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"Sr. Olimpíada", Álvaro José projeta Tóquio 2020 com foco em redes sociais

UOL Esporte

21/04/2019 04h41

Entre os mais conhecidos narradores esportivos do Brasil, Álvaro José, 62 anos, encontrou seu espaço profissional longe do futebol. Hoje, após diversas transmissões in loco em Olimpíadas, o veterano se aventura por linguagens de internet e já se prepara para os Jogos de Tóquio, no próximo ano.

Uma carreira de destaque, fruto de uma escolha incomum para jornalistas esportivos brasileiros.

"Eu tinha uma obsessão pelos outros esportes e eu achava que ia pouco. Eu queria ver o jogo do Wlamir (Marques, ex-jogador de basquete do Corinthians, entre outros) só que meu pai falava 'tem que andar de bonde, é longe', e eu não ia. Eu praticava quase todas as modalidades. Depois de 72, jogos de Munique, fui me interessando (por outras modalidades) e foi isso que aconteceu", contou o jornalista em um papo com o UOL Esporte.

Mas, profissionalmente, o espaço surgiu após uma série de eventos esportivos que seriam transmitidos no mesmo período de um Copa do Mundo.

"Me preparando para Copa do Mundo de 78 e era muita coisa simultânea. Quem entrou na Bandeirantes, preocupado com outros esportes, foi o Galvão. Então o Galvão Bueno fez basquete, eu e o Galvão fazíamos todos os jogos, praticamente. O Fernando Solera fazia o futebol. E esse foi mais ou menos o meu início", relembrou, para não se definir:

"Como se ver profissionalmente? Literalmente eu acho que é a questão do profissional moderno. Eu nunca me preocupei em falar, 'eu sou comentarista, narrador, sou isso, sou aquilo'".

Álvaro José está no Grupo Bandeirantes desde 1974, quando trocou a função de auxiliar de escritório para ser assistente de produção na TV. De lá para cá, passou por Globo, Record e também tem um programa sobre esportes olímpicos na Rádio Transamérica do Rio, que passará por uma transformação nos próximos meses. No BandSports, transmite e comenta jogos do NBB, torneios de tênis da ATP e o circuito Diamond League, de atletismo.

Além disso, fala de esportes em seu canal no YouTube – exceto futebol. "O Álvaro José TV tem uma visualização muito legal. Teve muita gente falou, 'você tem que botar futebol'. Tem muita gente falando bem de futebol. Meu negócio é esse. Eu tenho literalmente isso, de que tem que caminhar pelos outros esportes."

Reprodução/Twitter

"Faixa Nobre do Esporte" pautou TV fechada esportiva no país

Para o jornalista, tudo o que conhecemos hoje como padrão de eventos da TV a cabo esportiva no Brasil, veio com Luciano do Valle.

"O 'Show do Esporte' dele foi inspirado nos Estados Unidos. Todas as redes passavam esportes no domingo, que é o dia do torcedor da poltrona, é o dia que o pai de família ficar lá, tomando muita cerveja (risos). Tanto que tem muito anúncio assim. Foi algo embrionário que se propagou. E possivelmente muita gente não lembra, ou não sabe, também que além do Show do Esporte existiu também a 'Faixa Nobre do Esporte', que demonstrava várias modalidades. Na segunda-feira, por exemplo, era o dia do Januário (de Oliveira, narrador), o dia do Campeonato Carioca. Na terça-feira, dia de Paula e Hortência, na série de basquete feminino. Tinha o vôlei, o boxe."

Os momentos históricos do vôlei, com os projetos de Luciano do Valle, pavimentaram que os canais de hoje buscassem mais que o futebol:

"Eu sempre uso um exemplo: 95 mil pessoas ali assistindo Brasil x União Soviética mostra que a Geração da Prata tinha como chegar. Deu para perceber que tinha um caminho. Os jogos do Mundialito deram 30 pontos (no Ibope), era muita coisa. Então foi aí que o esporte olímpico teve uma projeção significativa. Talvez o grande momento tenha sido em 1984, os Jogos Olímpicos de Los Angeles. Todas as emissoras transmitiram, então todo mundo pode avaliar o seu potencial e o interesse."

Internet encanta Álvaro, já garantido em Tóquio

Ainda sem saber se irá cobrir a Olimpíada de Tóquio por algum veículo tradicional, Álvaro José já se garantiu nos jogos de 2020.

"Vou fazer um projeto muito grande nas mídias sociais. Já fiz a minha aplicação de credencial para Tóquio, com certeza estarei lá. Promete demais em função de teremos o 5g no Japão, internet absurda, você vai ter um ótimo sinal de internet", projeta.

A TV, embora ainda muito difundida, não tem o dinamismo da internet.

"É muito mais trabalho, para você montar qualquer coisa leva tempo", comentou Álvaro. "Você depende de um evento esportivo. Nos jogos Pan-Americanos do Rio de 2007, você tinha quatro caminhões da geradora local. Fora as TVs que querem além da geração. Tem que produzir para narradores e comentaristas", definiu.

Legado olímpico do Rio será colocado à prova

Álvaro apontou alguns nomes brasileiros que devem brilhar em Tóquio.

"Pra mim vai ser mais uma Olimpíada do Lucarelli, está jogando demais, numa fase espetacular. Na ginástica, enquanto que todos nós olhamos a Flávia Saraiva, nós vamos ter a força da Thaís Fidelis e da Rebeca Andrade. Rebeca outro dia no mesmo cenário do campeonato mundial teve notas tão expressivas que lhe darão a prata, porque o ouro é da Simone Biles. Tem o Thiago Braz, o Isaquias Queiroz, tem o Paulo André para ser o primeiro brasileiro a quebrar a barreira dos 10 segundos. Ele tem uma condição simplesmente invejável e já fez 10 segundos sete centésimos e pode surpreender. No salto, Aline Soares e por aí vai".

Napoleão de Almeida
Colaboração para o UOL, em São Paulo

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