Topo

Galvão diz que hexa não resolve problemas. "Apenas uma conquista esportiva"

UOL Esporte

08/11/2017 04h00

Há quem acredite que a sensação de felicidade por conquistas futebolísticas reflitam na percepção que os cidadãos/torcedores têm de outros aspectos da vida e do país. Mas o tempo em que a seleção brasileira de futebol servia de cortina de fumaça para os problemas políticos do Brasil chegou ao fim. Pelo menos é isso que acredita o narrador que pode narrar a próxima grande conquista do futebol brasileiro: o hexa.

"A gente precisa entender que o hexa seria apenas uma conquista esportiva. Não resolve problema nenhum do país. Não resolve problema de ética, de conduta, não resolve nada disso. Já se misturou muito isso lá atrás", avalia Galvão, que vai para sua oitava Copa do Mundo como narrador principal da Rede Globo e a 12ª no total – em 1982 e 1986, ele também narrou jogos, mas não os do Brasil.

Ou seja: o veterano de 67 anos conhece como poucos as emoções relacionadas à seleção brasileira. Por isso, ele se sente à vontade de projetar uma possível conquista do sexto título mundial. "Futebol é a grande paixão do país e a seleção é a grande paixão do futebol. Então deverá ser uma felicidade gigantesca, como foi o tri, o tetra, o penta, mas é só uma conquista esportiva, nada além da conquista esportiva", ressalta.

Foi pela voz dele que o Brasil viveu as emoções dos dois títulos mais recentes: em 1994, nos Estados Unidos, e em 2002, na Copa organizada de forma conjunta por Japão e Coreia do Sul. Para Galvão, aquelas foram duas de suas narrações mais marcantes.

"A campanha do tetra foi fantástica. Eram 24 anos sem essa conquista. Estar ali do lado do Pelé, estar ali com o Arnaldo (Cesar Coelho), meu parceiraço… Assim como estar com Falcão, Casagrande e Arnaldo na conquista do penta. Essas pessoas que são fundamentais no esporte brasileiro. Mas claro que você tem a morte do (Ayrton) Senna, que também ficou marcada para o resto da minha vida", lembra.

Também em entrevista ao UOL Esporte, publicada na semana passada, o narrador comentou que não pensa em parar. "Eu trabalho com uma coisa chamada paixão. Eu tenho paixão pelo meu trabalho. Eu digo sempre, parece um chavão bobo, mas eu sou um vendedor de emoções. Então, eu para vender belo meu produto, ele precisa me emocionar para eu passar esta emoção para os outros. Eu sou um apaixonado por aquilo que faço. Não penso em parar. Acho que não para nunca e, como dizia o Chacrinha, eu quero morrer no palco", disse.

Demétrio Vecchioli e Felipe Pereira
Do UOL, em São Paulo

Sobre o Blog

A TV exibe e debate o esporte. Aqui, o UOL Esporte discute a TV: programas esportivos, transmissões, mesas-redondas, narradores, apresentadores e comentaristas são o assunto.