Ator Mateus Carrieri virou comentarista, mas evita Arena Corinthians

Difícil imaginar o que Mateus Carrieri tem a ver com esporte. O ator não esconde sua torcida pelo Palmeiras e é professor de spinning em São Paulo, mas a paixão pelo futebol o levou a buscar mais profissionalização na área para trabalhar no meio. Dois cursos – um de radialista e outro de técnico de futebol – e um ano depois, ele pode ser visto nas cabines de imprensa dos estádios paulistas comentando o esporte pelo qual é apaixonado, menos na Arena Corinthians.

Mateus Carrieri divide a rotina de ator (está no teatro com a peça Lili Carabina ao lado de Viviane Araújo) e professor com os comentários esportivos que faz pela Rede Contínua de São Paulo, uma webrádio que transmite jogos dos clubes da capital. Começou a participar das transmissões após fazer curso de radialista e ressalta: buscou se especializar para não ser apenas visto como "o ator palmeirense".

"Como ator, sempre fui convidado a participar de programas de esporte, porque as pessoas sabiam que eu era palmeirense. Fui no Neto, programas da Band. Resolvi fazer um curso de treinador, não pra ser técnico, mas com a ideia de participar mais efetivamente de programas de esportes. Pra não ser apenas o ator palmeirense convidado. Eu queria uma vaga.  Fui fazer curso de radialista pra tirar o DRT, eu queria entrar pela porta da frente. Nas aulas de locução esportiva, um professor acabou falando que eu entendia, falei da especialização de técnico e ele me convidou", relembrou Mateus, que está na Rede Contínua desde 2016.

Mateus Carrieri em ação pela Rede Conínua

Quando consegue encaixar os jogos com sua rotina corrida, Mateus é presença certa no Allianz Parque, no Pacaembu e no Morumbi. Ainda não encarou a torcida corintiana na Arena, por receio de ser reconhecido.

"A torcida me reconhece e por isso uma das coisas que eu não fiz e fiquei com receio foi jogo no Itaquerão. Todo mundo sabe que sou palmeirense fiquei com receio de ir. Quando eu fui no Morumbi, eu passei no meio da Independente e botei o boné, abaixei a cabeça e fui. Mas não aconteceu nada. Tem essa preocupação. O futebol tem a paixão, as pessoas sabem que sou palmeirense e não dá pra ficar vacilando no meio da torcida do São Paulo", relatou.

Mateus Carrieri sofreu resistência no início dos colegas jornalistas que não sabiam que o ator estava trabalhando na Rede Contínua. Ele aparecia na área de imprensa e os profissionais ficavam se perguntando: o que ele faz aqui?

"No começo teve estranhamento. Depois viram que eu estava sempre, que não ia como torcedor, mas pra ir trabalhar…depois do jogo, passando escalação. Quando viram que era um trabalho, virei da turminha. Eu acabei entrando no esquema. No começo olhavam meio: nossa, será que é matéria especial. Depois viram que eu estava indo sempre, acostumaram", contou.

Mais experiente, Mateus tenta separar o máximo o lado palmeirense do lado profissional. "Nos jogos na Libertadores eu não sentia a obrigação de ser tanto imparcial, porque é o Palmeiras contra um time de fora. Eu via mais o lado do Palmeiras, mas os outros jogos eu critico. Eu sei muito mais do Palmeiras, mas quando é assim eu tenho que fazer uma pesquisa. Nunca falaram que eu tenho que segurar onda e tal. Eu conseguia separar", disse.

Trabalhar em um lugar maior é o objetivo. "Eu acho que é um caminho. Se tiver oportunidade eu vou tentar no rádio e na TV. Me sinto preparado, porque estudei, não só porque sou ator e entendo de futebol como vários brasileiros acham que entendem".

Karla Torralba
Do UOL, em São Paulo

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