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Há quase 13 anos, 1º Mundial do Corinthians fazia Band bater Globo de forma histórica

UOL Esporte

15/12/2012 06h00

Neste domingo, o Corinthians disputará uma final de Mundial de Clubes do outro lado do mundo, sob olhares atentos de todos os torcedores e com uma enorme cobertura da mídia. Há quase 13 anos, quando ganhou o torneio pela primeira vez, o clube do Parque São Jorge foi estrela da programação da Band, que com um torneio até então inédito conquistou vitórias históricas contra a Globo.

O torneio era a primeira tentativa de implantar o modelo atual, com representantes de todos os continentes. Parceira da Traffic, que estava ligada à organização da competição, a Band abocanhou os direitos de transmissão de forma exclusiva. Em uma tentativa de esvaziar o produto alheio, a Globo tratou a competição como um torneio menor e chegou a fazer uma espécie de boicote ao assunto em seus telejornais.

Não deu certo. Quando o torneio começou e Corinthians e Vasco foram enfrentando de Raja Casablanca a Real Madrid e Manchester United, a competição pegou. A Band, que dava média de 3 pontos no horário nobre, deu um salto para cerca de 25 pontos e bateu, com Corinthians x Real Madrid, o "Jornal Nacional" em termos de audiência.

O crescimento não passou despercebido. Quando a competição chegou às semifinais, a Globo tentou voltar ao jogo e procurou a Traffic para tentar transmitir os jogos decisivos. "A Traffic chegou sim a receber um pedido da Globo para poder transmitir a final entre Corinthians e Vasco, mas já tínhamos vendido os patrocínios com exclusividade de transmissão e não foi possível repartir os direitos naquele momento", disse Juca Silveira, hoje diretor de planejamento do Grupo Bandeirantes e à época responsável pelo acordo com a Traffic.

A final fez a audiência explodir. Em uma sexta-feira à noite, a Band simplesmente bateu "Terra Nostra", sucesso na época na faixa das 21h. A novela que contava a saga de imigrantes italianos tinha média de 50 pontos e parecia imbatível. No dia em que o Corinthians venceu o Vasco nos pênaltis, o romance entre Giuliana e Matteo marcou 30 pontos, contra 35 da decisão no Maracanã.

"Foi o acontecimento da ocasião. A Band fez com uma baita exclusividade. Os jogos foram ganhando importância com o decorrer da competição. Aquilo foi um despertar na Globo também. Serviu para despertar para a importância do esporte", disse Flávio Ricco, colunista de TV do UOL.

A Band destacava o ineditismo do torneio sempre que podia. Voz do canal na conquista corintiana, Luciano do Valle não perdeu a chance de valorizar o produto da casa logo que a disputa em campo acabou. "Corinthians, primeiro campeão do mundo", gritou o locutor, descartando todas as disputas intercontinentais que aconteceram antes da competição no Brasil.

A postura da própria Globo à época, com o passar do tempo, foi revista. O selo de "torneio de verão" que foi colado na competição e incomoda os corintianos até hoje está alinhado com a linha editorial adotada pela emissora naquele momento.

Para Ricco, o cenário poderia ter sido diferente se a Globo, com seu poderio no país, tivesse encampado o Mundial de 2000 desde o início.

"Eu acho que sim. A Globo tem esse poder. Até hoje ela tem esse poder. Não é que ela faz a cabeça das pessoas, a própria audiência dela acaba transferindo a opinião dela para um monte de pessoas. A audiência seria muito maior", conclui.

Reportagem: Gustavo Franceschini
Crédito da foto: Getty Images 

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