popularizar a linguagem e termos nas transmissões da TV. Kyra quer aproximar sua fala com os mais leigos que ainda não conhecem o esporte por meio de falas simples e curiosas.

"Quero trazer curiosidades do atleta, o que ele faz fora dos tatames, se tem filhos, se ele faz um treinamento diferente, pra que [as pessoas] se identifiquem com o lutador. Quero contar histórias da pessoa, de onde saiu, de onde chegou. Muitas vezes as pessoas acham que tem ogros ali e não conhecem o ser humano do lutador, que eles não estão ali por acaso, que é difícil ir para o UFC. Os caras têm seu merecimento", explicou.

"Não estou falando só com quem entende de luta, mas com muita gente que assiste e não entende os golpes; é uma popularização recente. Quero explicar com clareza o que é cada golpe. Estou tentando realmente explicar o que está acontecendo para mulheres com namorados, quem não entende de lutas. Meu papel é poder traduzir", continuou.

Futuro incerto no MMA

Kyra já disse almejar uma transição para o MMA, um projeto que requer grandes mudanças em sua carreira. Tanto é que há mais de dois anos pratica outras lutas paralelamente ao jiu-jitsu.

Mas ela adota cautela e procura frear a grande expectativa criada pelos fãs para que faça sua luta profissional. Nada de entrar oba-oba. Não existe data e nem negociação para isso. Só ocorrerá no dia em que se sentir confortável.

"Na verdade sempre pensei no MMA, mas infelizmente não tinha tempo pra me dedicar pelo jiu jitsu, um objetivo que me motivava mais. Mas agora, depois do Mundial tenho mais tempo, treino boxe e quero ver se me adapto ao treino, que é diferente. Tenho que estar acostumada com jogo em pé. Tem que saber receber uma pancada aqui, outra li", salientou.

"Acho que tenho boa ferramentas, só falta me adaptar. Mas eu quero estar preparada e a hora vai ser quando sentir que estiver bem. Não tenho obrigação de lutar MMA, as pessoas criam obrigação por eu ter ganhado no jiu-jitsu, mas tem que ser uma coisa minha, bem preparada", finalizou.

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