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Milton Neves diz que merchan é saída do jornalismo e vê hipocrisia da Globo

UOL Esporte

22/04/2018 04h00

Milton Neves vai estrear um novo programa no próximo domingo na Band. A atração noturna vai reunir esporte, música, humor e, claro, muitas ações de merchandising. O apresentador já virou um símbolo desse tipo de publicidade no Brasil e considera que é a saída para o jornalismo em tempos de crise.

Milton defende as ações, relembra o dia em que bateu um recorde com 37 anúncios na TV Record e vê hipocrisia na política da TV Globo de restringir o famoso 'merchan' para jornalistas.

"Tem que ter merchan. O merchan é a coisa mais barata para o anunciante e ótimo para o veículo. Porque o anunciante não vai ficar perdido lá no break. Todo mundo faz o meu estilo, Renata Fan, o Neto, o Rodrigo Faro, todo mundo. O Faustão mesmo. O Faustão teve uma época que tinha aquela conversa também que jornalista não tinha que fazer propaganda. Hoje é no mundo inteiro, tá todo mundo fazendo. Olha o Tiago Leifert. Pedro Bial faz Fiat, Bradesco. É a saída. Não tem jeito, não tem retorno. O merchandising é a coisa mais barata e produtiva para o veículo e, principalmente, para o anunciante", disse.

Milton considera que o modelo tradicional de publicidade adotado pela televisão não é mais tão rentável. Os anunciantes não querem mais fazer grandes investimentos em peças que serão rodadas nos intervalos da programação, justamente no momento em que o telespectador não dá muita atenção e muda o canal.

"Você faz um filme de 300 mil dólares, 500 mil dólares para botar num break de cinco, seis minutos? Fechado ali? O cara dá uma zapeada, todos os canais. Então o merchandising não, o merchandising entra com bola rolando durante o programa. 'Peraí, dá um momento aí, Robinho. Fica quieto aí, Tite. Eu vou dar um recado aqui'", brinca.

Milton Neves também faz críticas à TV Globo por proibir a publicidade para profissionais que fazem parte do núcleo de Jornalismo da emissora e liberar para os que atuam na área de Entretenimento. Para Milton, todos eles seguem como jornalistas.

"Aí a Globo foi hipócrita. 'Ahh… o Pedro Bial, a Fátima Bernardes, a Patrícia Poeta, o Tiago Leifert não são mais jornalistas, são do entretenimento'. Isso é de uma hipocrisia. O Pedro Bial é um dos maiores jornalistas desse país, as matérias que esse cara fez quando o Iéltsin (Boris, ex-presidente da Rússia) assumiu na antiga União Soviética, as matérias que ele fez na vida. A Fátima Bernardes, apresentadora do Jornal Nacional. Todos estão aí no entretenimento. Mas amanhã, nessas viradas que o rádio e a televisão sempre dão, o Pedro Bial vai voltar. Você quer mais jornalista que o Jô Soares? Fazia merchandising também. O Tiago Leifert está fazendo Claro (propaganda da empresa de telefonia): 'Agora está no entretenimento'. Mas agora vai fazer Central da Copa na Globo".

Milton ainda relembra a sua história na área da propaganda e o momento em que resolveu negociar com os clientes para a TV. Foi ali que ele começou a ganhar muito dinheiro. Fã assumido do polêmico "merchan", ele torce para vender bastante no programa novo. "Se Deus quiser, lógico que vai ter".

"Eu descobri a publicidade grande na Band em 1999. Eu vendia publicidade de rádio e ganhava R$ 5 mil, R$ 7 mil, R$ 8 mil de comissão. Agora televisão, vendia para a Boschi por R$ 400 mil, ganhava R$ 80 mil. Descobri a pólvora, o negócio é a televisão, entendeu? Lá na Record então, bati tudo quanto é recorde que você possa imaginar em matéria de lançamentos e cachês de publicidade. Nós batemos um recorde em 2006 na Copa do Mundo, nós fizemos 37 em um domingo", se orgulha.

Do UOL Esporte
Por Luiza Oliveira

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