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Âncora da CNN lembra medo por Rio-16 e fato inusitado com ex-piloto japonês

UOL Esporte

10/11/2017 04h00

Divulgação/CNN

Quando a jornalista inglesa Amanda Davies desembarcou pela primeira vez no Brasil, em 2014, o país vivia um momento de euforia pela Copa do Mundo e grandes expectativas no esporte, na parte social e até econômica. Quem chegava de fora via um país em ritmo de crescimento. Dois anos depois, já para a Olimpíada de 2016, uma das principais jornalistas esportivas da emissora americana CNN, admitiu e relembrou seu medo ao chegar ao Brasil para a Rio-16.

"Eu seria desonesta se eu dissesse que antes dos Jogos Olímpicos no ano passado eu não tinha medo. Eu fiquei aqui na Copa do Mundo e passei por grandes experiências, eu adorei todos os lugares. Eu fiquei mais no Rio, eu ia à praia, jantar com a equipe… Então, nesse período entre a Copa e a Olimpíada, houve histórias sobre o aumento dos problemas econômicos e da situação social, e eu tive medos", relembrou Amanda, de 37 anos.

No final, a jornalista viu o evento no país como se fosse em qualquer outro: funcionou. "Foi clara a percepção da grande quantidade de militares nas ruas. Mas a realidade era muito mais segura do que a percepção. Tiveram incidentes, pequenos crimes, mas eu não acho que seria diferente em outro lugar do mundo", ressaltou.

Hoje, Amanda Davies cobre os mais diversos eventos esportivos, principalmente Fórmula 1, e está no Brasil novamente para o Grande Prêmio do Brasil, no domingo (12). A jornalista relembrou seu início no automobilismo, quando foi "salva" pelo ex-piloto Mark Webber, a difícil cobertura do escândalo Fifa, do caso Oscar Pistorius e ainda situações engraçadas e inusitadas que viveu nos bastidores do esporte.

Divulgação/CNN

A teta de vaca desenhada por um piloto japonês e cornetada por Lewis Hamilton

Buscando sempre fazer reportagens diferentes, Amanda teve uma tarefa inusitada em uma de suas coberturas da F-1 e o episódio entrou pra a galeria de "fatos engraçados" da carreira da experiente jornalista.

"Eu tinha que pedir para os pilotos desenharem uma pista de corrida em qualquer lugar do mundo, o design da escolha deles. Eu dava o notepad e uma caneta e eles desenhavam pra mim o próprio circuito. E Kamui Kobayashi basicamente desenhou uma coisa que era como uma 'teta de vaca' e disse que era o anel em torno de Tóquio. Mostrei a outros pilotos e Hamilton olhou e falou: isso é uma merda", recordou a jornalista rindo.

A tragédia de Pistorius

"Nunca vou esquecer de quando trabalhei nisso (no caso do Pistorius) da mesa de reportagem. 5h ou 5h30 da manhã, o que não acontece com frequência, eu recebi uma ligação e era meu editor. Ele disse que eu precisava ir para a redação: 'Oscar Pistorius atirou na sua namorada'. E então todas as coisas passam pela cabeça. Eu tinha entrevistado ele não muito tempo antes e seguimos a carreira dele por muito tempo: tornando-se o primeiro atleta paraolímpico e a competir nos Jogos Olímpicos. Eu sabia muito da carreira dele e isso foi uma das histórias que nunca se quer cobrir. Quanto mais se sabe, mais terrível fica".

O lado bom: o encontro com o ídolo Roger Federer

Amanda Davies também é fã. E um de seus ídolos é Roger Federer, com quem se encontrou pela primeira vez em março de 2017. "Eu cobri muito tênis, mas eu só entrevistei Federer pela primeira vez em março deste ano e eu fiquei muito feliz. Tive um momento de fã e é o que todo mundo diz: você não pode encontrar seu herói. Mas ele é uma pessoa que realmente foi um prazer e um privilégio conversar".

Amanda e Roger Federer (Reprodução/Instagram)

"Sempre trabalhei duas vezes mais. É preciso ser durona nesse meio"

Filha do conhecido jornalista inglês David Davies, Amanda cresceu entre profissionais da imprensa e jogadores. Acompanhava o pai nas transmissões esportivas nos estádios ingleses e crê que isso a ajudou, mas relembra a dificuldade em se provar competente sendo mulher e filha de um famoso no meio.

"No futebol, quando comecei, era muito raro ter mulher. Eu não sei se sou sortuda, porque eu cresci sendo vista em torno do futebol, sendo vista com jornalistas, eu não sei se isso me ajudou e as pessoas então tiveram uma percepção diferente de mim, mas eu provavelmente trabalhei duas vezes mais tentando me mostrar. A última coisa que eu queria era que as pessoas dissessem que eu só estava fazendo aquilo por ser a filha de David Davies. Então eu sempre trabalhei muito mais duro. Eu sinto que provei pra maioria das pessoas que eu mereço estar onde estou. Eu não digo que é fácil, você tem que ser durona nisso".

Salva por Mark Webber

Amanda nasceu dentro do futebol, o esporte que mais ama, mas nunca foi uma especialista em Fórmula 1 até o lado profissional falar mais alto. Foi chamada para ser um dos nomes da cobertura rede britânica BBC e depois da CNN, mas sua primeira presença in loco foi como uma iniciante e ela admite: ficou apavorada. Quem a salvou? Dois antigos nomes da modalidade, o ex-piloto Mark Webber e o ex-chefe de equipe Eddie Jordan.

"Meu primeiro GP foi em Mônaco, provavelmente um dos circuitos mais icônicos do calendário, foi minha primeira cobertura ao vivo fora do estúdio e havia 4 câmeras, eu tinha dois convidados:  Eddie Jordan e Mark Webber. E eles terão lugares especiais em meu coração para sempre, porque eles puderam ver como eu estava petrificada e eles poderiam ter me jogado no buraco, porque eu estava aprendendo. Eu sabia que nesse momento eu poderia estar exposta, mas eles me guiaram e sobrevivemos", contou.

A distância da filha

Fórmula 1, Copa do Mundo, Olimpíada e outros eventos esportivos fazem Amanda Davies viver viajando e nem sempre consegue estar ao lado da filha Molly, de oito anos. A menina, no entanto, diverte-se descobrindo o mundo por meio dos lugares visitados pela mãe.

"Não é fácil…É a primeira vez que faço isso estando oficialmente divorciada e por isso não é fácil falar. Eu tive as oportunidades para atingir tudo, no entanto, no trabalho que estou, que é maravilhoso, eu não posso levar minha filha comigo. Tristemente eu tenho que fazer um malabarismo e perder apresentações da escola, reuniões, ainda bem que a tecnologia é maravilhosa".

"Eu passo muito tempo sem ela. Temos um mapa enorme no quarto dela e então ela pode saber onde a mamãe está e ela era a única criança em sua sala de aula que sabia onde o Turcomenistão fica e fiquei muito orgulhosa com isso".

Karla Torralba
Do UOL, em São Paulo 

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