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Um ano sem maquiagem e internet: Domitila relata viagem e quer voltar à TV

UOL Esporte

08/01/2018 04h00

Uma calça jeans, zero maquiagem e nada de internet no celular. A experiência que seria um pesadelo para alguns foi a realização do sonho de Domitila Becker em 2017, após deixar o SporTV para se aventurar em uma volta ao planeta durante um ano. A expressão favorita? "Sem DOMIcílio". Mas não se engane: conhecer o mundo em sua imensidão a ajudou a entender onde seu próprio mundo precisa estar. Isso inclui o trabalho que tanto ama na TV.

"Tenho saudade do trabalho, mas é porque gosto muito do meu trabalho, da minha equipe. Eu só acrescentei, tenho certeza de que sou uma profissional melhor agora. Eu quero voltar, mas não sei como vão ficar as coisas. A crise está braba, vamos ver, mas primeiro quero ver minha família. Estou morrendo de saudade", disse a apresentadora, que volta ao Brasil na próxima semana. A primeira parada é em São Paulo; dias depois, ela já retorna ao Rio de Janeiro.

(foto: reprodução/Instagram)

O roteiro teve 31 países, segundo as contas da apresentadora de 32 anos, que se afastou do canal e do programa É Gol em janeiro do ano passado. O último destino visitado foi a cidade de East London, na África do Sul, de onde ela conversou com o UOL Esporte enquanto dava atenção às crianças locais.

"A gente foi acampando, foi o máximo. Cheguei a dez centímetros de um rinoceronte selvagem no meio da floresta, não em um zoológico. Dormi em cima de uma montanha com o céu mais lindo do mundo", contou.

Aprendeu a levar tudo com calma graças a uma conversa com um monge de 15 anos de idade. Por isso, não houve qualquer arrependimento em relação à aventura, apesar de admitir que "é mais difícil crescer no jornalismo esportivo como mulher do que subir a muralha da China".

Só um adolescente? Domitila aprendeu muito com um monge de 15 anos de idade (foto: reprodução/Instagram)

Só não tente ler em voz alta a lista de países, haja fôlego: EUA (Domitila começou pelo Havaí), Japão, Tailândia, Laos, Vietnam, Camboja, Indonésia, Singapura, Índia, Nepal, China, Mongólia, Rússia, Polônia, Áustria, Hungria, Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Albânia, Turquia, Quênia, Tanzânia, Malaui, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Namíbia e África do Sul.

No contato direto com as crianças do projeto Greensleeves, Domitila chegou a apresentá-las ao mar, ao cinema com pipoca e a uma escada rolante. Isso sem falar no presente que aqueles pequenos mais gostam de ganhar: meias. "Quem gosta de ganhar meia? As crianças daqui [África do Sul] queriam ganhar meias. Depois que postei sobre isso no Instagram, vários amigos meus toparam ajudar, foi muito legal", contou.

Domi torce para que "não falte meia em nenhum pézinho" (foto: reprodução/Instagram)

A jornalista passou um ano de viagem com "quatro blusinhas, uma calça jeans, um brinco, zero maquiagem e nenhum secadorzinho de cabelo". "Eu já sou bem desencanada, então vai ser fácil (não fazer compras ao voltar para o Brasil). Claro, não vou poder abrir mão da maquiagem porque tem a questão do brilho na TV, fica feio se começa a suar e brilhar. Mas o meu plano em 2018 é não comprar uma única peça de roupa, porque vou ter o guarda-roupa inteiro de volta", afirmou.

"Quando eu tinha wi-fi, mandava mensagem para minha família avisando que ia sumir por tantos dias. Dizia para eles só se preocuparem se eu não mandasse mensagem depois desse período. Eu escalei um vulcão na Indonésia, sumi por sei lá quanto tempo e eles entenderam. É impressionante o tempo que eu perdia na internet. Foi uma experiência do 'sim'. Vamos mergulhar? Sim. É muito bom não ser refém dos likes e do corpo", complementou.

Escorpião, carne de cavalo e desespero silencioso na Índia

A volta ao mundo transformou Domitila em vegetariana – não que ela tenha deixado de comer carne durante a viagem, pelo contrário: perto do escorpião que provou na China (veja o vídeo acima), até carne de cavalo enlatada virou banquete.

"Comi sem querer, socorro! Eu não sabia que era carne de cavalo, estava fazendo um piquenique com uns amigos que fiz na Mongólia. Eles prepararam e eu só estava comendo. Quando percebi, fiquei chocada. Era cavalo enlatado, ainda por cima!", disse, aos risos.

Carne de cavalo, a iguaria que Domitila provou na Mongólia (foto: reprodução/Instagram)

Qualquer pessoa acostumada com a culinária brasileira precisa tomar algum cuidado quando viaja à Índia, cuja gastronomia não pega leve nos temperos e diferentes tipos de pimenta. Domitila estava preocupada, mas foi salva por um retiro espiritual que a forçou a passar uma semana sem falar nadinha: "Logo eu, que falo tanto!", brincou.

"Peguei o ônibus na Índia para ir para o Nepal e foi a maior dor de barriga da minha vida. Só que foi depois do retiro, então eu estava com um controle absurdo. Se fosse antes dessa experiência, eu teria reagido muito mal, mas estava bem tranquila: 'tô passando mal? Ah, tá bom'! Antes, eu teria sentado na rua e chorado", divertiu-se.

Uma rede de fast-food foi sua maior preocupação, mas por um motivo diferente. "Alguém levou um dos meninos para o KFC e comprou aquelas tirinhas de frango frito. Tinha 20 crianças e ele chegou com uma caixinha de frango frito. A minha primeira reação foi achar que ia dar briga. Quando olhei de novo, cada criança tinha um pedacinho de frango na boca. Aqui não tem essa de isso 'é meu', eles dividem tudo, é muito legal", disse Domi.

O melhor e o pior do roteiro

"Subir a muralha foi de boa!", disse a jornalista (foto: reprodução/Instagram)

O destino mais difícil dentre os 31 países visitados? Por incrível que pareça, o destaque negativo de Domitila é a Rússia; segundo ela, o povo que vive na sede da próxima Copa do Mundo não está preparado para receber turistas de todas as partes do globo. Essa, porém, pode ser sua estratégia na volta ao jornalismo.

"Não tem quase nenhuma placa no nosso alfabeto, só no alfabeto cirílico. Mas eu peguei um trem da China até a Rússia [a rota Transiberiana], então agora já sei ler. Vou jogar essa para o meu chefe me contratar e me levar para 2018!", brincou.

"As pessoas mais legais de todas foram da Albânia. São muito legais! No geral, os países vizinhos têm uma imagem muito ruim da Albânia, uma rixinha, então eu fui não muito empolgada. Mas eles são incríveis! Várias mulheres sabem falar português por causa das novelas, amam Caminho das Índias. Eu não assisto novela, foi difícil ter assunto!", gargalhou.

Quando a veremos na TV de novo?

(foto: reprodução/Instagram)

"Depende de tantos fatores… O Brasil não está fácil, a economia não está ajudando. Mas é legal esse sentimento de saber qual é o seu lugar no mundo. Vou te passar um texto incrível que resume o que eu queria dizer sobre isso tudo", respondeu Domitila.

O texto escolhido a dedo pela apresentadora é do navegador e palestrante Amyr Klink:

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver."

Ana Carolina Silva
Do UOL, em São Paulo

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