Ruschel vê volta ao futebol como sonho realizado "pela 2ª vez" e se emociona ao falar de Danilo
Quando as notícias do acidente aéreo começaram a surgir na madrugada do dia 29 de novembro de 2016, o Brasil se uniu para torcer pela Chapecoense como nunca antes. Oito meses depois, em participação no programa Bem, Amigos, do Sportv, o lateral sobrevivente Alan Ruschel falou sobre a preparação para voltar aos gramados contra um adversário complicado… O Barcelona.
"Joguinho mais ou menos, né? Joguinho básico. É um sonho que eu estou realizando pela segunda vez. Eu me tornei um atleta profissional há 10 anos, foi um sonho que realizei, e agora voltar a jogar é um sonho que eu estou realizando de novo", declarou um dos três sobreviventes do elenco campeão da Copa Sul-Americana do ano passado.
Entre tripulantes e passageiros, que se dividiam entre jornalistas, dirigentes, profissionais de comissão técnica e jogadores da Chapecoense, 71 pessoas morreram no voo 2933, da companhia boliviana LaMia. "A gente sabe que foi difícil tudo o que aconteceu, e voltar a competir está sendo um sonho realizado. Se deixar, a gente faz um golzinho lá", sonhou Alan.
"A gente vai ter que estudar muito eles para conseguir segurar um pouco os homens", divertiu-se o jogador. A partida ocorrerá no dia 7 de agosto e será válida pelo Troféu Joan Gamper, tradicional torneio amistoso que leva o nome do primeiro presidente do Barcelona.
Emoção ao falar de Danilo
Os olhos de Alan Ruschel só ameaçaram ceder às lágrimas quando ele lembrou que o goleiro Danilo, herói da campanha da Chape na Sul-Americana e falecido no acidente, completaria 32 anos nesta segunda-feira, 31 de julho.
"A gente fica muito triste. Hoje é um dia especial, porque eu tinha um amigo que hoje estaria completando 32 anos, que é o Danilo. Então queria deixar um beijo pra família dele", emocionou-se, com a voz trêmula. "Quando me contaram [sobre o acidente], eu fiquei sem reação. Eles me contam hoje que eu passei quase o dia inteiro olhando pra cima, sem falar com ninguém, em estado de choque. Às vezes, eu me pego pensando que é mentira", revelou.
O atleta diz que a experiência quase fatal mudou a maneira como encara as dificuldades da vida. "A vida te ensina muita coisa, e eu tive a oportunidade de poder vivê-la de novo, pela segunda vez. Cheguei muito perto da morte, e hoje agradeço a Deus por cada dificuldade que Ele me faz passar, porque eu estou aqui pra passar por ela. Agradeço a cada dia que eu acordo por estar aqui, por estar vivo. Sou muito grato a Deus pela segunda chance que Ele me deu", completou Ruschel.
Mancini e Dorival exaltam lateral
Poucos profissionais acompanharam tão de perto a trajetória de Alan Ruschel quanto Vagner Mancini. Hoje treinador do Vitória, ele foi técnico da Chapecoense desde o falecimento de Caio Júnior até julho de 2017, quando foi demitido.
"Tenho acompanhado desde o início a volta dele, reaprendendo alguns movimentos. Teve que reaprender a cair, por exemplo. Ele teve que mostrar uma superação muito grande, não só no esporte, mas na vida. Estou muito emocionado com isso, porque de degrau em degrau ele terá a chance de voltar", disse Mancini, convidado do programa desta segunda-feira, assim como Dorival Júnior. O atual técnico do São Paulo concordou com o colega.
"Eu estava me lembrando de como fui jogar lá [em Chapecó] com o Santos [clube que comandou antes de assinar com o Tricolor], um pouco antes do acidente, e eu fiquei ali conversando com o Cleber Santana sobre o clube, a cidade, a motivação que ele vinha sentindo. E de repente voltou tudo. Fui ali no vestiário, vi os armários… O Mancini viveu isso no dia a dia também. É fantástico ver o Alan de volta, que seja muito feliz daqui pra frente", comentou.
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