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Libertadores no Facebook funciona no celular, mas tropeça em computadores

Chico Silva

05/04/2019 15h02

O streaming é a grande novidade das transmissões esportivas deste ano. O UOL Esporte Vê TV aproveitou a semana de Libertadores para fazer um comparativo entre o novo e o tradicional. Para isso, assistiu à derrota do Flamengo para o Peñarol por 1 x 0 quarta-feira no Maracanã pela TV Globo e o insucesso do Grêmio pelo mesmo placar contra a Universidade Católica, no dia seguinte, no Chile pela página da Conmebol no Facebook.

Para que a análise fosse a mais equânime possível, usou os mesmos computadores e celulares nas duas partidas. Enquanto a transmissão propriamente dita não foge muito das diferenças entre Globo e Fox Sports (a emissora contratada pela Conmebol para cuidar das transmissões da competição), a experiência de assistir aos dois jogos foi outra – principalmente em computadores.

Fla x Peñarol no GloboPlay, plataforma digital de vídeos e conteúdos da Globo, foi agradável em ambos os dispositivos. Além de imagens nítidas, mostrou boa resolução e áudio quase impecável. No notebook, foi possível acompanhar aos 90 minutos da partida em modo tela cheia praticamente sem travamento, interrupção ou desconexão entre áudio e vídeo – prova de que as atualizações e correções feitas pela Globo desde o lançamento do serviço, em outubro de 2015, deram resultado.

Do Facebook não se pode dizer o mesmo. Enquanto pelo celular o player do Facebook Watch aguentou o pico de 469 mil views simultâneos, no notebook o cenário fui ruim. As falhas e cortes foram constantes. Quase sempre a imagem retomava do ponto em que havia sido interrompida. Com isso, o delay foi ganhando proporções preocupantes em relação ao mesmo vídeo exibido no celular. Ao final do primeiro tempo, havia uma diferença de mais de cinco minutos entre um equipamento e outro. Abel Neto já apresentava os melhores lances quando Marco de Vargas ainda narrava o final da primeira etapa.

No segundo tempo, o problema foi corrigido e laptop e celular caminharam quase sem delay. Outro ponto que chamou a atenção foi a nitidez e resolução das imagens. Enquanto as do celular, com uma tela de 5,7 polegadas, eram quase perfeitas, as do notebook apresentavam sombras e baixa resolução. E não se tratava de problema do equipamento, pois, como dito anteriormente, foi no mesmo notebook que o jogo do Flamengo no GloboPlay foi exibido um dia antes. Eis um problema que a equipe técnica do Facebook precisa afinar.

Gafe e lamento

A transmissão de Flamengo x Peñarol seguiu o já conhecido padrão Globo. O time foi formado por Luís Roberto na narração, Júnior e Roger nos comentários além de Eric Faria na reportagem. E foi do ex-craque Rubro-Negro e da Seleção Brasileira a escorregada mais visível da jornada. No seu comentário no Show do Intervalo, Júnior ressaltou a falta de atitude do time e disse que faltou ao Flamengo "incendiar" o jogo como havia feito na vitória por 3 x 1 contra a LDU. Não parece ser um termo adequado para esses tempos de tragédia do Ninho do Urubu.

Outro fato que não passou despercebido foi uma reclamação incomum do quase sempre cordato e boa gente Luís Roberto contra a Conmebol. Ele cobrou um replay de um lance que não foi exibido pela Mediapro, empresa responsável pela geração da imagem da partida. No restante, sobrou muito lamento pela derrota do Flamengo, que perdeu a liderança do grupo D justamente para o Peñarol.

Trava ou destrava?

O melhor de se acompanhar um jogo pela plataforma Facebook Watch são os comentários dos torcedores. Há até o risco de a partida ficar em segundo plano, tal a diversidade de opiniões, piadas, provocações e ataques que se vê naquela janelinha. Porém o assunto que dominou as conversas dos internautas foi a qualidade da transmissão exibida na plataforma. Houve muita gente irritada com os travamentos e outros tantos satisfeitos com o que viam nas suas telinhas ou telonas.

Incomodada com a enxurrada de críticas feitas por torcedores em jogos anteriores, a Conmebol cobrou melhorias no streaming do Facebook. Chegou mesmo a pensar em acabar com a exclusividade da rede social na exibição dos jogos das quintas-feiras. Porém voltou atrás. Há várias razões para os travamentos, quedas de sinal e desconexões. Mas as principais são o excesso de demanda – como já foi dito, o pico ontem foi de 469 mil views – e a duvidosa qualidade da banda larga brasileira. Mas não deixa de ser divertido acompanhar as reações da audiência a cada falha ou queda de sinal.

Um dos espectadores postou que a transmissão estava caindo mais que o Vasco, fazendo alusão aos três recentes rebaixamentos do clube carioca. Outro reclamou que havia um "delay" (atraso) de 30/40 segundos entre o que via no Facebook e ouvia no rádio. Um revoltado chamou a transmissão de várzea. Lixo também foi um "adjetivo" bastante utilizado. Outro garantiu que sua internet voava, mas que só via fotos do jogo. Sobrou até para Renato Gaúcho. Um piadista disse que a culpa da interferência era da estátua que o técnico havia ganhado de presente da direção do Grêmio.

Mas tinha também a turma que elogiava o trabalho feito pela plataforma. Um dos mais empolgados garantia que a transmissão estava melhor que a da Champions League, da qual o Facebook também detém os direitos. Gozações com a turma do trava-trava não faltaram, como a de quem disse que estava tudo lindo e o problema era o pessoal que ainda estava na era da internet discada.

As operadoras não foram poupadas. Um dos internautas sugeriu que a responsabilidade era delas, pois se "contratava 40 megas no pacote de internet e só entregavam um". Enquanto tudo isso rolava na caixa de comentários, Marco de Vargas na narração, Leandro Quesada nos comentários e Ricardo Lay retratavam a derrota que deixou o Grêmio à beira do abismo na Libertadores. Mas isso, para muitos, foi quase que um mero detalhe.

 

Chico Silva é jornalista com passagens por veículos como Lance!, IG, IstoÉ e Brasil Econômico. Trabalhou na comunicação do Ministério do Esporte nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 e nos Jogos Rio 2016. Cobriu a Copa de 2014 pelo jornal O Dia do Rio de Janeiro

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