Excesso de jargões e piadas marca narração de pôquer na TV
por Rafael Krieger
Muita gente que não acompanha esporte não consegue entender de jeito nenhum a regra do impedimento no futebol. A pontuação do tênis e do golfe, então, nem se fala. Para essas pessoas, assistir a um jogo de pôquer na televisão seria como tentar entender um telejornal em japonês.
Para quem tem um mínimo conhecimento do esporte, vale prestar atenção no jogo e nas dicas exibidas no programa Pokerstars, exibido às quartas-feiras, às 23h, no canal Esporte Interativo.
O último programa não foi ao ar na quarta, mas sim na quinta, por causa do jogo do Brasil no Mundial Sub-20. Em uma hora, foi exibida a definição da mesa final da etapa de Punta del Este do LAPT (Latin American Poker Tour), valendo US$ 279 mil.
A apresentação é da bela Ana Luiza Castro, direto do local do evento. A narração ficou por conta de Sérgio Prado e André Akkari, campeão mundial de pôquer.
O Brasil era representado por Daniela Zapiello, que foi a primeira a ser eliminada na mesa final. O quinto lugar rendeu a ela US$ 52 mil. O vencedor foi o argentino Nacho Barbero, dito favorito por André Akkari desde o começo: "ele é meu amigo".
O segundo colocado foi o francês Nicolas Cardyn, achincalhado por Akkari: "Ele é um péssimo jogador, por mais que esteja liderando", disse o comentarista durante o desenrolar da mesa.
Akkari podia ver todas as cartas, e por isso explicava qual era a melhor jogada para cada participante. Mas essa explicação nem sempre era fácil de ser entendida.
A narração é repleta de palavras em inglês, de fácil compreensão para quem já jogou pôquer. Mas um leigo talvez não saiba o que significa flush draw, tight, pot odds, chip leader e por aí vai. Além disso, os competidores dão entrevistas em inglês e espanhol, sem legendas, apenas com uma tradução simultânea dos narradores.
Akkari analisa cada movimento. Mas as explicações só servem para quem é iniciado no poker. Cálculos de jogadas e hierarquias de mãos até são esclarecidos, mas sempre com algum jargão no meio. Até o narrador Sérgio Prado avisou: "Para você que acompanha pôquer pela primeira vez, vá se acostumando com as palavrar novas".
Ele se referia a termos como foldar (desistir da mão), comitar (pagar apostas para não entregar as fichas que já estão no pote) ou tiltar (dar tilt mesmo, ficar nervoso).
Algumas gírias são mais óbvias. Quando um dos jogadores fez um par de dez, Akkari soltou: "Já veio o Pelezão".
Ao contrário de alguns termos específicos, as piadas da transmissão foram bem fáceis de entender, até demais. O maior alvo foi o Cardyn, aquele que não joga nada.
Quando Prado fez um trocadilho com a marca de cuecas Pierre Cardin, Akkari avisou: "Nossa senhora, sabia que uma hora ia pintar uma piada horrível dessas. A gente perde audiência com isso".
Prado insistiu e brincou: "Você não entende nada de TV. Vai comentando aí o seu poquerzinho". Mais tarde, veio de Akkari a nova piada, com um argentino que se chama Korn: "Argentino é tudo Korn mesmo".
O bom humor prosseguiu até as jogadas finais: "Esse Cardyn tá parecendo aquelas micoses de praia, não dá pra matar ele", disse Akkari. Mas, depois da "pior jogada do pôquer mundial", o francês perdeu, Barbero foi campeão e o programa acabou. Para quem joga, deu aquela vontade de ir para o computador. E quem não entendia ficou sem entender.
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