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Massa aponta problemas, e Galvão critica gestão do automobilismo brasileiro

UOL Esporte

07/11/2017 08h05

Reprodução/SporTV

Convidado do programa Bem, Amigos! desta segunda (6), Felipe Massa, que recentemente anunciou que deixará definitivamente da Fórmula 1, foi perguntado ali sobre as chances do país voltar a ter um piloto brasileiro na categoria e demonstrou pessimismo, elencando os muitos problemas, frutos de má gestão da modalidade, desde a base no Brasil. A fala motivou desabafo do narrador Galvão Bueno na atração.

"Quando fui para a Europa correr, em cada categoria lá fora tinha um piloto brasileiro vencendo corrida, disputando campeonato e por tantos problemas que tiveram, de lá até hoje, incluindo as categorias de base no Brasil, que hoje em dia não têm, para você ensinar os pilotos que saem do kart, vão para uma categoria de base aprender, a ter experiência em um carro, criar quilometragem, para chegar na Europa pronto, para disputar num meio forte, que é o meio europeu. Único jeito para ter a chance de chegar na Fórmula 1, tem que ser competitivo na Europa", iniciou Massa a explicação para seu ceticismo quanto à presente brasileira na F1.

E continuou: "Sem categoria no Brasil, a federação não dando a força para ajudar os jovens, kartistas, pilotos que querem ter a chance de chegar lá na Fórmula 1, então muitas coisas aconteceram aonde hoje em dia é muito difícil ver piloto brasileiro em outra categoria. Existem, poucos e que também não estão disputando campeonato, não estão vencendo corridas."

"Então a chance de um piloto brasileiro num curto período chegar na Fórmula 1 é muito pequena, por tantos problemas que tiveram daquela época que eu estava indo para a Europa correr de fórmula, até agora", finalizou Massa.

Após a fala do piloto, foi a vez de Galvão se posicionar. O narrador fez coro às queixas de Massa e, inconformado com a difícil realidade, detonou a falta de ajuda a quem inicia no automobilismo no país.

"Não existe nenhum projeto por parte de federação nenhuma, por parte da confederação. É aquela velha história do esporte no Brasil: tira, tira, tira e entregar que é bom, a gente não vê. Então, tem projeto na Alemanha, na França, tem projetos para levar pilotos para isso. No Brasil não existe. O automobilismo brasileiro vive de promotores independentes, vive de pilotos, de donos de equipes, de patrocinadores. Nada. Chega o Grande do Brasil de Fórmula 1 neste fim de semana e aparece um monte de presidentes, mas não fazem nada. Quem está falando sou eu e faço questão de falar. Nada é feito para que se ajude para a formação de pilotos. A resposta está aí agora", disse.

E prosseguiu com o desabafo: "O Reginaldo [Leme, jornalista especializado em automobilismo, comentarista da Globo] lá atrás foi para a Europa acompanhar o Emerson Fittipaldi, o José Carlos Pace no começo de toda a história. Eu me lembro que o Felipe foi campeão – ele fala de categoria de base – da Fórmula Chevrolet em 1999. Tive a felicidade de vê-lo campeão brasileiro em 1999, depois de ver o meu filho, Popó Bueno, campeão brasileiro no ano seguinte, em 2000. Felipe foi para a Fórmula Renault e foi campeão, o Popó foi para o lugar dele e a coisa ia acontecendo."

Enfatizou, ainda, Galvão: "Nunca ninguém teve auxílio e apoio nenhum de nada. E não é o presidente [atual] nem o anterior. É o anterior, anterior, anterior, anterior, anterior…até o início dos tempos. O Felipe tentou fazer a parte dele, criou uma Fórmula Fiat, onde ele comprou os carros, gastou um monte de dinheiro, trouxe os carros para cá, fazia o mais baratinho possível, o campeão tinha garantido…"

"[Um lugar] em campeonato da Europa, mais forte do que do Brasil", completou Massa.

"E alguma autoridade esportiva te ajudou algum dia? Fizeram alguma coisa? Alguém te procurou?"questionou-o Galvão, recebendo resposta negativa de Felipe. "É por isso que nós não temos piloto. Lamentavelmente, é por isso que temos esse problema 48 anos depois", reclamou o narrador global.

"Tem o [Sérgio] Sette Câmara tentando ali, tem o Pietro Fittipaldi, tem o Pedro Piquet, mas por quê? Porque o Nelson está lá, fazendo o trabalho com o filho dele, o pai do Sette Câmara se esforça até o último fio de cabelo, assim como o seu pai [Felipe Massa] fez por você, como todo mundo fez. Não tem ninguém que faça nada, é lamentável", encerrou, irritado, Galvão.

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