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Caio troca cabine pelo campo, mas fala pouco e não cumpre promessa na decisão do Paulistão

UOL Esporte

14/05/2012 06h00

Ricardo Zanei, em São Paulo*


Foto: Reprodução de TV

A Globo tem usado dois comentaristas, Casagrande e Caio Ribeiro, nas transmissões dos principais jogos dos times de São Paulo. Na vitória do Santos sobre o Guarani, no segundo jogo da final do Paulistão, a emissora repetiu a receita, mas com uma inovação: Casagrande seguiu o roteiro e ficou na cabine, enquanto Caio se posicionou no campo, entre os dois técnicos. A novidade começou animadora, mas a execução poderia ser melhor.

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"O Caio está lá ao lado dos técnicos, para sentir a emoção ali de perto", disse o narrador Cléber Machado, ao dar um panorama do que o torcedor poderia esperar. "Isso é o mais gostoso, sentir a torcida, ir nos vestiários. Para mim, como ex-jogador, é muito bom voltar a pisar no campo", disse Caio, antes de dar uma geral de como seria seu trabalho. "É isso o que a gente vai tentar passar hoje, a emoção do treinador, como reagem o Muricy e o Vadão e também os jogadores que vão entrar em campo."

A promessa não foi cumprida. Caio praticamente não falou dos treinadores e não citou nenhuma conversa de "bastidores", no estilo "só eu vi". Além disso, o ex-comentarista falou pouco durante a transmissão, deixando quase todas as análises para Casagrande.

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Com o começo movimentado e três gols em 9min, Caio só conseguiu "estrear" aos 10min, elogiando a vontade de jogar de Santos e Guarani e também a estrela santista. "Sabe o que mais me chama a atenção? O Neymar. Ele está sempre 1 segundo à frente dos outros", disse.

Quem ajudou Caio foi o repórter Mauro Naves, mais à vontade na função ao lado do campo. Depois da primeira aparição do ex-jogador, Mauro foi o responsável por revelar algo que só quem estava na beira do gramado ouviu: Muricy brincou ao ver que Caio ficaria ali. "Mais um para me cornetar? Vou lá para o outro lado", dedurou o repórter.

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Foi também graças a Mauro que Caio voltou a aparecer, já com 36min de jogo, quando Neymar levou amarelo após falta em Bruno Peres. "O Caio me falou que, daí de cima, ele talvez achasse que não merecia cartão, mas, daqui de baixo, com certeza foi merecido", disse o repórter. "Daqui é muito mais real. No início da jogada, o Neymar foi puxado, aí ele ficou com raiva e cometeu a falta", analisou o ex-jogador.

Mesmo sem gols no começo da segunda etapa, ficou a impressão de que Caio havia sido esquecido na transmissão. Tanto que ele demorou ainda mais, quase 24min, para fazer seu primeiro comentário. "O Domingos tem a fama, mas vendo aqui de perto, ele não é violento, não". Depois do terceiro gol santista, ele deu uma dica para Muricy. "A festa aqui está bonita, mas daqui a pouco eu acho que o Muricy vai mexer". Dito e feito: saíram Elano e Juan, entraram Felipe Anderson e Leo. Alan Kardec anotou o quarto gol e selou a vitória santista.

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De Caio, só uma avaliação sobre quem será a estrela do Campeonato Brasileiro. "Essa é fácil, né? Claro que é o Neymar. E essa é a diferença do Santos. O Guarani chega umas três ou quatro vezes com chance de gol e não marca, o Neymar, com uma chance, faz o gol", disse, antes de se despedir falando do campeão paulista. "O Santos aparece hoje como um time a ser batido, mas é uma equipe simpática a todas as torcidas."

A inovação da Globo foi louvável, mas a sensação é de que Caio ficou ausente na transmissão. Foram apenas 10 aparições, sendo 3 delas sem a bola rolando (antes da partida, no intervalo e ao fim do jogo). O ex-jogador poderia ter sido mais utilizado e feito, em suas análises, o que prometeu antes da decisão. No entanto, se limitou a fazer comentários "de comentarista", sem trazer nenhum olhar diferente. De qualquer forma, é uma ideia que pode vingar, e a decisão do Paulistão foi só um começo.

*Colaborou Júlia Caldeira

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