Record usa Romário e lista evidências em ofensiva contra Teixeira
A TV Record deu continuidade à série de reportagens contra Ricardo Teixeira na noite desta segunda-feira, no horário nobre da emissora. Uma matéria de dez minutos assinada por Luís Carlos Azenha listou uma série de informações sobre negócios nebulosos do presidente da CBF e ainda usou o deputado Romário em depoimento forte contra a alta cartolagem nacional.
O cerne da reportagem do Jornal da Record esteve no envolvimento entre Teixeira e a Sanud, empresa relacionada a escândalo de propina da Fifa na década de 90. Um dos representantes da firma no Brasil seria o irmão do cartola, Guilherme Teixeira.
A matéria apresentou números de vulto de investimentos da sociedade Teixeira-Sanud no patrimônio do dirigente, incluindo as suas propriedades, uma transportadora na cidade de Piraí (RJ) e em um restaurante no hipódromo do Rio.
Segundo programa exibido pela BBC, citado em material do Domingo Espetacular no final de semana, Teixeira foi um dos dirigentes da Fifa que embolsou propina da empresa de marketing ISL na década de 90. O brasileiro teria recebido US$ 9,5 milhões, devolvidos após acordo com a Justiça suíça, ainda de acordo com a TV inglesa.
Ricardo Teixeira teria recebido propina por meio da Sanud, empresa que tem sede no pequeno principado de Lichtenstein, na Europa, e é sócia da RLJ, com sede no Rio de Janeiro. Segundo a investigação da BBC, teriam sido 21 depósitos da ISL destinados somente ao cartola brasileiro.
O detalhe é que, segundo uma informação obtida junto ao ministério da Fazenda, a Sanud fechou em Liechtenstein há 12 anos, apesar de ainda ser apontada pela Junta Comercial do Rio de Janeiro como detentora de 50% da principal empresa de Ricardo Teixeira no Brasil.
A reportagem da Record ainda apresentou uma lista de posses suntuosas em nome de Teixeira e trouxe o depoimento de Romário, que, como membro da comissão que fiscaliza as obras da Copa do Mundo, recentemente convocou Teixeira a se apresentar na Câmara dos deputados em Brasília para explicar o crescimento dos valores do evento.
"Não vou dizer que é uma máfia. Mas é uma quadrilha, de cartolas que mandam no nosso futebol, em que as coisas não são claras", afirmou Romário à Record, em depoimento que não cita nominalmente Teixeira ou algum outro dirigente.
A expectativa é de que ofensiva da Record contra a CBF e suas relações estreitas siga nesta terça, com reportagem sobre supostas irregularidades na parceria entre o Corinthians e a MSI do polêmico empresário Kia Joorabchian. O clube paulista e seu presidente Andrés Sanchez se destacaram ultimamente como um dos principais alicerces do mandatário da CBF na cena política do futebol nacional.
A aposta editorial da Record em ataques a Teixeira e amigos começou coincidentemente pouco depois da derrota da emissora na batalha pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro entre 2012 e 2014. Neste processo, a rival Globo saiu vitoriosa após participar do racha na relação da elite do futebol nacional em sua união no Clube dos 13.
Nas últimas semanas, além do Jornal da Record e do Domingo Espetacular, a emissora paulista debateu o envolvimento de Teixeira em escândalo da Fifa no programa religioso Fala Que Eu Te Escuto e ainda criticou os atrasos nas obras para a Copa de 2014 através do humorístico Legendários.
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