Luxa diz não conseguir montar um grande time no Brasil: "não tem jogador"

Reprodução/ESPN

Entrevistado do programa Bola da Vez, da ESPN, Vanderlei Luxemburgo disparou críticas ao futebol brasileiro nesta terça-feira (20). Responsável por montar grandes times nos anos 1990, como o Palmeiras de 1993 e 1996, e o Corinthians de 1998, o treinador afirmou que não é mais capaz de montar uma equipe forte no futebol brasileiro.

"Ninguém consegue montar (um grande time) porque não tem jogador. Você não tem mais jogador no futebol de hoje. Se você não tem a matéria-prima como você vai montar? Você tinha no Bragantino, eu tinha (jogadores) para disputar um Paulista, um Brasileiro, e onde estão esses jogadores?", questionou o técnico, em entrevista a João Carlos Albuquerque, Antero Greco e André Plihal.

Acusado de ser ultrapassado, Luxemburgo afirmou que o espaço de ex-jogadores como técnicos estão sendo tomados por analistas e profissionais de educação física. "O professor não tem que ser excluído do futebol , mas ele não pode formar. Falta o ex-jogador. Fomos tirando o ex-jogador. E agora está piorando. Os analistas de desempenho estão virando técnicos. Que experiência eles têm? Ele tem que abastecer com informação para o treinador trabalhar. Eu fui um dos caras pioneiros em trazer isso, mas começa a complicar quando saem da caixa."

Para o treinador, que atualmente está desempregado, é essencial que o futebol brasileiro volte a investimento na invidualidade dos jogadores do brasileiros. "O futebol hoje são robôs. Hoje as análises são só táticas, é como se fosse um jogo de xadrez. E isso não é a essência do Brasil. Não é isso que queremos aqui."

Vanderlei também aproveitou para dizer que atualmente os técnicos possuem pouca influência na montagem dos times. "Nós éramos os responsáveis pela equipe. Determinávamos as coisas, e hoje somos a terceira ou quarta pessoas. É jogador, empresário, diretor executivo. E qual foi o diretor executivo que foi demitido por causa das contratações que não deram certo?"

Luxemburgo afirmou que atualmente é difícil de gerir um grupo pelo alto nível de assessoria dos jogadores. "Nós tínhamos a obrigação de ser a segunda família. A gente ensinava a vida para esses caras, impedíamos de comprar carros caros. Os empresários não têm uma preocupação de cuidar da vida dos jogadores como a gente tinha. Eles tiram dos times e ganham dinheiro."

Em sua carreira, Luxemburgo já teve a oportunidade de trabalhar com astros brasileiros e até internacionais, durante sua passagem pelo Real Madrid. Apesar de ter treinado até Zinedine Zidane e Ronaldo, Luxemburgo colocou Romário como o melhor jogador com quem já teve a oportunidade de trabalhar.

"Romario foi gênio, acho que o Romario está um pouco acima desses caras. Ele decidia os jogos. Ele ficava sempre de lado, eu nunca via ele receber a bola de costas para zagueiro. O Romario nunca foi centroavante, assim como o Ronaldo", afirmou.